Software desenvolvido por universidades auxilia no controle da disseminação da Covid-19

Ferramenta de monitoramento comportamental utiliza imagens de câmeras para identificar se medidas de segurança estabelecidas estão sendo seguidas por funcionários

11:31 | Jul. 20, 2020

Por: Leonardo Reis
Tecnologia ISI (foto: Divulgação)

Criações inovadoras contribuem para o combate ao avanço do novo coronavírus em alguns espaços. O Laboratório de Processamento de Imagens, Sinais e Computação Aplicada (Lapisco-IFCE) juntamente com o Departamento de Ortopedia da UFC produziram juntos o software Intelligent Sanitary Inspection (ISI), ferramenta que utiliza imagens de câmeras para identificar se medidas de prevenção contra a doença estão sendo adotadas por funcionários de determinados estabelecimentos.

A unidade da UFC juntamente com o Lapisco-IFCE a princípio estavam desenvolvendo um software de análise biomecânica com inteligência artificial para a Secretaria de Segurança do Estado. Um robô voltado para reconhecimento facial e de máscaras passou a ser aplicado para outras funcionalidades com a chegada do novo coronavírus. Rodrigo Astolfi, médico e professor do Departamento de Ortopedia e membro do projeto (ISI), explicou como foi o novo direcionamento da pesquisa. “Quando ocorreu a pandemia sugeri que utilizássemos a tecnologia que eles já tinham para reconhecimento facial e de máscaras para criação de um software que funcionasse como fiscal sanitário nos restaurantes e estabelecimentos ligados à produção de alimentos.”

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A inteligência artificial tem como objetivo detectar de forma comportamental as medidas de prevenção, monitorando as ações que os funcionários possam estar infringindo. Dentre as ações monitoradas estão o uso de máscara, higienização das mãos frequentemente, se estão tocando no rosto, tossindo ou espirrando e se estão cumprindo com o distanciamento estabelecido de um metro e meio. Além dessas ações, o software pode detectar padrões de comportamento relacionados aos sintomas da Covid-19 de forma precoce, como tosse, espirro e dinâmica do funcionário na execução do trabalho.

O processo realizado pelo software é simples, de baixo custo e fácil execução. Utiliza-se de câmeras nos espaços em que deseja o monitoramento comportamental, as imagens captadas são transmitidas para um programa no computador, em seguida são emitidos dois tipos de sinais: verde quando o comportamento está de acordo com as medidas e sinal vermelho quando condutas estão sendo violadas.

O projeto além de fiscalizar as cozinhas de restaurantes, padarias e estabelecimentos em geral, pretende expandir para o ambiente onde clientes transitam. De acordo com o professor e coordenador do Lapisco-IFCE, Pedro Pedrosa, acompanhar outros ambientes é uma possibilidade com a reabertura dos restaurantes. “A ideia é expandir para parte de fora da cozinha. Verificar se os clientes estão utilizando máscara, se estão mantendo a distância social de um metro e meio ou dois metros dependendo do alerta e se estão lavando as mãos ou (usando) o álcool colocado na entrada ou se estão lavando as mãos na pia”, explica.

Para os interessados em formar parceria com o projeto, o Lapisco-IFCE está em busca de grandes redes de restaurantes que gerem uma expansão mais rápida. A intenção é que o serviço seja de baixo custo. Os contatos são por e-mail coord@lapisco.ifce.edu.br , telefone (85) 3307 4025 e pelo Instagram @lapisco.ifce.

O que o Intelligent Sanitary Inspector (ISI) identifica:

-Se os funcionários estão usando máscara;
-Lavando as mãos frequentemente;
-Tocando no rosto;
-Tossindo ou espirrando;
-Se estão cumprindo com o distanciamento de um metro e meio.

Já em estágio de experiência


O software ISI está instalado e operando desde junho no Quotidiano, na Aldeota. A parceria surgiu com a iniciativa do professor Rodrigo Astolfi juntamente com o Márcio Guimarães, gestor operacional do restaurante. Para Rodrigo, essa iniciativa do público e do privado é uma parceria bem-sucedida para o ensino superior. “Nós temos a ambição de tornar o Ceará um grande polo de desenvolvimento em robótica, com essas e outras pesquisas que fazemos.”

O gestor Márcio conta como foi o  início do projeto em conjunto. “O restaurante Quotidiano foi indicado ao doutor Rodrigo como um possível parceiro neste projeto. Nós não nos conhecíamos até então. Ele nos contatou, explicou a ideia do projeto e o Quotidiano topou na hora.”

“A cozinha de nosso restaurante sempre teve um sistema de câmeras, no momento temos seis unidades. Disponibilizamos a equipe de técnicos e engenheiros do doutor Rodrigo não só imagens gravadas como as imagens em tempo real de nossa operação. Com estas imagens está sendo possível que os técnicos desenvolvam o software para monitorar ações de grande impacto na segurança alimentar”, explica como está sendo a preparação para o uso total do ISI no local.

De acordo com Márcio, o software age como uma excelente ferramenta para supervisionar a correta execução de todos esses protocolos estabelecidos pelo restaurante. Acrescenta que o software não tem função punitiva. No entanto, orienta os funcionários a seguirem com as medidas.