Com confirmação de Hong Kong, Fiocruz e USP investigam mais 20 suspeitas de reinfecção de Covid-19

Hong Kong confirmou o primeiro caso de reinfecção por Covid-19 nessa segunda-feira, 24

Cientistas da Universidade de Hong Kong (HKU) confirmaram o primeiro caso de reinfecção por Covid-19 na cidade. A observação abre novas possibilidades sobre o processo de imunização contra o Sars-Cov-2, vírus do novo coronavírus. É dizer, por exemplo, que talvez as vacinas não sejam capazes de fornecer proteção vitalícia contra Covid-19.

No Brasil, 20 suspeitas de reinfecção estão sendo investigadas pela Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No começo de agosto, a USP já tinha apresentado um possível caso de reinfecção em um intervalo de 50 dias após o primeiro resultado positivo de uma técnica de enfermagem.

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A USP analisa ao menos 16 possíveis casos, enquanto a Fiocruz, no Rio de Janeiro, analisa mais quatro. Para confirmar uma reinfecção, é necessário decodificar a genética do vírus e identificar se ele é da mesma linhagem da primeira infecção. Se ele for igual, provavelmente não é uma reinfecção, e sim uma infecção prolongada. Nesses casos, o vírus fica “escondido” e pode até sofrer mutações dentro do corpo humano. Se ele for diferente, então é uma reinfecção.

No caso de Hong Kong, o homem de 33 anos tinha retornado de uma viagem da Espanha, passando por Londres. O novo coronavírus da segunda infecção - assintomática - era de uma cepa (variação) que circula no país europeu, mas não em Hong Kong. Essa descoberta pode mudar a forma que as futuras vacinas contra a Covid-19 funcionam. Talvez, explicam os especialistas no artigo ainda a ser publicado na revista Clinical Infectious Diseases,a vacina tenha que ser aplicada anualmente.

“É improvável que a imunidade de rebanho possa eliminar [a pandemia], embora seja possível que infecções subsequentes possam ser mais leves do que a primeira infecção, como para este paciente. A Covid-19 provavelmente continuará a circular na população humana como no caso de outros coronavírus humanos ”, afirmam os pesquisadores no relatório.

Por outro lado, a líder técnica da resposta à pandemia da Organização Mundial da Saúde, Maria Van Kerkhove, reforça que não é preciso tirar “conclusões precipitadas”. O caso de Hong Kong é o primeiro a ser documentado. É preciso mais estudos para compreender se a reinfecção é, de fato, um fator menos raro para o novo coronavírus.

Segundo Maria, pesquisas longitudinais, nas quais os mesmos participantes são acompanhados por um longo tempo, mostram “forte resposta imunológica que permanece sem quedas até agora”. “Em outros coronavírus, como Mers ou Sars, a imunidade foi prolongada por cerca de doze meses ou até um pouco mais”, disse.

Com informações do jornal South China Morning Post e do jornal Estadão.


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