Pessoas dormem na fila de agência da Caixa Econômica Federal no Centro de Fortaleza

O POVO ouviu relatos de quem chegou ao local ainda na tarde de terça-feira, 5, e constatou a venda de lugares na fila a preços que variam entre R$ 20 e R$ 50

O autônomo João Batista Neto, de 55 anos, chegou às 2 horas da madrugada desta quarta-feira, 6, para dormir na porta da agência da Caixa Econômica Federal localizada na avenida Duque de Caxias, no Centro de Fortaleza. Ele tenta conseguir atendimento para sacar o auxílio emergencial após ter problemas com seu CPF. Outras fontes ouvidas pelo O POVO afirmaram que estão no local desde a tarde de ontem, 5. Há relatos também sobre a venda de lugares na fila. A Caixa garante que o público que chega ao local no horário de funcionamento está sendo atendido.

João relata que fez o download do aplicativo da Caixa, mas depois de ter o auxílio aprovado, não conseguiu transferir o dinheiro para a conta da esposa, como precisava. Com a mensagem de erro no seu CPF, ele se dirigiu à agência. "Se não chegar aqui nessa hora, não recebe ficha. Não tem nem como entrar no banco", afirma.

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Osmar Araújo também dormiu na fila da agência. Ele trabalhava cuidando de estacionamentos na Capital, mas a pandemia interrompeu os negócios.
Osmar Araújo também dormiu na fila da agência. Ele trabalhava cuidando de estacionamentos na Capital, mas a pandemia interrompeu os negócios. (Foto: Aurélio Alves)

Outro homem que era o primeiro na fila do banco não quis se identificar, porém, disse ao O POVO que chegou ao local por volta das 13 horas de ontem, totalizando um tempo de espera de pelo menos 19 horas até a abertura da agência. Com o dinheiro do benefício, ele pretende quitar as contas de água e energia, além de fazer as compras do mês no mercantil.

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A reportagem obteve, ainda, relatos de venda de lugares na fila da Caixa. De acordo com as fontes, o preço varia de R$ 20 a R$ 50 conforme a proximidade à entrada do banco. A Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) apreendeu, na madrugada de hoje 53 cadeiras que estavam sendo utilizadas para esse tipo de ação nas filas de 20 agências da Caixa.

A vendedora ambulante Maria Reginelda do Nascimento passará o aniversário de 44 anos, completados nesta quarta-feira, à espera pelo atendimento na Caixa. "É desse jeito, não tem como fazer de outra maneira. Se a gente ficar em casa e chegar mais tarde, a gente não consegue ficha", diz. Ela está no local desde as 14 horas dessa terça-feira, 5.

A mulher considera que falta organização para evitar a situação de pessoas madrugando no local."Tem que vir se humilhar a noite toda aqui, com chuva. O pessoal chega uma hora da tarde e fica jogado aí. Ontem passou a noite toda chovendo", reclama.

Assim como Reginelda, Osmar Araújo também dormiu na fila da agência. Ele trabalhava cuidando de estacionamentos na Capital, mas a pandemia interrompeu os negócios. Na busca pelo auxílio emergencial do Governo, o autônomo chegou ao local por volta das 14 horas de terça-feira, 5. "A gente não consegue pegar a ficha, tem que passar a noite pra pegar mais cedo. Quando chega de manhã aqui a fila tá dobrando lá na esquina", comenta.

Carros da Autarquia Municipal de Trânsito bloqueavam vias do entorno
Carros da Autarquia Municipal de Trânsito bloqueavam vias do entorno (Foto: Aurélio Alves)

BANCO GARANTE QUE PESSOAS SÃO ATENDIDAS

A Caixa esclareceu, por meio de nota, que "todas as pessoas que chegarem às agências durante o horário de funcionamento, de 8h às 14 horas, serão atendidas". Ainda segundo o banco, "não é preciso madrugar nas filas, evitando, assim, períodos excessivos de espera e aglomerações". Segundo a assessoria informou, na agência da Caixa localizada no Centro, cerca de 600 pessoas foram atendidas nessa terça-feira, 5.

Não há, portanto, distribuição de fichas conforme garante a Caixa. "Além disso, a CAIXA intensificou o atendimento às pessoas que estão nas filas, de forma a dar celeridade com prestação de informações e geração de códigos (tokens) para a realização de saques, conforme o calendário de pagamento e da necessidade de se manter o distanciamento", continua a nota.

No próximo sábado, 9, mais de 2 mil agências em todo País vão abrir para atendimento do auxílio emergencial. Adicionalmente, cerca de 3 mil funcionários do banco foram direcionados para o atendimento nas agências mais críticas.

Além disso, segundo a Caixa, estão sendo contratados novos 4.800 vigilantes (desse total, 2 mil já estão alocados) e 889 recepcionistas para reforçar a orientação e o atendimento ao público. Cinco caminhões-agência também vão ser colocados à disposição dos beneficiários, sobretudo, no Norte e Nordeste.

O banco também está em contato direto com as prefeituras para fechar parcerias relacionadas à organização e atendimento ao público.

Com informações do repórter fotográfico Aurélio Alves

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