Saiba quais testes podem diagnosticar a Covid-19 e como ocorrem os falsos resultados
Anvisa afirma que o único teste que diagnostica com certeza a Covid-19 é o RT-PCR; já os testes rápidos sorológicos são essenciais para o mapeamento do status imunológico de uma populaçãoTestagens, testagens e mais testagens é a recomendação chave da Organização Mundial da Saúde (OMS) para se combater adequadamente a pandemia de Covid-19. Mundialmente, existem dois tipos de testes para o novo coronavírus: o RT-PCR e o sorológico (que inclui os testes rápidos). Ainda que ambos sejam utilizados para o diagnóstico, apenas o RT-PCR é considerado o “padrão ouro”, afirma a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Como ele identifica o material genético do Sars-Cov-2 em amostras coletadas da garganta ou narinas das pessoas, o resultado do RT-PCR é “inquestionável” quando dá positivo. Além disso, permite que as pessoas sejam tratadas a tempo com procedimentos para a Covid-19, opção que os exames sorológicos não permitem.
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Quem explica é o infectologista Guilherme Henn, reforçando que falsos-positivos no RT-PCR praticamente não existem - exceto que alguma amostra seja contaminada no manejo, situação raríssima. "Ele pode ter é falso-negativo, quando o paciente tem a doença, mas o vírus não ser detectado”, comenta
Geralmente, os falsos-negativos ocorrem quando a doença está em estágio inicial e a presença do vírus ainda é imperceptível. Por isso, é recomendável que as amostras para o exame sejam coletas entre o 3º e 7º dia de sintomas da Covid-19.
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Anticorpos
Os exames sorológicos, divididos entre testes rápidos e sorologia convencional, identificam os anticorpos que o sistema imunológico humano produz para combater o novo coronavírus. Eles podem ser aplicados após o 7º e 8º dia de sintomas, mas têm sensibilidade máxima depois do 15º dia de doença.
O problema, diz Henn, é que os testes sorológicos sofrem muito com falsos-positivos e falsos-negativos. “Como são testes muito novos, eles acabam não pegando todos os anticorpos que são produzidos para Sars-Cov-2”, explica o infectologista. Isso acontece porque, às vezes, o corpo humano produz anticorpos para partes do coronavírus às quais os testes não estão desenhados para captar ainda. Nesses casos, é comum que o teste dê um falso-negativo.
Já nas ocasiões de falso-positivo, o teste acaba confundindo anticorpos desenvolvidos para outros microorganismos com os que seriam produzidos para o Sars-Cov-2. E então reagem positivamente, ainda que a pessoa testada não esteja de fato com Covid-19.
Dessa forma, os resultados dos exames sorológicos não são totalmente confiáveis como os dos testes RT-PCR. Por isso, a Anvisa define que os sorológicos “não têm função de diagnóstico”, enquanto o RT-PCR “têm função diagnóstica, sendo o teste definitivo segundo a OMS”.
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Usos dos exames sorológicos
“Os testes sorológicos podem, sim, ser usados para diagnósticos. Mas por conta dessa história de ter mais falsos-positivos e negativos em relação ao RT-PCR, eles não podem ser considerados testes tão úteis assim para o diagnóstico - em relação ao RT-PCR. Então, de fato, a gente acaba não baseando nossas condutas em resultados dos testes sorológicos como nos baseamos nos de RT-PCR”, pontua Henn.
O que os pesquisadores usam os dados de exames sorológicos como aproximados. Afinal, eles conseguem comparar taxas de resultados positivos e negativos entre municípios e com outras informações epidemiológicas.
No Ceará, por exemplo, 72.7% (134.704) do número total de casos confirmados para Covid-19 no Estado (total: 185.409) são resultados de testes rápidos. As informações são do IntegraSUS, plataforma da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), atualizados às 9h38min desta sexta-feira, 7.
De acordo com a Anvisa, os testes rápidos podem auxiliar o mapeamento da população “imunizada”, ou seja, que já teve o vírus ou foi exposta a ele. Isso não significa que essas pessoas está protegida do novo coronavírus: ainda se sabe pouco sobre quanto tempo os anticorpos continuam agindo para Sars-Cov-2, por exemplo.
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Entenda os tipos de testes
Existem os testes que usam sangue, soro ou plasma (os sorológicos) e os outros que precisam de amostras de secreções coletadas das vias respiratórias, como nariz e garganta (RT-PCR). As informações são da Anvisa:
RT-PCR
Identifica o material genético (RNA) ou “partes”, chamadas antígenos, do vírus. Os testes de RT-PCR são considerados o padrão ouro e têm função diagnóstica, sendo o teste definitivo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os exames RT-PCR são realizados em laboratórios clínicos com nível de segurança alta e podem levar alguns dias para emissão de laudo.
Sorológicos
Identifica os anticorpos, ou seja, uma resposta do organismo quando este teve contato com o vírus, recentemente (IgM) ou previamente (IgG). Geralmente utilizam sangue, soro ou plasma como amostra.
Os termos IgM e IgG vêm sendo usados popularmente para os testes imunocromatográficos. Por meio de uma reação química, os testes rápidos mudam de cor ao entrar em contato com o vírus.
Eles conseguem dar resultados entre 10 e 30 minutos e não dependem de estrutura de laboratório. Para a Anvisa, não têm função diagnóstica.