Durante pandemia, cerca de 43% das gestantes demonstram medo, ansiedade e transtornos do comportamento
A média de ansiedade e outros transtornos em gestantes detectada em outros períodos é de 25%
10:29 | Mai. 19, 2020
Durante a pandemia de Covid-19 e o consequente confinamento, muitas pessoas têm enfrentado mudanças na saúde mental. As gestantes, por exemplo, demonstram cada vez mais medo, ansiedade e transtornos de comportamento: são cerca de 43% na pandemia, contra média de 25% em outros períodos.
As informações são de uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), que revelou níveis elevados de estresse e risco de depressão em mulheres grávidas de Fortaleza durante o isolamento social. De acordo com o estudo, das 1.041 gestantes ouvidas, 84,3% sentem desconforto e 74,6% sentem-se assustadas ao pensar na Covid-19. Ainda, 57,9% estão se sentindo tristes ultimamente e 49,8% terem chorado mais do que de costume.
A pesquisa também questionou sobre as reações emocionais das gestantes em relação aos outros moradores da casa. Do total, 355 delas afirmaram ter filhos de um a cinco anos completos, com os quais 70,6% afirmaram ter gritado, 20,1% ter puxado a orelha, dado tapa ou batido na mão e 18,8% ter batido na criança.
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Para a coordenadora da pesquisa, Márcia Machado, esses dados revelam o nível de estresse no período de isolamento. O estudo foi aplicado por formulário online e teve respostas de todas as regionais de Fortaleza, mas a maioria das respondentes estava em união estável e tinha pelo menos o ensino médio concluído. "Se essa população que tem níveis de escolaridade maior e vive com um companheiro apresentou nível elevado de estresse, podemos imaginar como estão as mulheres que vivem em situação de extrema pobreza", reflete Márcia.
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A pesquisadora afirma que existem relações entre transtornos psicológicos ou psiquiátricos na gravidez e a maior incidência de partos prematuros E de crianças nascidas com baixo peso. O nível de estresse também acarreta em maior agressividade com filhos e parceiros, o que é prejudicial ao desenvolvimento infantil. Por isso, Márcia aponta para a necessidade da criação de protocolos especiais de atenção básica que acompanhem mulheres durante a gravidez e no pós-parto neste período pandêmico.