Fake news sobre vacina contra o coronavírus vão desde fetos mortos até implantação de microchips

Informações divulgadas em aplicativos e redes sociais disseminam informações falsas sobre produção de vacina contra o novo coronavírus

22:51 | Jul. 27, 2020

Por: Redação O POVO
Os coronavírus causam infecções respiratórias e intestinais em humanos e animais (foto: AFP)

Apesar de a vacina contra o novo coronavírus ainda estar em fase testes, as fake news já giram em torno dela. As notícias falsas, incompletas ou deturpadas vão desde o uso de fetos abortados até um plano de Bill Gates para implantação de microchips na população. A BBC News Brasil conversou com especialistas sobre as informações falsas.

Fetos abortados

Informações divulgadas em aplicativos e redes sociais afirmam que células de fetos constam na composição das vacinas e que isso é "um fato já denunciado há anos por sites 'pró-vida', com base em publicações científicas". De acordo com a BBC Brasil, o texto cita as página Life Site News e Precious Life, apontando que "células fetais abortadas, conhecidas como HEK-293", estão sendo usadas por empresas e pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Para a BCC, o idealizador do projeto União Pró-Vacina, João Henrique Rafael Junior, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, afirmou que "é possível encontrar referências à questão da vacina com células de fetos abortados que remontam a no mínimo cinco anos atrás, assim como menções a Bill Gates. Essas teorias vão sendo reaproveitadas e repaginadas sempre que há algum tema em evidência".

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Segundo Aguinaldo Pinto, professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o uso de culturas de células obtidas de tumores ou de fetos abortados pode ser usado para o desenvolvimento de vacina, isso porque os cientistas precisam de células para o vírus infectar e se reproduzir.

Bill Gates e suposto microchip

Outra notícia compartilhada dissemina a narrativa de que o empresário Bill Gates tem um plano de implantação de microchip em toda a população mundial. A Fundação Bill e Melinda Gates afirmou à BBC que a informação é falsa.

Na Rússia, o chefe do Partido Comunista afirmou que "globalistas" são a favor de "um implante secreto de chips em massa sob o pretexto de uma vacinação obrigatória contra o coronavírus".

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Logo um artigo passou a ser compartilhado, afirmando que a fundação de Gates financiaria um estudo acerca de uma tecnologia capaz de guardar os registros de vacinas das pessoas em uma "tinta especial". A tecnologia não seria um microchip, mas sim algo como uma tatuagem invisível que não coleta dados e também não dá a possibilidade da pessoa ser rastreada, segundo a cientista Ana Jaklenec à BBC.

Bill Gates e a "morte de 700 mil"

Outra informação sobre Bill Gates foi compartilhada de forma deturpada, afirmando que ele teria dito que a vacina contra o novo coronavírus mataria 700 mil pessoas.

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A fala verdadeira, dada em entrevista no mês de abril deste ano, era sobre o risco de efeitos colaterais em idosos. Na ocasião, ele deu uma situação hipotética: "Se tivermos 1 em 10 mil casos com efeitos colaterais... 700 mil pessoas que sofrerão com isso". Ainda assim, o número é sobre as mais de 7 bilhões de doses que seriam precisas para que todos no planeta ficassem imunes ao vírus.

Crianças no Senegal não morreram ao receber a vacina para Covid-19

Uma notícia veiculada em redes sociais no mês de abril comunicava que uma família havia morrido no Senegal após receberem vacina contra o novo coronavírus. De acordo com o Ministério da Saúde do país ao portal G1, a informação é falsa e também não existe vacina em distribuição neste momento.