Médico que morreu na Bahia teve parada cardíaca após uso de hidroxicloroquina
Secretário de Saúde da Bahia aproveitou para fazer alerta sobre o uso da substância. A vítima fazia tratamento domiciliar com hidroxicloroquina e azitromicina
18:33 | Abr. 21, 2020
O médico Gilmar Calazans Lima, 55 anos, que morreu por conta da Covid-19 em um hospital de Ilhéus, no sul da Bahia, na manhã de segunda-feira, 21, estava fazendo tratamento com o hidroxicloroquina. De acordo com informações do secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, Gilmar fez tratamento domiciliar por quatro dias, com a combinação hidroxicloroquina e azitromicina. Ele chegou a apresentar melhora clínica, sem febre ou dispneia, quando apresentou um mal súbito.
"Por ser médico, o paciente conseguiu acesso à hidroxicloroquina e azitromicina, dispensadas com receita médica e vinha em uso domiciliar. Ele era hipertenso e diabético com controle adequado", informou Vilas-Boas. A família do médico publicou a receita nas redes sociais, indicando que a medicação foi prescrita por um outro profissional de saúde.
Levado por familiares, o médico deu entrada na emergência do Hospital da Costa do Cacau com um quadro de parada cardiorrespiratória. "Foi submetido a manobras de reanimação por 45 minutos, permanecendo sem estabilizar o ritmo cardíaco, terminando por evoluir para o óbito", explicou o secretário de Saúde.
Cloroquina x Hidroxicloroquina
Apesar de serem feitos da mesma substância, a cloroquina, os dois remédios tem reações e efeitos adversos distintos. A hidroxicloroquina é considera "mais segura", pois possui menos efeitos colaterais.
O secretário de Saúde da Bahia aproveitou para alertar sobre o uso da substância que vem sendo apontada como uma possibilidade de tratamento para a Covid-19. "É sabido que a cloroquina e a hidroxicloroquina podem levar a arritmias cardíacas graves potencialmente fatais. Seu uso deve ser precedido de avaliação cardiológica e realização de eletrocardiograma", ressalta.
Gilmar foi o 46º óbito confirmado pela doença no estado. Segundo a Sesab, o médico teve os primeiros sintomas da doença em 11 de abril. Quatro dias depois foi internado no Hospital Regional da Costa do Cacau (HRCC), mas acabou não resistindo e morreu hoje.
A direção do HRCC, onde Gilmar também trabalhava, divulgou nota lamentando a morte. "O colaborador permanecia em isolamento domiciliar na última semana quando nas últimas 48hs apresentou piora, sendo internado de urgência no HRCC", diz o texto. "Neste momento de dor e consternação, deixamos os nossos mais sinceros pêsames aos familiares e amigos", finaliza a mensagem.