Ceará é o estado com menor taxa de reprodução da Covid-19 entre a população

Com a taxa de reprodução atual, a tendência é que a doença seja transmitida de uma pessoa para outra. Antes, a contaminação ocorria de uma pessoa doente para pelo menos outras três

 

Ceará desacelera na taxa de reprodução da Covid-19, mas abertura do comércio pode desencadear aumento da disseminação da doença entre a população, segundo explica o físico Silvio Ferreira. A análise se baseia em dados divulgados pelo grupo Covid-19 Analytics, da qual participa a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), que revelou queda em 1,93 na taxa de reprodução da doença desde 22 de abril. Na época, o Ceará tinha 3,01 em número de infecção efetivo.

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De acordo com o físico da Universidade Federal de Viçosa, a taxa de reprodução leva em conta o número de contato diário, a transmissibilidade da epidemia e o tempo em que uma pessoa infectada passa transmitindo o vírus. “Esse cálculo mede quantas pessoas a mais uma pessoa infectada poderia contaminar, em uma cadeia epidêmica que tem bastante gente suscetível”, explica. Dessa forma, segundo Silvio, quanto maior o número da taxa, maior a possibilidade de transmissão da doença entre as pessoas.

Para que o vírus pare de se espalhar, a taxa de reprodução tem que ser menor do que 1. Conforme o levantamento da Covid-19 Analytics, entre os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal, o Ceará é o mais próximo de chegar à estabilidade. Atualmente, o Estado conseguiu reduzir esse número para 1,08. No entanto, com a abertura do comércio, a expectativa é que a curva de reprodução volte a crescer, conforme esclarece Silvio.

Segundo o físico, para uma abertura segura do comércio é necessário que sejam feitos estudos e monitoramento constante da incidência epidêmica.“Você vai abrir essa semana, sabendo que na semana que vem pode fechar de novo, dependendo do crescimento do número de casos. Vai ter que fazer uma abertura limitada”, comenta Silvio, que trabalha com foco em modelagem de propagação de epidemias em redes complexas.

No Ceará, com a taxa atual de 1.08, a tendência é de que a reprodução da doença aconteça de uma pessoa para outra - ou de 100 pessoas para outras 108, precisamente. Entre os fatores que contribuem para o aumento dessa taxa, Silvio destaca que o uso de recursos de proteção contra a doença e a redução no contato diário são elementos que contribuem para a menor chance de contágio. Enquanto o tempo de transmissão da doença, um fator fisiológico, é o único que não pode ser controlado.

Considerando que as notificações levam pelo menos uma ou duas semanas para serem registradas, Silvio destaca que as transmissões devem continuar a ocorrer nesse período de abertura do comércio. “Aumentou o número de contato sem proteção, a taxa vai subir automaticamente. Como no Ceará já tem circulação do vírus há muito tempo, se a abertura do comércio for feita como no início, ela volta mais grave”, pontua.

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