SAP recebe doação de 10 máquinas de costura e deve produzir 44 mil máscaras para uso dentro do sistema carcerário

Dentre as unidades contempladas estão o Centro de Triagem e Observação Criminológica (CTOC), o Centro de Detenção Provisória, a Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes e o Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa (IPF)

15:57 | Abr. 29, 2020

Por: Lucas de Paula
Foram doadas máscaras, máquinas de costura, luvas de látex, máquinas lavadoras, pulverizadores e produtos de higiene e limpeza (foto: C.Almeida/CICV)

A Secretaria de Administração Penitenciária do Ceará (SAP) recebeu nesta quarta-feira, 29, doação de 10 máquinas de costura para produção de máscaras para detentos. A contribuição, feita pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), ajudará a produzir 44 mil máscaras, que serão usadas para prevenir a transmissão do vírus no ambiente carcerário.

Além das máquinas foram doadas luvas de látex, máquinas lavadoras, pulverizadores e produtos de higiene e limpeza, como água sanitária, desinfetante e sabonete. A doação se soma a uma outra iniciativa da SAP em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que já iniciaram a produção de 11 mil máscaras de proteção no IPF e 5 mil na Penitenciária do Cariri.

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Ceará registra primeiro óbito de preso por Covid-19

De acordo com Valentina Torricelli, chefe do escritório do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Fortaleza, as doações são necessárias devido à vulnerabilidades do ambiente carcerário, que favorece a propagação de doenças infecciosas. “Os locais de detenção apresentam dificuldades adicionais quando se trata de prevenir e conter doenças infecciosas, incluindo o Covid-19, tendo em vista fatores como a aglomeração de pessoas e as dificuldades para garantia da observância dos procedimentos mínimos de higiene. No entanto, sabemos da experiência adquirida com outros surtos virais, que melhorar o acesso à água, itens de higiene e outras medidas, ajudam a impedir a propagação da doença dentro e fora dos locais de detenção. Em tempos de incerteza, a prevenção é o método mais eficaz para combater a epidemia de Covid-19 nas prisões”, declara.

Ainda segundo ela, as doações estão sendo feitas em todos os estados que têm o CIVC tem escritório. “Não são escolhidos porque um lugar é mais importante que o outro, ou tem mais caso que o outro. A gente já tinha começado uma relação com o sistema penitenciário, e possivelmente vamos ter doações em outros estados onde temos escritório”, diz.

Dentre as unidades contempladas estão o Centro de Triagem e Observação Criminológica (CTOC), o Centro de Detenção Provisória, a Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes e o Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa (IPF), em que há idosos, mulheres grávidas, pessoas com doenças graves, entre outros.

Primeira morte no sistema carcerário

A primeira morte por Covid-19 no sistema prisional do Ceará foi registrado na última segunda-feira, 27, quando o detento João Paulo Lopes Vieira, de 36 anos, faleceu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município de Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza. Além deste caso, o óbito de um outro detento está sendo investigado.

Na cela onde João Paulo se encontrava mais quinze presos dividiam o local com ele. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária, a área foi isolada e nenhum preso do local apresentou até o momento “sintomas de gripe ou semelhante a coronavírus”.

A Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto (CPPL 2), onde o preso estava detido, está superlotada. De acordo com estatísticas de dezembro de 2019 da SAP, a capacidade do local abriga 944 presos, entretanto hoje o número hoje é de 1.726 detentos, o que significa 782 apenas além do permitido.

Medidas

Visando prevenir a infeção do novo coronavírus dentro do ambiente carcerário, a SAP criou um plano de ações para o combate da propagação da doença.

A ideia, de acordo com Mauro Albuquerque, titular da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), é usar a nova expertise industrial do sistema prisional do Ceará para criar um pólo de fabricação desse tipo de EPI, a partir do trabalho dos próprios detentos. “Com matéria prima e maquinário, nós pretendemos expandir essa produção com volume e qualidade. Importante ressaltar que as internas e internos ainda diminuem suas penas com essa força de trabalho”, diz.

Confira algumas das medidas divulgadas

Manutenção dos apenados em isolamento por um período de 14 (quatorze) dias para observação de quadro clínico, com acompanhamento pela equipe de saúde da Unidade
Avaliação clínica aos apenados conforme rotina da unidade, com vigilância para a busca de casos suspeitos

Equipes de saúde treinadas para atendimento de casos suspeitos conforme protocolos estabelecidos pelos órgãos de saúde

Disposição uma central de remoção de referência para o translado dos casos suspeitos nas unidades da região metropolitana de Fortaleza

Capacitação das equipes de agentes penitenciários para a realização de remoção dos casos suspeitos/confirmado de COVID-19

Reforço das equipes de saúde nas unidades prisionais, pois todas contam com ambulatórios e enfermarias preparadas para qualquer situação médica de atenção primária

Fornecimento de material básico necessário de higiene para internas e internos em todas as unidades prisionais do estado

Realização de testes e orientação a todos os servidores e colaboradores que apresentem as características apontadas pela Secretaria de Saúde