Prevista para iniciar na próxima segunda, fase 2 da retomada no Ceará ainda não está garantida
O novo estágio só acontece se índices relacionados ao novo coronavírus no Ceará chegarem ao final desta semana apresentando redução ou estabilidade
17:39 | Jun. 15, 2020
A segunda fase do plano de retomada da economia no Ceará e em Fortaleza está prevista para ter início na próxima segunda-feira, 22. A transição, porém, ainda não está garantida. De acordo com informações do Governo do Estado, o novo estágio só acontece se índices relacionados ao novo coronavírus, como o número de casos, óbitos e taxa de ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), chegarem ao final desta semana apresentando redução ou estabilidade.
Até esta segunda-feira, 15, início da suposta última semana da fase 1 em Fortaleza, os índices divulgados pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), por meio da plataforma IntegraSUS, apontavam melhora nos indicadores. Procurada pelo O POVO, no entanto, a gestão estadual afirmou que a segunda etapa, apesar de já ter data para acontecer, só será iniciada após avaliação cautelosa dos dados correspondentes aos 14 dias em que a fase 1 deve durar.
Esse posicionamento é adotado pelo Governo desde a apresentação do documento em que a retomada da economia foi detalhada, em maio deste ano. Dividido em quatro fases — além de uma semana de transição — o chamado Plano Responsável de Abertura das Atividades Econômicas e Comportamentais deve seguir até pelo menos o dia 20 de julho. A evolução entre as fases é previstas para acontecer de 14 em 14 dias, mas só são garantidas mediante desenvolvimento positivo dos números relativos à pandemia no Ceará e em Fortaleza.
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Relatório elaborado pelo subcomitê de epidemiologia do Comitê Científico do Consórcio Nordeste aponta ainda que essa melhora nos indicadores da doença, apresentados pelo Estado, não deve permitir a transição de fases se os resultados positivos não forem equivalentes aos 14 dias consecutivos da duração da etapa.
Segundo a epidemiologista Lígia Kerr, professora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e uma das autoras do relatório, não é possível ainda saber se os índices vão permitir uma nova transição. “Temos que aguardar pra ver”, afirma.
O que esperar da última semana da fase 1
O final de semana passado em Fortaleza, período em que houve renovação do decreto estadual de isolamento, foi marcado por aglomerações em praias, nos comércios, em shoppings e em outros centros comerciais. De acordo com a epidemiologista Lígia, o comportamento da população pode inferir diretamente no aumento de casos da doença durante esta semana. “Essas aglomerações não deveriam ter acontecido. Mas temos que esperar para saber no que vai resultar”, pondera.
Nas redes sociais, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), chegou a se pronunciar sobre as aglomerações neste fim de semana e afirmou que muitas pessoas ainda estavam “ignorando” medidas, garantindo que aumentaria fiscalização. “Se não houver a colaboração de todos, tudo ficará muito mais difícil", escreveu na ocasião, se referindo ao processo de transição das fases.
E, repito o que temos dito: o processo de retomada só avançará se os números da Covid não voltarem a subir. E isso só ocorrerá se houver a conscientização de todos. A economia é muito importante. As pessoas precisam trabalhar. Mas, sem a saúde sob controle, não há vida normal.
— Camilo Santana (@CamiloSantanaCE) June 14, 2020Procurada pelo O POVO nesta segunda, a Secretaria da Saúde do Estado informou que a taxa de ocupação das UTIs, assim como outros índices de saúde que estão sob responsabilidade da pasta, seguem sendo acompanhados nesta semana e que devem sofrer avaliação criteriosa antes de tomada de decisão acerca da próxima etapa.
Mesmo sem garantia de transição ainda, a expectativa do governo é de que 131,3 mil postos de trabalho retomem com suas atividades nessa segunda fase. O valor é cerca de 50% maior do que os 85,6 mil postos liberados na fase 1. O Interior do Estado segue em fase de transição devido ao crescimento negativo dos indicadores de saúde.