França x Argentina reúne ataques poderosos, gerações geniais e um novo tricampeão
De um lado estará Messi, que em seu último jogo pela Argentina em Copas do Mundo busca o título que falta em sua carreira. Do outro, Mbappé, o jovem prodígio em ascensão que quer se consolidar, de uma vez por todas, como o novo craque do futebol mundial
20:47 | Dez. 14, 2022
A final da Copa do Mundo está definida. Argentina e França, os melhores e mais eficientes times no Catar, chegam para a decisão do principal torneio futebolístico do planeta com méritos, expectativas e responsabilidades. A partida, que acontece no domingo, 18, às 12 horas, marca o encontro de duas gerações de jogadores geniais, Messi e Mbappé, além de representar a chance de um tricampeonato para ambas as seleções.
Em busca do tri
Argentina, em 1978 e 1986, e França, em 1998 e 2018. Estes foram os anos em que as seleções venceram uma edição da Copa do Mundo. Em 2022, apenas uma poderá tornar-se tricampeão mundial, feito que somente Brasil (5x), Alemanha (4x) e Itália (4x) conseguiram em todo história da competição.
O jejum argentino é longo, mas não envolve apenas isso. Os 36 anos sem levantar a taça da Copa do Mundo incomodam, mas a possibilidade de Messi — um dos maiores jogadores de todos os tempos — encerrar a carreira pela seleção sem conquistar o título também é motivo de angústia. Colecionador de feitos por clubes e prêmios pessoais, o camisa 10 demonstrou, no Catar, que não está satisfeito.
Com atuações que remetem comparações ao ídolo Maradona, Messi tem sido o grande maestro da Argentina nesta Copa. Em 2014, o meio-campista amargou um vice-campeonato após Gotze, na prorrogação, marcar o gol que garantiu a vitória da Alemanha. Contra a França, possivelmente, será a última chance de repetir o que “Dieguito” fez em 1986 e Daniel Passarella em 1978.
A França, por outro lado, chega para sua segunda final consecutiva de Copa do Mundo. Campeã em 2018, quando atropelou a Croácia por 4 a 2, os europeus querem confirmar a posição de soberania no futebol mundial diante da Argentina. Mesmo com diversos desfalques antes do início da competição, a geração francesa, impulsionada pelo trio Mbappé, Griezmann e Giroud, comprovou a sua força.
Além da chance de vencer o tricampeonato, a França pode igualar algo que somente Brasil (1958 e 1962) e Itália (1934 e 1938) conquistaram até então na Copa do Mundo: dois títulos do torneio em sequência.
Um duelo de ataques poderosos
Em paralelo a todo simbolismo que a final representa, há algo dentro de campo que certamente deve chamar a atenção: o poderio ofensivo das seleções. Com 13 gols marcados em seis jogos, a França tem o melhor ataque do campeonato, posição dividida com a Inglaterra — seleção que eliminou nas quartas de final.
A Argentina não está muito longe dos franceses. Os sul-americanos, com a mesma quantidade de partidas, balançaram as redes adversárias em 12 ocasiões, sendo o segundo melhor ataque do mundial ao lado de Portugal.
Não à toa, os quatro maiores goleadores da atual edição estarão em campo na grande decisão de domingo. Messi e Mbappe, todos com cinco tentos marcados, dividem o posto de artilheiro da Copa do Mundo no Catar. Giroud e Julián Álvarez, com quatro, aparecem na segunda prateleira do ranking.
Além do embate no ataque, o meio-campo deve ser um setor de disputa interessante. Isso porque, Griezmann e Enzo Fernández vivem uma fase espetacular, com atuações de gala e, principalmente, consistência entre os jogos. Versáteis, os dois jogadores cumprem diversas funções defensivas e ofensivas, características que tornam ambas seleções mais dinâmicas, criativas e perigosas.
De um lado, Messi, do outro, Mbappé
Messi e Mbappé são, incontestavelmente, as principais estrelas de uma final que marca o encontro de duas gerações geniais. De um lado, está Messi, que próximo do fim de uma brilhante carreira, busca o tão sonhado título mundial pela Argentina. Do outro, Mbappé, um jovem em ascensão que, com 23 anos, pode ter duas Copas do Mundo vencidas. Frente a frente, os companheiros de clube no PSG lutarão por objetivos iguais, mas com significados diferentes.
Após a imponente vitória sobre a Croácia na semifinal, Messi confirmou algo que já havia premeditado anteriormente: essa é a sua última Copa. "Estou orgulhoso de poder encerrar minha carreira na Copa do Mundo jogando esta final. O que estou vivendo é algo emocionante. Com certeza o domingo será o meu último jogo em uma Copa do Mundo", contou, em entrevista na zona mista para o jornal Marca.
E por ser sua última, Messi tem entregado tudo de si em campo. Artilheiro do time com cinco gols, o meio-campista também quebrou recordes neste mundial. Tornou-se o maior goleador da história da Argentina em Copas do Mundo, com 11 tentos, ultrapassando assim Batistuta, que havia marcado 10, e igualou a marca de Matthaus como recordista de jogos disputados em mundiais pelo país.
Mbappé, apesar da pouca idade, foi protagonista no título de 2018 e, neste ano, não tem sido diferente. Pela qualidade, o atacante carrega consigo uma enorme responsabilidade em campo, sobretudo pela ausência de outras referências, como Benzema, atual bola de ouro. Diante deste cenário, o camisa 11 não costuma se intimidar, pelo contrário: são nestes momentos que ele cresce.
Incisivo, veloz e goleador, Mbappé é uma constante ameaça para a defesa adversária. Qualquer espaço ou desatenção é o suficiente para que o atacante explore de alguma maneira. Vencer duas Copas do Mundo em sequência, sendo protagonista da equipe, o colocaria, de uma vez por todas, como sucessor da geração de craques que ainda segue forte na memória dos apaixonados por futebol: Cristiano Ronaldo, Neymar e o próprio Messi.
Para Messi, é a oportunidade de encerrar a carreira da forma mais emblemática possível, eternizando-se, na história da Argentina, como um campeão mundial. Para Mbappé, é a chance de se consolidar, de uma vez por todas, como o novo craque do esporte, caminhando, assim, para se colocar entre os maiores.