Não há estudos publicados comprovando eficácia do remédio Annita contra Covid-19

Existem três estudos recém-autorizados pela Conep para pesquisar a nitazoxanida contra a Covid-19; resultados concretos devem demorar para serem publicados

Ainda não existem estudos publicados que comprovem a eficácia do remédio Annita (nitazoxanida) para o tratamento da Covid-19. O medicamento ganhou espaço na mídia após o ministro Marcos Pontes, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), afirmar nessa quarta-feira, 15, que um vermífugo tinha apresentado 94% de eficácia contra o Sars-Cov-2 em pesquisas.


Apesar de o ministro tentar esconder o nome da droga, logo o componente foi revelado e até virou meme na internet. As primeiras pesquisas no Brasil para avaliar a eficácia da nitazoxanida no tratamento da Covid-19 só foram aprovadas nessa terça-feira, 14, pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

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No País, todos os projetos de pesquisa de qualquer área do conhecimento devem ser encaminhados para aprovação da Conep. Somente após a publicação do parecer positivo da comissão é que os estudos podem ser iniciados. Nos dia 14 e 16 de abril, a Conep aprovou três projetos de pesquisa relacionados à nitazoxanida e Covid-19.


Dois deles pesquisarão os efeitos da terapia com nitazoxanida em pacientes com pneumonia grave induzida por Sars-Cov-2. Um será liderado pela pesquisadora Patrícia Rocco, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e outro pelo pesquisador Marcelo Gregório, no Hospital Naval Marcílio Dias.


Já o terceiro, aprovado no dia 14, será um ensaio clínico para avaliar a segurança e eficácia da nitazoxanida 600 mg em pacientes hospitalizados em estado não crítico de Covid-19. Ele é liderado pelo Lorentino de Araújo Cardoso Filho, do Hospital Vera Cruz, em Campinas (SP).


Anvisa adiciona nitazoxanida na lista de substâncias controladas


A nitazoxanida é um antiparasitário aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de gastroenterites virais e contraindicada para pessoas com doenças hepáticas ou com doença renal. Agora, é também uma substância controlada e que só pode ser comprada por receita especial com duas vias.


A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 372/2020 da Anvisa, publicada nessa quinta-feira, 16, objetiva impedir as corridas às farmácias para estoque da nitazoxanida. Na mesma lista, é possível encontrar o nome da cloroquina, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como cura da Covid-19, ainda que sem estudos suficientes.


A partir de agora, toda prescrição de medicamento à base de nitazoxanida precisa ser feita em receita especial de duas vias. Uma das vias fica retida na farmácia e outra com o paciente. Ainda, as farmácias e drogarias ficam obrigadas a registrar todas as entradas e saídas do medicamento e o seu estoque, além dos dados dos consumidores.


Para evitar que os tratamentos em curso sejam interrompidos, a Anvisa permite que o medicamento seja adquirido com receita comum até o dia 15 de maio. O farmacêutico é obrigado a registrar na receita a comprovação do atendimento.



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