Sindicato denuncia falta de máscaras para trabalhadores terceirizados de hospitais
Segundo relatos, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) não estão sendo distribuídos de maneira adequada para terceirizados
23:34 | Abr. 24, 2020
O Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação, Locação e Administração de Imóveis Comerciais, Condomínios e Limpeza Pública do Estado do Ceará (Seeaconce) recebeu mais de 200 denúncias (Capital e interior do Estado) de trabalhadores terceirizados de instituições de saúde (hospitais, postos de saúde). Eles dizem não estar recebendo os equipamentos de proteção individual (EPIs) de maneira adequada.
Segundo o sindicato, as máscaras N95, ideais para a proteção ao novo coronavírus, estão sendo distribuídas prioritariamente aos médicos e enfermeiros, com os terceirizados nem sempre tendo acesso a esse tipo de máscara. O sindicato também admite que a responsabilidade por essa distribuição é das empresas terceirizadas que prestam serviço às unidades de saúde. Essas empresas dizem estar com dificuldade para encontrar os EPIs no mercado.
Os terceirizados, que entram em contato direto com pacientes e ambientes infectados pelo vírus, muitas vezes somente recebem máscaras comuns de proteção, que possuem menor proteção. Há também relatos que os funcionários somente recebem uma dessas máscaras durante o expediente, que devem ser trocadas a cada duas horas, de acordo com recomendações das autoridades de saúde.
A Secretaria de Saúde do Ceará foi oficiada pelo Seeaconce, que também enviou ofício à Prefeitura de Fortaleza, mas não obteve resposta até o momento. Uma denúncia também foi enviada à procuradoria federal do Trabalho, que fará uma reunião com o Seeaconce na próxima semana.
No dia 13 de abril, o maqueiro Francisco César Bernardo da Silva, que prestava serviço ao Instituto José Frota, faleceu devido a complicações causadas pela Covid-19.
O presidente da Seeaconce, Josenias Gomes, reconhece a dificuldade do momento, mas cobra por melhorias nas condições de trabalho dos empregados. “Sabemos que a aquisição deste material máscara como álcool gel está difícil no mercado nacional e no internacional, mas o que não pode é os trabalhadores serem submetido a uma situação de mais risco ainda para sua saúde no dia a dia nesse serviço, tanto na capital quanto no interior”, disse.
O Instituto José Frota, por meio de sua assessoria de comunicação, afirma que não houve qualquer carência do fornecimento de EPIs para seus funcionários, que “contam com treinamento para o uso correto e seguro dos itens”. O IJF também disse que a disponibilização dos materiais de trabalho para os prestadores de serviço terceirizados do hospital é responsabilidade das empresas contratadas e que não há qualquer relato de irregularidade da entrega de tais equipamentos, inclusive ao funcionário que veio a falecer por complicações da Covid-19.
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), através de sua assessoria de comunicação, informou que os profissionais do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e do Hospital César Cals, citados nas denúncias, recebem e utilizam os EPIs de maneira adequada, de acordo com recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde.