Epidemiologista alerta que pessoas com sintomas graves da Covid-19 não devem demorar a procurar atendimento

O gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde de Fortaleza, Antônio Silva Lima Neto, diz que a relutância em procurar unidade de saúde pode ser decisiva

14:16 | Abr. 13, 2020

Por: Lais Oliveira

Os óbitos decorrentes da Covid-19 em casos sem hospitalização têm preocupado as autoridades sanitárias do Ceará. Até esta segunda-feira, 13, foram nove casos dessa natureza no Estado, de acordo a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). O gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Antônio Silva Lima Neto, alerta que a demora dos pacientes em procurar atendimento médico tem sido recorrente e pode ser fator decisivo no prognóstico do quadro.


Ele explica que a morte desses pacientes às vezes acontece no transporte a caminho das unidades da saúde, antes da hospitalização, e às vezes ocorre em casa. Para o epidemiologista, que é pós-doutor na Escola de Saúde Pública de Havard, a relutância das pessoas em procurar atendimento pode interferir na evolução do quadro. “O paciente espera muitos dias, a situação pode se deteriorar e ele pode ter um desfecho desfavorável. Isso não vem acontecendo só em Fortaleza, mas é um padrão de vários locais do mundo”, avalia.


De acordo com o médico, pessoas idosas com comorbidades devem procurar a unidade de saúde mais próxima ao primeiro sinal de febre. Enquanto isso, pessoas sem histórico de doenças crônicas, se sentirem febre persistente por mais de três dias, também não devem esperar. “É uma doença às vezes muito imprevisível. De um dia para o outro você pode ter um comprometimento respiratório muito importante, pode abrir um quadro de insuficiência respiratória”, analisa.


Contaminação nas unidades hospitalares não deve ser motivo de temor


O especialista acrescenta que não há motivo para que a população fique receosa sobre ser infectado pela doença dentro das unidades hospitalares. “Não acho que existe motivo para esse temor. As emergências não estão lotadas. Acho que a preparação feita pelo Ceará, mesmo com toda a dificuldade de equipamentos, não foi ruim”, pondera.