MP demanda da Secretaria da Saúde esclarecimentos sobre venda de cloroquina
Venda indiscriminada zerou o estoque do fármaco nos distribuidores. Pacientes que fazem uso contínuo são os mais prejudicadosMedicamentos usados no tratamento experimental de pacientes com coronavírus, a cloroquina e a hidroxicloroquina (de preço mais alto) têm sido adquiridas de forma indisciplinada desde o início da pandemia. Para assegurar o acesso de quem realmente precisa da medicação, o Ministério Público do Estado demandou à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informações sobre a distribuição.
“Tomamos conhecimento de que já falta nos fornecedores, nas farmácias, porque quando foi divulgado que as substâncias seriam testadas no tratamento da Covid-19, houve uma ‘corrida’ e as pessoas começaram a estocar. Dentro de uma hora, não existia mais um comprimido para vender”, explica a titular da 137ª Promotoria de Justiça de Fortaleza, Ana Cláudia Uchôa, em entrevista à Rádio O POVO/CBN nesta terça-feira, 24.
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A promotora alerta que pacientes com lúpus, malária e artrite reumatoide também dependem desses fármacos para uso contínuo. Na última sexta-feira, 20, o MPCE recomendou que as farmácias de Fortaleza somente vendam estes medicamentos com apresentação e retenção da receita médica.
Até esta quarta-feira, 25, a Sesa deve apresentar as providências adotadas para a distribuição dos medicamentos à rede privada de saúde, tanto para os hospitais privados, como para os pacientes que não são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Meu pedido é para que a Sesa organize esse fluxo e distribua (o que tem em estoque) a hospitais e pacientes que fazem uso contínuo. Essas pessoas não podem ficar desassistidas nesse momento, sob risco de danos irreversíveis”, lembra Ana Cláudia. O uso indiscriminado da cloroquina pode causar danos oculares e auditivos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já esclareceu que, apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovem o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19.