Alerta para os pais: criança teve a córnea queimada após álcool gel respingar no olho

Especialistas apontam para o fato de que o item, necessário para o combate do novo coronavírus, pode trazer riscos a saúde dos pequenos e até mesmo dos mais velhos

Uma criança de cinco anos teve a córnea quase inteiramente queimada após álcool gel que usava respingar no olho dela. O acidente ocorreu na cidade de São Paulo, onde o menino reside com a família. O caso foi relatado pelo perfil do instagram @dicaspramamãeoficial, nessa segunda-feira, 20, e traz à tona alerta sobre o risco de crianças se acidentarem ao manusearem o produto sem supervisão e cuidados necessários.

Na publicação, a mãe da criança conta que o garoto — chamado Bento — foi apertar a válvula do item e o líquido acabou espirrando em seu olho direito. Ainda que tenha lavado o órgão com bastante água para retirar a substância, a criança chorou muito e chegou a “tremer” de dor, pedindo para que fosse levado ao médico.

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Durante consulta no oftalmologista, o especialista descobriu que a córnea do garoto havia sido queimada “quase por inteira”, sendo preciso sedar Bento para que o resíduo deixado pelo produto fosse completamente retirado de seu olho. Conforme relato, o menino segue agora sob medicamentos e aguarda por recuperação definitiva, uma vez que a cicatrização de seu olho ainda não está 100% completa.

Alerta para pais e responsáveis

A professora Cristiane Lopes, da Farmácia Escola da Universidade Federal do Ceará (UFC) explica que o uso do álcool gel se tornou comum com a pandemia do novo coronavírus, mas que é preciso ter bastante cuidado ao utilizar o produto. No caso do uso em crianças, então, a especialista explica que a atenção deve ser redobrada.

Cristiane afirma que o produto foi criado com uma toxicidade adequada apenas para áreas como a mão. “Independente da marca, o próprio álcool presente nesse item já é um solvente orgânico irritante que pode prejudicar o globo ocular. Em criança é ainda mais perigoso porque elas têm tecidos mais sensíveis no olho”, afirma.

A especialista ainda aponta para os riscos dos pequenos colocarem a substância na boca e acabarem ingerindo ela, o que teria graves consequências. “Uma cerveja tem 5% de concentração alcoólica, o álcool gel tem geralmente 70%. Se entrar em contato com um organismo, pode resultar em coma, que se torna ainda mais grave em crianças”, relata.

Até mesmo as mãos, próprias para o uso do álcool gel, podem ter a pele ressecada caso recebam doses exageradas do acessório de higiene. Cristiane explica que isso se deve ao fato de que alguns desses itens podem ser mais tóxicos, alertando para a importância de adultos saberem manusear o produto e, principalmente, supervisionarem o uso em crianças.

Dicas de como prevenir acidentes com crianças

Para evitar casos como o de Bento, a especialista aponta a necessidade de que pais ou responsáveis não deem autonomia aos pequenos na hora de usarem álcool gel. Cristiane afirma que o produto deve ser tratado com o mesmo cuidado com que os demais artigos limpeza são normalmente vistos, dando dicas para evitar que crianças se acidentem com o produto químico.

> Leia o rótulo

O primeiro passo na hora de comprar o produto deve ser olhar os componentes químicos dele. De acordo com Cristiane, é importante que responsáveis analisem se há algum composto do qual a criança é alérgica e tentem descobrir de quais substâncias aquele item é fabricado.

> Teste o produto

Antes de passar a usar o produto com frequência nos pequenos, é importante que os responsáveis observem como a substância se comporta na pele deles. A especialista dá a dica de que sejam feitos pequenos testes antes de tornar o uso diário.

> Mantenha o item longe dos alcance das crianças

Essa é uma orientação que já está presente em quase todas as embalagens de itens desse porte, mas que pode causar danos caso seja esquecida. "Tentem colocar o álcool gel sobre superfícies altas ou de difícil acesso, para que a criança não consiga pegar", orienta Cristiane.

> Não deixar a criança passar sozinha

O álcool gel pode se tornar uma arma caso seja deixado sozinho com uma criança. É importante, por isso, que o uso feito pelos pequenos aconteça sempre sob a supervisão de adultos, assumindo todos os cuidados necessários para que a substância não resulte em acidente doméstico.

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