Saiba como é feito o diagnóstico do novo coronavírus na rede pública

Segundo o Ministério da Saúde, existe o diagnóstico clínico e os diagnósticos laboratoriais na rede pública

11:32 | Abr. 27, 2020

Por: Redação O POVO
A confirmação foi feita por meio de sequenciamento genético realizado no Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz, que é referência nacional. (foto: MOHAMMED HUWAIS / AFP)

As testagens são a única e principal forma de diagnosticar a Covid-19 no Brasil. Em última atualização da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) na manhã desta segunda-feira, 27, o Ceará realizou 21.545 exames para detectar a doença. 17.107 casos estão em investigação e 6.478 casos foram confirmados, com 377 óbitos.

LEIA MAIS | Em cinco dias, Ceará tem recorde de casos e de óbitos

O crescimento do número de casos confirmados da Covid-19 no Ceará também está relacionado aos métodos de testagens utilizadas na rede pública. Segundo informações do Ministério da Saúde, há o diagnóstico clínico e laboratorial para a detecção da Covid-19. A análise clínica soma-se a dois métodos de diagnóstico: o molecular, conhecido como RT-PCR, e o teste sorológico, conhecido como teste rápido. Apenas testes registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) podem ser adquiridos e utilizados. Conheça os dois tipos utilizados para o diagnóstico da Covid-19 na rede pública:

Testagem molecular

Segundo informações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a testagem molecular funciona pela detecção de um dos dois tipos de materiais genéticos existentes: o DNA e o RNA. O DNA é uma molécula formada por duas cadeias que são encontradas em todos os organismos, organizando como eles são criados e como eles se desenvolvem. Já o RNA é uma molécula que copia, transcreve e transmite partes do código genético para realizar funções que mantenham os organismos vivos e em desenvolvimento.

A sigla RT-PCR vem do inglês reverse transcription polymerase chain reaction quantitative real time - “Transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase”, em tradução livre -, e detecta a presença de material genético de qualquer agente infeccioso no corpo humano. Isso acontece por meio da transcrição reversa, método que converte o RNA em DNA. A amostra é coletada de partes do corpo no qual o coronavírus se reúne, como o nariz ou a garganta de uma pessoa e adicionada a fitas simples de DNA que amplificam o material genético. Ao longo da multiplicação, a testagem identifica a quantidade de RNA no organismo por meio da fluorescência de um material suspeito. Se esse corante fluorescente chegar em um determinado nível, é diagnosticada a Covid-19.

Segundo informações do Guia de Vigilância Epidemiológica pela Covid-19, orientado pelo Ministério da Saúde, é recomendado que o teste seja feito entre três a sete dias do início da infecção, pois é o período em que a carga viral do Sars-CoV-2 ainda está alta no organismo.

Todo o processo é realizado por meio de um tubo fechado, o que impede a contaminação com outros possíveis agentes. Até esse momento, é considerado o método de referência no Brasil para confirmar o diagnóstico por Covid-19 e é utilizado para diagnosticar casos graves internados.

A expectativa é de que 120 mil testes de RT-PCR cheguem até o dia 4 de maio no Ceará e sejam utilizados pelo método drive-thru, utilizando o agendamento da coleta por meio de aplicativos. Avaliações serão feitas para disponibilizar os testes em municípios que estão tendo uma dinâmica de aumento no número de casos. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), mais detalhes sobre o método de coleta ainda serão avaliados e organizados pela pasta.

Testagem rápida

Os testes rápidos podem ser utilizados para detectar se a pessoa teve ou não contato com o novo coronavírus. Esse método é utilizado para pacientes que apresentaram sintomas a partir do sétimo ao décimo dia do contágio. Nesse intervalo, o organismo constrói dois tipos de anticorpos para combater o vírus: imunoglobulina M e imunoglobulina G. As defesas são as primeiras a aparecer em pacientes que podem possuir o novo coronavírus.

O intervalo é necessário para assegurar que haverão anticorpos suficientes no organismo para detectar na testagem. Por esse motivo o teste rápido não detecta especificamente o novo coronavírus, mas sim os anticorpos produzidos pelo paciente depois de a infecção ter ocorrido. O exame é feito com o uso de amostras de sangue, soro ou plasma, e conseguem dar o resultado entre 10 a 30 minutos.

O resultado por si só não é suficiente para o diagnóstico final e precisa ser avaliado junto de outros exames. Há uma pretensão de que em breve seja instaurada a comercialização do teste em farmácias do País. A Anvisa discutirá o tema nessa terça, 28. A tendência é de que a venda seja instaurada o mais rápido possível para ampliar a possibilidade do diagnóstico fora da rede pública, causando um descongestionamento no SUS.