UFC e Unifor farão testes para detecção do coronavírus
Pelo menos 16 mil testes para identificar a covid-19 serão investigados por cientistas da Universidade Federal (UFC) do Ceará e Universidade Fortaleza (Unifor). A UFC tem capacidade de realizar 300 verificações por dia com um resultado em até 48 horasAs universidades Federal do Ceará (UFC) e de Fortaleza irão auxiliar o Estado na produção de 16 mil testes genéticos para detecção de pessoas com a covid-19. A ação emergencial, segundo Tarcísio Pequeno, presidente da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), faz parte de uma parceria entre o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM/UFC), a Unifor, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e Funcap.
De acordo com Tarcísio Pequeno, pesquisadores das duas universidades irão fazer a identificação precoce do vírus, em até 48 horas, a partir da coleta do material genético de pessoas em meio à pandemia. A ideia, segundo o presidente da Funcap, é amenizar a demanda no Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) e aumentar a investigação científica em torno do contágio da doença.
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O cientista Odorico de Moraes Filho, coordenador do NPDM/UFC, informa que doze pesquisadores da UFC estarão envolvidos no trabalho que será coordenado pela Sesa e Lacen. Depois de coletadas as amostras , o material genético é repassado do Laboratório Central para o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos
No NPDM/UFC é feita a extração dos RNA (ácido ribonucleico) e segue para um segundo estágio de investigação até o resultado final que reorientará o tratamento do paciente e direcionará o governo com dados estatísticas. A UFC possui quatro aparelhos de QRT-PCR, usados para a manipulação do teste genético.
Além das quatro máquinas usadas no NPDM/UFC, a UFC emprestou para o Lacen outras duas para acelerar os resultados demandados por causa da catástrofe sanitária mundial. “Temos capacidade na Federal de realização de até 300 testes por dia. Só estamos aguardando os kits para começar por aqui”, prevê Odorico de Moraes Filho.
No mesmo NPDM/UFC também será iniciada outra frente de pesquisa científica para tentar conter o coronavírus. Desta vez para auxiliar na segurança de profissionais da saúde que estão trabalhando nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) das redes pública e privada do Ceará.
Odorico de Moraes revela que será administrada, de maneira profilática para que se avalie a eficácia preventiva, a aplicação da hidroxicloroquina em grupo de 400 pessoas envolvidas na lida com pacientes da covid-19 nas UTIs dos hospitais. São médicos intensivistas, enfermeiros, fisioterapeutas e outros trabalhadores.
“Intensivista é uma especialidade muito específica, difícil na substituição. Daqui a pouco, a previsão é que o número de casos de contaminados quintuplique. Há subnotificação no País. Na Itália, 51 médicos morreram. No Irã foram mais de 200 profissionais. A administração da hidroxicloroquina é para evitar que esses profissionais sejam abatidos”, aposta Odorico de Moraes.
A aplicação da hidroxicloroquina nos profissionais da área de saúde do Ceará depende apenas da liberação de recursos Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado.
Pesquisas emergenciais
Sete projetos emergenciais para combater a covid-19 serão financiados ou apoiados pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). Um deles, considerado importante, poderá viabilizar a produção de peças para respiradores utilizados por pacientes infectados pelo coronavírus. E até a produção dos aparelhos.
A informação é de Tarcísio Pequeno, presidente da Funcap. A fase, nesse momento, é de discussão entre atores da iniciativa privada e pública. De acordo com Jorge Soares, diretor de Inovação da Funcap, a manutenção e produção de peças de reposição para ventiladores pulmonares seria feito por meio de um Centro de Recebimento e Manutenção de Ventiladores Mecânicos.
A condições para a criação do Centro especializado estão sendo discutidas entre atores do poder público e o privado. Nesta segunda-feira, de acordo com Jorge Soares, o assunto foi tratado em duas reuniões com participação de executivos da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), do Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial (Senais), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade de Fortaleza (Unifor), da Secretaria Estadual da Saúde do Ceará (Sesa), da Escola de Saúde Pública (ESP) e da Funcap.
“Sobre a produção de ventiladores, há um grupo de trabalho que objetiva definir esta semana um projeto de maior potencial. Vários estão sendo analisados, o desafio é contar com insumos local de modo a não depender da chegada de peça de fora. Ainda não disponho do valor de investimento. Tudo dependerá da disponibilidade na cadeia de produção e compatibilidade com indústrias já existentes no Ceará”, afirmou Jorge Soares.
