Pandemia faz fabricação de bicicletas disparar em Taiwan; veículo tem ganhado espaço no mundo

Nos Estados Unidos, as vendas de bicicletas de competição e daquelas para ir ao trabalho subiram 66% em março em comparação a março de 2019

A fabricação de bicicletas disparou em Taiwan, alimentada pela demanda global provocada pelo medo de contrair o coronavírus em ônibus e metrôs lotados na Europa, ou na América, ou ainda pela necessidade de atividades ao ar livre após semanas de confinamento.

A pandemia de coronavírus causou uma recessão histórica no país e no mundo, mas não para todos os setores da economia.

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Nos últimos meses, a Giant, a maior fabricante de bicicletas do mundo, não parou de funcionar, diz a CEO Bonnie Tu. "Reagimos muito rapidamente", afirmou à AFP, na nova sede do grupo em Taichung (oeste).

"Mobilizamos todo o grupo, especialmente as fábricas e os serviços de vendas (...) para responder à demanda", explicou.

Na Europa e na América do Norte, a demanda em lojas de bicicletas disparou.

A Associação Britânica de Vendedores de Bicicletas ainda tem 20.000 pedidos pendentes, aguardando a chegada da mercadoria.

"Vi um pouco de tudo", disse no mês passado à AFP Lincoln Romain, diretor da Brixton Cycles em Londres. "Pessoas que vão trabalhar de bicicleta, novos ciclistas, pessoas que tiram sua bicicleta da garagem", apontou.

Nos Estados Unidos, as vendas de bicicletas de competição e daquelas para ir ao trabalho subiram 66% em março em comparação a março de 2019, de acordo com a consultoria The NPD Group. As vendas de bicicletas de lazer aumentaram 121%, e as elétricas, 85%, informou o NPD Group.

Bonni Tu indicou que, nos Estados Unidos e na Europa, a demanda aumentou especialmente nos modelos mais básicos, de mil dólares, ou menos.

As fábricas da Giant em Taiwan estão ativas, mas muitas de suas fábricas na China continental estão temporariamente fechadas, devido à epidemia.

O grupo também tem dificuldades em encontrar peças de reposição.

Na Europa, a Giant planeja abrir uma fábrica na Hungria para reduzir sua dependência da China e também aproximar a produção de seus clientes.

A secretária-geral da Associação de Bicicletas de Taiwan, Gina Chang, observa que os fabricantes sofreram no primeiro trimestre com o cancelamento, ou o adiamento, de vários pedidos quando a pandemia começou a se espalhar. Desde então, as coisas começaram a melhorar. "Os dois principais fabricantes têm pedidos até o final do ano", assegura.

A pandemia marca um renascimento para os fabricantes de bicicletas de Taiwan. A ilha era líder na década de 1990, antes de a China absorver, graças à sua mão-de-obra barata, a maior parte dessa produção.

Agora, as coisas estão mudando, devido ao aumento da demanda por bicicletas elétricas na Europa, ou por modelos sofisticados. No ano passado, Taiwan também se beneficiou da guerra comercial entre China e Estados Unidos.

Em 2019, Taiwan exportou US$ 1,36 bilhão em bicicletas (não elétricas), em comparação com US$ 1,5 bilhão em 2018. Ao mesmo tempo, a ilha exportou US$ 863 milhões em bicicletas elétricas, contra US$ 377 milhões em 2018. A maior parte é destinada à Europa.

Este ano, entre janeiro e abril, as exportações de bicicletas elétricas foram de US$ 301 milhões, 23% a mais em um ano. A diretora da Giant espera que o sucesso da bicicleta sobreviva à crise da saúde. "De bicicleta, a gente toma ar. E você não pode circular muito perto dos outros, ou sofrerá um acidente", afirmou. "É um distanciamento natural", acrescentou.


 

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