Em meio a pandemia, Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará mantém funcionamento normal

As escolas da Marinha e pelo menos outras sete instituições militares de ensino estariam operando normalmente em todo Brasil. Ministério da Educação determinou suspensão de atividades escolares em todo o território nacional

21:12 | Mar. 24, 2020

Por: Alan Magno
Atividade da Escola de Aprendizes Marinheiros realizada em setembro do ano passado (foto: Alexia Vieira/Especial para O POVO)

A Escola de Aprendizes - Marinheiros do Ceará (EAMCE) manteve calendário acadêmico, bem como atividades escolares, mesmo em meio a pandemia de coronavírus. O Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasef) informou que essa situação estaria ocorrendo em todas as unidades de aprendizes da marinha, no colégio naval e em pelo menos outras sete instituições de ensino militar no Brasil.

No Estado, o caso da EAMCE foi repassado ao O POVO, por meio de denúncia anônima. Pessoa ouvida pelo O POVO classificou o cenário dentro da instituição como “gravíssimo”. Segundo a acusação, a escola está “funcionando normalmente com suas aulas, como se não estivesse acontecendo nada demais no planeta”. A fonte ainda afirmou que a situação representa um grande risco de contaminação para os alunos e para os professores, que estão sendo obrigados a desrespeitaram o isolamento social decretado pelo Governo do Estado para prosseguirem com o calendário acadêmico. “Colocam pois em risco a própria saúde, a de seus familiares e a da sociedade”, completou.

No Ceará, as aulas foram oficialmente suspensas no dia 16 de março, por um período inicial de 15 dias, para evitar aglomerações e assim desacelerar a propagação da covid-19. Todos os eventos que podem aglomerar mais de 100 pessoas também foram suspensos.

Segundo o Sinasef, a situação é semelhante em pelo menos sete escolas da marinha em todo Brasil. Outras instituições de ensino militar, de responsabilidade do Exército e da Aeronáutica também estão sendo monitoradas pelo órgão, após relatos de atividade e de que os estudantes estariam sendo impedidos de retornarem às suas casas, pois estes seriam das classes escolares que configuram o internato na escola.

O sindicato afirmou em um vídeo divulgado no youtube no sábado, 21, que estava entrando em contato com o Ministério da Defesa para exigir a suspensão das atividades. O argumento principal é de que há uma portaria que determina que as Forças Armadas devem acompanhar os decretos estaduais de suspensão de atividades escolares. “Eles estão sendo obrigados a manter as aulas e manter as aulas significa ter pessoas que entram e saem da escola, que podem contaminar os estudantes. A gente está preocupado", reforçou Elenira.

A diretora reforçou que também entraria com ações junto ao Ministério Público, para legalmente pressionar as entidades militares de ensino a paralisarem suas atividades. Ela classificou que os alunos em regime de internato estão "aquartelados", sem direito de sair da escola e sendo obrigados a manter a rotina de atividades. Servidores fora dos grupos de risco de mortalidade pelo coronavírus também estariam sendo obrigados a seguirem as atividades normalmente.

Em nota, a Marinha do Brasil confirmou que está mantendo seu calendário de atividades normalmente, mas assumindo medidas de higienização e monitoramento dos alunos recomendadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Ministério da Saúde (MS). Ainda em nota, a organização militar informou que suspendeu o licenciamento por 15 dias e tem mantidos os alunos em seus quartéis para evitar “exposições em deslocamentos para suas cidades de origem”.

Coronavírus no Ceará e no Brasil

O número de casos confirmados de infecção por coronavírus, no Brasil, chegou a 2.201, na tarde desta terça-feira, 24. País soma 46 mortes, de acordo com informações passadas do Ministério da Saúde (MS).

No Ceará, o número de casos confirmados chegou a 185 de acordo com o boletim divulgado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). O último registro apontava 164 casos.