USP vai investigar sistema imunológico de paciente reinfectada e levar caso à comunidade científica internacional
Objetivo é compreender o que tornou possível a reinfecção em intervalo de 50 dias. Estudo pode ajudar a produzir vacina mais eficiente
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) anunciaram nessa quinta-feira, 6, que vão investigar o sistema imunológico da técnica de enfermagem de Ribeirão Preto (SP) que testou positivo duas vezes para o coronavírus no intervalo de 50 dias.
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Conforme o portal G1, o objetivo é compreender o que tornou possível a reinfecção da paciente, que não tem doenças crônicas. Há esperança de que o estudo do caso dela possa ajudar até mesmo a produzir vacinas eficazes contra o coronavírus.
“Isso poderá auxiliar no desenho de uma vacina que não falhe e induza a imunidade persistente. Entender por que ela se expôs ao vírus e não se imunizou pode ajudar no planejamento de novas vacinas”, aponta o infectologista Fernando Belíssimo.
Gabriela Carla da Silva, de 24 anos, testou positivo para Covid-19 em 13 de maio. Ela se recuperou dos sintomas da doença e voltou ao trabalho. Porém, 38 dias depois, voltou a apresentar sintomas e foi diagnosticada pela segunda vez, em 2 de julho.
O infectologista explica que o organismo de Gabriela não reagiu bem ao novo vírus apesar de ela contar com uma boa saúde. “Investigamos doenças que poderiam comprometer o sistema imune dela e tudo leva a crer que ela tenha uma saúde perfeita, mas, contra esse vírus, o sistema imune dela não reagiu da melhor maneira possível no primeiro contato”, esclarece.
De avental, máscara e face shield, a técnica de enfermagem já voltou ao trabalho na Unidade Básica de Saúde (UBS) Ribeirão Verde, na zona Leste de Ribeirão Preto. Desta vez, ainda mais atenta às medidas de prevenção.
“É assustador, porque pegar a primeira vez traz uma segurança e você acaba negligenciando a higiene e até a observação dos sintomas. Eu pretendo entender o que realmente aconteceu e ajudar na pesquisa a nível mundial", conta Gabriela.
Repercussão internacional
Os próximos exames serão conduzidos em Ribeirão Preto, mas a pesquisa passará a ser acompanhada pela comunidade científica internacional, já que, até o momento, há registro de apenas outro caso semelhante ao de Gabriela, em Boston, nos Estados Unidos.
“É possível que existam outros que não tenham sido relatados e investigados. Não podemos dizer que é o segundo caso do mundo com certeza, mas é o segundo investigado e documentado”, afirma Belíssimo.
Os pesquisadores indicam que, no próprio centro de pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, outros casos suspeitos de reinfecção já haviam sido investigados, mas as hipóteses foram descartadas.
“Não há motivo para pânico, porque muito provavelmente isso é extremamente raro. Se fosse comum, milhares ou milhões de casos teriam sido identificados pelo mundo, e isso não aconteceu”, diz o infectologista.