Saiba mais sobre a cloroquina, um dos medicamentos em teste para o pacientes de coronavírus

Sua análise farmacológica da indicação é contrária à postura defendida pelo Ministério da Saúde, devendo ser aplicada nos estágios iniciais

Em meio a uma disputa política, o uso do medicamento cloroquina em pacientes com Covid-19 tem sido estudado e discutido por pesquisadores nas últimas semanas. O Ministério da Saúde indica seu uso em casos graves da doença, embora o titular da pasta, Henrique Mandetta afirme que não vai mudar os protocolos sem mais evidencias conclusivas. O presidente da república voltou a defender o medicamento em pronunciamento.

O remédio é usado por pacientes que tratam artrite, lúpus, doenças fotossensíveis e malária. Com a experiencia na receita do medicamento, O POVO conversou com o médico dermatologista Heitor Gonçalves, que já cuidou de pacientes com malária, quando morou no interior do Acre e tem doutorado em farmacologia.

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"Houve uma politização algo que algo que é puramente técnica, chegou ao ponto de se pensar que quem é a favor da cloroquina tá do lado do presidente, mas não é essa a discussão", aponta ele. Em sua visão, a indicação deve ser feita com base em pesquisas com pacientes reais, mas que em casos extremos, como a pandemia do coronavírus, deve ser possível não ser tão rigoroso diante de questões como número de pacientes e à gravidade da doença.

Sua análise farmacológica da indicação é contrária à postura defendida pelo Ministério da Saúde. O médico explica que, quando paciente está em estado grave, o vírus já se espalhou e tomou conta do pulmão. A cloroquina altera os receptores das células dificultando que o vírus faça essas alterações. Assim, segundo ele, o remédio seria mais eficaz se usado nos estágios iniciais.  

O médico citou a recomendação e estudo realizada por especialistas da Universidade Federal do Ceará que propõem o uso da hidroxicloroquina, como prevenção para profissionais de saúde de hospitais de Fortaleza estejam atuando na linha de frente do combate ao novo coronavírus. O documento é assinado pelos médicos Odorico Moraes, Elisabete Moraes (farmacologistas), e Anastácio Queiroz (infectologista).

O dermatologista analisa que a proposta pode funcionar na proteção dos profissionais e também de suas famílias, mas alerta que o uso para a população não deve ser indiscriminado. Tanto pela falta de estrutura logística, desde a produção como a distribuição, como pelo automedicamento, que poderia levar o uso do remédio para sintomas leves de gripes comuns.  

Heitor ressalta que, em sua experiencia ao acompanhar o tratamento de pacientes com malária, observou raras ocasiões com efeitos colaterais. Entretanto, eles estão: arritmia cardíaca, retinopatia e alterações gastrointestinais. " Pacientes com lúpus usam um comprimido de cloroquina diário durante anos, e a experiencia de arritmia cardíaca é muito rara", comenta ele. Os sintomas mais comuns são de menor impacto como diarreia, sensação de náusea e fadiga muscular, embora também sejam relatados em pouca escala, esclarece o médico.

Para a prescrição, ele recomenda o levantamento de um histórico cardiovascular e fazer exames nos olhos, para saber se o paciente tem alterações ou degeneração ocular na retina.   

 

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