Mais de 370 mil pessoas já desenvolveram anticorpos contra coronavírus em Fortaleza, de acordo com pesquisa

A Regional I, em especial o bairro Barra do Ceará, foi a mais atingida e teve o maior número de soroprevalência da doença

Um total de 379.047 pessoas em Fortaleza já teriam desenvolvido anticorpos contra o novo coronavírus, estima os primeiros resultados da pesquisa de campo feito pela Secretária Municipal da Saúde (SMS) e pela Secretária da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), em parceria com o Instituto Opnus e com a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). O dado é preliminar e aponta para soroprevalência de 14,2%, que seria a proporção da população com anticorpos. As informações foram divulgadas em coletiva no início da tarde desta sexta-feira, 19. 

Esse número, entretanto, é uma média, já que, entre as regionais esse valor varia, sendo a Regional I a mais atingida pela epidemia. O que já era visto nos números foi confirmado pela soroprevalência de 20,3%, com a Barra do Ceará chegando aos 23,5%. Segundo a SMS, o bairro registrou 114 mortes por Covid-19 até a quarta-feira, 17. 

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As demais Regionais, III, V e VI possuem o índice na casa dos 14%. As exceções são a Regional II, com 7,1%, e a IV, com 15%. Esses valores são importantes para apontar o real cenário da epidemia na Capital, assim como mostrar como estão os níveis de subnotificação da doença.

A razão de infecções pelo Sars-CoV-2 estimadas para cada caso confirmado em Fortaleza foi de 12, ou seja a cada pessoa confirmada, outras 12 estariam ou estiveram com a doença e desenvolveram anticorpos, mas não foram contabilizadas. Esse valor também foi maior na Regional I, sendo de quase 19, enquanto foi bem menor na II, onde o valor é de quatro pessoas para uma infectada. Para o cálculo, foram considerados dados anteriores da semana de 31.984 casos confirmados. Nesta sexta-feira, 19, segundo a última atualização da plataforma IntegraSUS, do Governo do Ceará, já são 32.423 confirmações da doença em Fortaleza.

Um outro estudo, feito pelo Ministério da Saúde e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), umas das referências em epidemiologia no Brasil, entre os dias 14 e 21 de maio, mostrava Fortaleza entre a lista de 15 cidades com maiores prevalências de casos de coronavírus, com 8,7%. Foram realizadas 250 testagens. 

Para a pesquisa em Fortaleza, feita pelas secretárias, foram feitos 3.300 testes rápidos e questionários e, 210 setores censitários, em 39 bairros de Fortaleza entre 2 a 5, 8, 12 e 15 de junho de 2020. As casas foram selecionadas por meio de pulo sistemático, com o sorteio dentre os moradores presentes na residência no momento da pesquisa. Antônio Lima, gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da SMS, explica que geralmente esse tipo de estudo só é feito após as epidemias, mas nesse caso era importante o monitoramento da doença.

O peso da desigualdade social

Menor renda, menor escolaridade e mais moradores em uma mesma residência parecem ser fatores amplificadores para o contágio da doença. É o que a pesquisa também reconhece." Os grupos com menor escolaridade e renda apresentaram maior soroprevalência".A prevalência em pessoas que tem até o nível fundamental (17,7%) é quase três vezes maior que em indivíduos com o ensino superior(6,5%).

O mesmo acontece com o aspecto da renda. Para aqueles que recebem até um salário mínimo 16% dos participantes apresentaram anticorpos para a doença, enquanto para quem recebe entre cinco e dez salários mínimos o número é de apenas 6,4%.

Quanto aos moradores por casa, os dados crescem de forma proporcional: quanto mais pessoas dividem uma residência maior é a soroprevalência. Em domicílios com 1 habitante o índice é de 12,4% chegando a 16,6% em casas com cinco ou mais pessoas.

 

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