Vereadores de Fortaleza tentam entrar em hospital do PV para filmar leitos e são impedidos
Márcio Martins (Pros) afirma que a intenção era filmar o interior da unidade para mostrar a "ociosidade e subutilização de leitos". Na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que apoiadores invadissem unidades hospitalaresOs vereadores Márcio Martins, Reginauro Sousa e Julierme Sena, todos do Partido Republicano da Ordem Social (Pros), alinhados com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), tentaram entrar no hospital de campanha do estádio Presidente Vargas, que recebe pacientes com coronavírus em Fortaleza, para filmar leitos, mas foram impedidos nesta sexta-feira, 12.
De acordo com Márcio Martins, o grupo tem um mandado de segurança conseguido na Justiça que os permite circular pelo hospital. Prefeitura de Fortaleza afirma que eles não possuíam autorização.
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O parlamentar da oposição afirma que a intenção era filmar o interior da unidade para mostrar a "ociosidade e subutilização de leitos". Segundo Martins, ele recebe constantes denúncias de pessoas precisando de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), enquanto o Hospital do PV está "com mais da metade de sua capacidade ociosa". Ele afirma que chegou a acionar a Polícia Militar por duas vezes para ser auxiliados a entrar no local.
Márcio Martins afirma que o hospital conta com 224 leitos ativos, e diz ter recebido informação da direção médica, durante a tentativa de entrada nesta sexta-feira, de que 64 estariam ocupados. No entanto, de acordo com a plataforma IntegraSUS, que reúne indicadores da Covid-19 no Ceará e dispõe de informações sobre ocupação de leitos, o número de leitos ativos no hospital do PV atualmente é de 136.
Conforme dados atualizados às 20h05min desta sexta-feira, 12, são 34 leitos de UTI e 102 de enfermaria. Destes, nove leitos de UTI estão ocupados, contra 51 de enfermaria.
O vereador Márcio Martins (Pros) afirmou que desde 13 de abril, época da construção do hospital — que passou a receber pacientes no dia 18 de abril —, o grupo de vereadores busca denunciar irregularidades na unidade, como "preço absurdo" em contratações e mais recentemente, a questão dos leitos.
"A gente ia entrar e confirmar a ociosidade de leitos. Iríamos pedir documentos que comprovem a rotatividade de altas e o fluxo do hospital", afirma. Ele afirma que iria filmar "porque é o único jeito de a população acreditar".
Nessa quinta-feira, 11, por meio de live, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) disse que a população deveria filmar leitos vazios em hospitais públicos e afirmou que há "ganho político" com as mortes que ocorreram durante a pandemia. Ele voltou a afirmar que os números da doença no País não condizem com a verdade.
O vereador Márcio Martins afirmou que "apesar de ser aliado de Capitão Wagner, não comungo com tudo do governo Bolsonaro". Segundo ele, a fala do presidente não o influenciou na tentativa de entrar no hospital do PV porque ele "frequentemente realiza estes tipos de fiscalização". O parlamentar afirma que eles irão tentar novamente a investida.
De acordo com o jornal O Globo, um grupo invadiu, a socos e pontapés, a ala para pacientes com coronavírus do hospital Ronaldo Gazolla, no Rio de Janeiro, chegando a quebrar equipamentos e assustando enfermos e profissionais de saúde.
Na noite desta sexta-feira, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) divulgou balanço mostrando um quadro de afogamento do sistema de saúde. Em virtude dos meses de isolamento social da população e queda nos números de atendimentos, a Capital está hoje na primeira fase da reabertura da economia.