PESQUISAS EMERGENCIAIS EM ANDAMENTO NO CEARÁ
1. Estudo e execução para produção, em dez dias, de 30 mil escudos de acetatos (protetores de rosto) para profissionais da área da saúde. O escudo é usado em conjunto com a máscara. A previsão é produzirem 3 mil por dia. Uma parceria entre Fiec, Senai e Funcap
2. Produção de máscaras cirúrgicas para compor os equipamentos de proteção individual. O projeto está sendo viabilizado pela Funcap.
3. Proposta do Núcleo coordenado pelo professor Odorico de Moraes, da UFC, para a produção de 10 mil testes genéticos para a detecção do vírus da covid-19. Com resultado de 24 a 48 horas.
4. Na Unifor, com apoio da Funcap, serão produzidos 6 mil testes genéticos para a detecção do vírus da covid-19.
5. Uso da cloroquina associada a outros medicamentos em profissionais que trabalham na UTIs com pacientes da covid-19.
6. Está em discussão a fabricação peças para manutenção e até produção de aparelhos de respiradores.
7. Desenvolvimento de uma plataforma, com simulador virtual, para treinamento de equipes no uso de respiradores em pacientes com a covid-19. A Escola de Saúde Pública, com apoio da Funcap, está liderando.
Médicos assinaram nota técnica pela administração da hidroxicloroquina
Na semana passada, três médicos da Universidade Federal do Ceará (UFC) fizeram uma nota técnica ao sistema de saúde pública do Estado propondo o uso da hidroxicloroquina para profissionais da linha de frente do combate à covid-10. O medicamento, indicado no tratamento de malária, artrite reumatoide e lúpus, tem sido administrado em algumas situações no tratamento da doença provocada pelo coronavírus. A recomendação foi assinada por Odorico de Moraes Filho, Elisabete Moraes e Anastácio Queiroz.
A hidroxicloroquina apresenta ação sobre a covid-19. A O POVO, o infectologista Anastácio Queiroz afirmou que o remédio pode ser "importante, especialmente se utilizado no início do tratamento para pessoas nas zonas de risco". O medicamento é um análogo da cloroquina, só que menos tóxico.
O recomendável, segundo Anastácio Queiróz, é que seja administrada a hidroxicloroquina antes que o indivíduo infectado chegue à UTI, pois fica difícil conseguir alguma regressão num intervalo de tempo razoável e consequentemente evitar complicações.
A proposta de administração prevê a dose de um comprimido durante cinco dias seguidos. Depois, um comprimido por semana enquanto for necessária a prescrição. Também está sendo proposto zinco como suplemento, devido a função de imunidade ao sistema. “Acreditamos que isso poderá evitar a doença ou torná-la menos severa para os profissionais que venham a adoecer”, diz Anastácio Queiroz.
No último dia 31, a Agência Americana para a Segurança Alimentar e do Medicamento, a Food and Drug Administration (FDA) liberou no país o uso de fosfato de cloroquina e do sulfato de hidroxicloroquina para os pacientes de covid-19 que estão em estado grave.
De acordo com o portal de medicina PebMed, ainda não há estudos clínicos de grande porte que comprovem a eficácia das substâncias contra a doença. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem restrições para o uso: os pacientes precisam ser adolescentes ou adultos, pesarem pelo menos 50 kg e estarem internados devido ao vírus.
No último dia 3, o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, anunciou que a hidroxicloroquina seria ministrada para pacientes em estados grave no Brasil. Na mesma data, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) divulgou nota sobre a venda da hidroxicloroquina e cloroquina no Estado.
Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os medicamentos só devem ser vendidos para pacientes que apresentarem receita de controle especial em duas vias, sendo obrigatória a retenção na farmácia ou drogaria da 1ª via da receita. É possível denunciar farmácias que estejam vendendo as substâncias sem receita pelo e-mail do MPCE: covid19.denuncia@mpce.mp.br.
Uma pesquisa internacional realizada pela empresa global de saúde Sermo aponta que, para 37% dos médicos ouvidos, o medicamento é o mais eficaz no tratamento da covid-19 em uma lista de 15 antibióticos. De acordo com o jornal britânico Daily Mail, na Espanha, por exemplo, 72% dos médicos usaram o medicamento. Enquanto 55% declararam ter prescrito na Itália e 44% na China.
Colaborou Rubens Rodrigues
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