Ceará prepara mais de 1.150 novos leitos para pacientes com coronavírus
A corrida de Governo do Estado e Prefeitura de Fortaleza é para evitar que se repita no Estado o cenário de colapso dos sistemas de saúde italiano e espanholOs esforços governamentais na luta contra o novo coronavírus estão voltados à campanha de prevenção da infecção e preparativos para o aumento de casos, com base em experiências internacionais. Em Fortaleza, a ampliação antecipada de leitos em unidades públicas chega a 1.001.
Na Capital, o hospital de campanha construído no Estádio Presidente Vargas e o aumento de leitos em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e ao Instituto Doutor José Frota 2 (IJF 2) são exemplos.
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Boa parte do IJF2 se transforma em leitos de UTI, sendo 175 só para pacientes diagnosticados com covid-19. Os primeiros 52 são imediatos. O número aumenta progressivamente até maio.
A aquisição temporária do Hospital Leonardo da Vinci, na Aldeota, foi outra medida do Governo. A unidade particular estava fechada, mas foi equipada e adaptada à situação de emergência. São 230 leitos (30 de UTI) já em funcionamento. No fim da tarde desta sexta-feira, 27, eram sete pacientes internados e outros em processo de transferência.
Novos 150 leitos de retaguarda também serão implantados no Hospital do Coração, Hospital Geral dr. César Cals e no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), informou o governador Camilo Santana (PT), em live no Facebook.
UPAs e hospital de campanha no PV
Na segunda-feira, 23, foram iniciadas as obras de nova estrutura hospitalar temporária para assistir os pacientes com coronavírus. Com expectativa de entrega para o dia 20 de abril, o equipamento está sendo construído dentro do Estádio Presidente Vargas. Em área de 3.500m², são previstos 204 leitos, podendo chegar até a 306 leitos de internação que podem ser transformados em UTI.
A demanda de 500 profissionais para o novo espaço será suprida nas próximas semanas, de acordo com o prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT). “Temos trabalhando conosco uma organização da Escola Paulista de Medicina, que já está recrutando pessoal daqui e de fora do Ceará."
Além destes, a Prefeitura amplia também os leitos das UPAs do Edson Queiroz, Vila Velha, Bom Jardim, Jangurussu e Itaperi, somando mais 140 novos leitos.
Interior do Estado e Centro de Eventos
A Secretaria da Saúde (Sesa) solicitou junto ao Ministério da Saúde (MS) a habilitação para instalação de novos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em sete municípios. São eles Itapipoca, Icó, Iguatu, Tauá, Crateús, Tianguá e Aracati. A autorização para a ampliação deve sair em até 15 dias.
Além destes, 50 novos leitos estarão disponíveis nos três hospitais regionais: Cariri, Norte e Sertão Central.
A partir da semana que vem, o Centro de Eventos do Ceará (bairro Edson Queiroz, em Fortaleza) terá consultórios com testes rápidos para a covid-19. As testagens serão prioritárias em profissionais da saúde que atuam na linha de frente contra a doença.
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Estado se prepara
A projeção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é que, em apenas duas semanas, os casos graves de infecção por coronavírus no Ceará demandarão 46,3% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Assim, dos 18.510 leitos do Estado, 1.799 (9,72%) estarão ocupados por doentes com casos graves de covid-19. Segundo a projeção, das 1.944 UTIs presentes no Ceará, em duas semanas, 900 (46,3%) estarão sendo utilizadas.
As medidas de aditamento de leitos são antecipadas, para não repetir más experiências internacionais, como na Espanha, que tem caos no sistema de saúde, somando quase 5 mil mortes e 64 mil casos, segundo o Centro de Pesquisa da Universidade Johns Hopkins (EUA). O número de mortes é tão alto que os corpos estão sendo levados para um ringue olímpico de patinação no gelo, que foi transformado em um necrotério de emergência.
O jornal espanhol El Mundo descreveu a situação no hospital Severo Ochoa, de Leganés, esta semana, como “dantesca”. “Pessoas doentes sentadas em cadeiras com seus cilindros de oxigênio, lado a lado; infectados com coronavírus deitados em camas estacionadas nos corredores; pacientes que esperam com resignação por um médico para atendê-los; tosse por toda parte”, informou a publicação.
Conforme o jornal The New York Times, aproximadamente 14% dos pacientes infectados são profissionais da área da saúde. Em algumas casas de repouso, idosos foram encontrados abandonados e alguns mortos em suas camas.
O governo espanhol converteu sete hotéis de Madri e pavilhões de exposições em hospitais. O Exército foi convocado para ajudar no traslado de pacientes e na construção de tendas médicas espalhadas pela cidade. A medida mais drástica foi a estatização de hospitais privados.
Hospital de Leganés pic.twitter.com/fRjPtbiR55
— Bollosaurio Rex ® (@BollosaurioRex) March 21, 2020
Outros países
O sistema de saúde italiano está em colapso, conforme as autoridades locais. Os 5,2 mil leitos de terapia intensiva foram rapidamente esgotados, de acordo com levantamento da BBC. Filippo Anelli, presidente da Federação Italiana de Ordens Médicas, à BBC, comparou a situação a uma guerra. "Trabalhamos com cenários típicos da medicina de desastres". Pelo menos 37 médicos morreram pelo vírus. O país contabiliza 8.215 mortes e mais de 80 mil casos.
Já os Estados Unidos se tornaram o país com o maior número de casos de covid-19, ultrapassando a China e a Itália, no fim da tarde desta quinta-feira, 26. Já são mais de 93 mil casos. As complicações da covid-19 mataram 100 pessoas de quarta para quinta-feira, apenas em Nova York.
O governador de NY Andrew Cuomo anunciou a abertura de um novo hospital de campanha em cada uma das cinco regiões da cidade, além dos quatro que já estavam previstos e do navio militar com mil leitos que vai ancorar no porto na próxima semana. O governo também está negociando com hotéis para que cedam quartos, porque dois terços dos 1.800 leitos de UTI da cidade já estão ocupados.