Estudo mostra lesões no intestino associadas à Covid-19
A pesquisa foi divulgada na revista norte-americana Radiology. Dentre os problemas observados pelos médicos estão o espessamento do órgão e a isquemia (redução do fluxo sanguíneo) na região
13:31 | Mai. 13, 2020
A Covid-19 pode causar problemas intestinais, segundo um novo estudo publicado nessa terça-feira, 12, na revista norte-americana Radiology. A descoberta se deu por meio de imagens capturadas por aparelhos de tomografia computadorizada. As informações são da revista Galileu.
A análise foi feita com 412 pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus. Segundo os cientistas envolvidos, anormalidades intestinais foram observadas em 3,2% dos pacientes. Entre os problemas identificados pelo estudo está a isquemia, caracterizada pela diminuição ou suspensão da irrigação sanguínea, numa parte do organismo. O espessamento do órgão também foi observado pelos médicos.
"Encontramos anormalidades intestinais na imagem de pacientes com Covid-19, principalmente em pacientes mais doentes que estavam na UTI", afirmou Rajesh Bhayana, pesquisador no Departamento de Radiologia do Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, em comunicado.
Em dois pacientes, parte do intestino teve que ser removida. Eles apresentavam isquemia com necrose irregular (lesão devido à redução do fluxo sanguíneo). De acordo com os especialistas, ambos apresentavam coágulos nas pequenas artérias da parede intestinal, sugerindo que a isquemia pode ter sido resultante justamente desses coágulos.
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Segundo Bhayana, algumas descobertas foram típicas da isquemia intestinal e, naqueles que foram submetidos à cirurgia, foram vistos coágulos de pequenos vasos ao lado de áreas de intestino morto. "Os pacientes na UTI podem ter isquemia intestinal por outros motivos, mas sabemos que a Covid-19 pode levar a coagulação e lesão de pequenos vasos; portanto, o intestino também pode ser afetado pela infecção", afirmou.
Um estudo publicado no início de maio na revista Science descobriu como o novo coronavírus atinge o intestino: ele consegue infectar nossas células por meio da ACE2, enzima produzida em maior quantidade quando há alguma ameaça ao organismo. A ACE2 está presente principalmente no intestino, assim como no nariz e no pulmão.
Foto 1: Tomografia de um homem de 57 anos com alta suspeita clínica de isquemia intestinal (Foto: Divulgação/Radiological Society of North America)
Foto 2: Homem de 47 anos de idade com sensibilidade abdominal apresenta características de isquemia e infarto mesentérico (Foto: Divulgação/Radiological Society of North America)
Foto 3: Homem de 54 anos demonstra pneumatose cistoide intestinal (setas) em um segmento longo do íleo. (Foto: Divulgação/Radiological Society of North America)