Projeto "Ser Ponte Fortaleza" leva ajuda mensal a famílias das periferias da Capital
A iniciativa pretende doar R$ 180 mensais a pelo menos 100 famílias de diferentes territórios da Cidade durante os próximos quatro mesesEm meio à crise instalada pelo coronavírus, a solidariedade tem sido ponte para alcançar as pessoas socialmente mais vulneráveis. Com o objetivo de tentar minimizar os impactos da pandemia nas periferias de Fortaleza, onde os casos de Covid-19 avançam, o projeto Ser Ponte Fortaleza tem levado uma ajuda de R$ 180 a casas chefiadas por mulheres, que tenham um idoso ou criança pelo menos e que, preferencialmente, não recebam ajuda governamental.
O movimento foi idealizado pela pesquisadora Valéria Pinheiro e, no momento, beneficia 45 famílias das comunidades do Titanzinho/Serviluz (Cais do Porto), Lagamar, Inferninho (Vila Velha), Marrocos (Bom Jardim), Jangurussu e Planalto Pici.
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Engajada em movimentos de luta pelo direito à moradia digna e direito à cidade, Valéria vinha recebendo desde o começo da pandemia relatos sobre os efeitos econômicos causados pelo isolamento social nas periferias. Assim, ela convidou alguns amigos e criou o Ser Ponte Fortaleza.
De acordo com a pesquisadora, que atua no Laboratório de Estudos da Habitação (Lehab) da Universidade Federal do Ceará (UFC), a iniciativa é essencialmente baseada na confiança entre os doadores, as pessoas que administram os recursos e os responsáveis por levar o dinheiro às famílias. “Nossa principal motivação é tentar fazer chegar uma renda básica a famílias em comunidades que não estão recebendo nenhuma outra ajuda”, explica.
Como funciona o projeto
Inicialmente, pessoas à frente do projeto contatam conhecidos que têm uma melhor estabilidade financeira para ver a possibilidade da doação de valores de R$ 50 ou R$ 100 durante quatro meses. Eles são chamados de mediadores de recurso. Além de Valéria, outras 14 pessoas atuam nessa função.
Em cada local alcançado pelo projeto existem moradores de confiança apelidados de "agentes territoriais". Eles indicaram famílias para serem beneficiadas pela iniciativa. As doações são depositadas na conta de Valéria e, em seguida, transferidas para os agentes territoriais.
Os agentes recebem uma bolsa de R$ 100 por mês como apoio porque, além de serem moradores da comunidade que também tem suas dificuldades, precisam comprar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para fazer a entrega desses valores nas casas das pessoas.
A proposta de levar uma renda básica de modo mais rápido e desburocratizado já reúne cerca de 270 doadores. A cada mês, a meta das famílias aumenta conforme mais pessoas se comprometem em ajudar. Em abril, 75 famílias começarão a ser beneficiadas com a ajuda de R$ 180 até julho. Em maio, a ideia do projeto é atender, pelo menos, 100 famílias.
Para Valéria, além de garantir a subsistência mínima das pessoas beneficiadas pelo projeto nos próximos quatro meses, a iniciativa também colabora para evitar que a população mais vulnerável se exponha à Covid-19 com mais frequência.
A idealizadora do projeto acredita que a ação deverá continuar por mais alguns meses, considerando o avanço da pandemia. “Sabemos que é um valor baixo. Temos encontrado famílias com 12 ou 14 pessoas. São famílias que vivem na precariedade e vão continuar vivendo, mas é uma garantia de não passar fome nos próximos meses”, finaliza.
Como contribuir com o Ser Ponte Fortaleza
Entre em contato via direct no Instagram: @serpontefortaleza