Dados da situação prisional do Ceará durante pandemia entram em segredo de Justiça

Três dias antes, O POVO divulgou, com base no processo, que decisões judiciais geraram desencarceramento de 900 presos no Ceará em virtude do avanço do coronavírus entre encarcerados

21:50 | Mai. 12, 2020

Por: Jéssika Sisnando
Casos de coronavírus entre detentos e agentes passou a ser sigiloso (foto: Arquivo)

O processo que acompanhava dados da situação do sistema prisional do Ceará durante a pandemia do coronavírus foi colocado em segredo de Justiça nessa segunda-feira, 11.

Na sexta-feira, 8, O POVO divulgou, com base no processo, o desencarceramento de 900 presos no Ceará em decorrência da Covid-19. As decisões colocaram presos em regime domiciliar, progressão de regime ou tornozeleira para evitar risco de infecção pela doença, que se dissemina com facilidade em ambientes com aglomerações de pessoas, como presídios.

O documento com informação do Ministério Público do Estado (MPCE) e obtido pelo O POVO mostrou também a situação dos agentes penitenciários com coronavírus. Chegou a 130 o número de casos testes positivos para Covid-19.  Já entre os internos, 52 tiveram confirmação de coronavírus. Dados são referentes a sexta-feira, 8. Um dos principais focos de infecção é o Instituto Penal Feminino, onde 28 internas testaram positivo. 

Com base no relato do titular da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), Mauro Albuquerque, no documento, constava a dificuldade para contratar médicos — eram seis vagas disponíveis. O secretario solicitava, inclusive, um hospital de campanha para atender o sistema carcerário, em virtude de o sistema da saúde da Capital estar comprometido.

O POVO divulgou, em abril, a primeira morte de detento por coronavírus. O preso era da CPPL 2, em Itaitinga. Na ocasião, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou a informação e emitiu uma nota informando que todos os presos da ala estavam sendo testados. Posteriormente, o órgão afirmou que os presos haviam testado negativo.