Bolsonaro fala em reabrir escolas após OMS citar estudo inconclusivo sobre transmissão assintomática

A declaração sobre o assunto é considerada precipitada por especialistas

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) abriu a reunião ministerial desta terça-feira, 9, lamentando as mortes provocadas pela Covid-19 e criticando a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o jornal O Globo, ele disse que pode reabrir escolas e o comércio após a menção da entidade a um estudo que definiu transmissões assintomáticas como "raras". Entretanto, a declaração sobre o assunto é considerada precipitada por especialistas, como O POVO esclareceu

A partir das declarações da organização internacional, Bolsonaro afirmou que, agora, pode haver menos resistência à volta das atividades escolares. Essa é a primeira reunião ministerial de Bolsonaro transmitida ao vivo. O novo formato ocorreu após divulgação do vídeo da reunião de 22 de abril por determinação do STF.

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"Então, isso vai dar muito debate. Muitas lições serão tomadas. Com toda certeza pode ser analisada uma abertura mais rápida do comércio e extinção daquelas medidas restritivas adotadas segundo decisão do Supremo Tribunal Federal, governadores e prefeitos", considerou o presidente.

Mudanças sobre hidroxicloroquina

Bolsonaro reconheceu também que não há comprovações científicas sobre o uso da hidroxicloroquina para tratar a doença, mas voltou a defender o uso do medicamento em pacientes diagnosticados com Covid-19.

O presidente relembrou as mudanças de posicionamento da entidade internacional em relação aos testes de hidroxicloroquina. Representantes da OMS defenderam que mudanças relacionadas a orientações técnicas são parte do processo natural da ciência.

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"A OMS, nas últimas semanas, tem tido algumas posições antagônicas, a penúltima sobre a hidroxicloroquina. Foi determinada a suspensão da pesquisa, depois voltou atrás. As pesquisas continuam no Brasil, não temos a comprovação científica ainda, mas relatos de pessoas infectadas e de médicos, em grande parte, têm sido favorável à hidroxicloroquina com azitromicina", afirmou Bolsonaro.

Mesmo depois de retomar os testes sobre a cloroquina, a OMS sustenta que não há comprovação cientifica sobre a eficácia do medicamento para o combate ao coronavírus. Entretanto, o presidente continua defendendo o uso amplo da droga.

Depois da recusa de dois ministros da Saúde, que optaram por pedir demissão para não assinar a mudança de protocolo no uso da cloroquina no País, coube ao general Eduardo Pazuello, que assumiu a pasta de forma interina, liberar a cloroquina para todos os pacientes de Covid-19

Os testes da OMS com o medicamento haviam sido suspensos após um estudo amplo publicado pela revista científica The Lancet que, posteriormente, teve sua metodologia questionada por outros cientistas

A pesquisa teve forte repercussão pela sua amplitude, com quase 100 mil pacientes envolvidos, mas vários outros trabalhos científicos que apontam não apenas para a ineficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina contra o coronavírus como, também, o aumento de risco de morte em pacientes em quadro grave.

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Ernesto Araújo reforça crítica à OMS

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, aproveitou para endossar a fala do presidente contra a OMS. O chanceler questionou os procedimentos adotados pela instituição internacional e afirmou que o Itamaraty acompanha com “muita preocupação” o trabalho da agência. Ele disse ainda que o Brasil defendeu junto a países membros a reformulação da OMS.

Para Ernesto Araújo, existiria "falta de independência da OMS, aparentemente, falta de transparência e coerência, sobretudo. Falta de coerência no posicionamento, na orientação sobre aspectos essenciais", criticou.

Segundo ele, em aspectos como "o compartilhamento de amostras, o contágio por humanos, nos modos de prevenção, na quarentena, no uso da hidroxicloroquina, na indumentária de proteção e agora na intransmissibilidade por assintomáticos" a OMS "foi e voltou, às vezes mais de uma vez". O ministro apontou também o que chamou de “vai e vem” da OMS e disse que isso atrapalha o trabalho realizado pelos governos:

Na sexta-feira, 5, Bolsonaro disse que o governo poderia romper com a organização, que atuaria, segundo ele, "com viés ideológico". No fim de maio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída do país da OMS, congelando repasses que o governo norte-americano faria à entidade. 


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