Superlotação, obras inacabadas e sujeira: brasileiros encontram acomodações precárias no Catar

Organização local concentrou toda a demanda de hospedagem em agência única, mas são vários os problemas relatados

Não é novidade para ninguém que o Catar é um dos países mais ricos do mundo, figurando na 4ª colocação entre as nações com os maiores PIB per capita, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas, nem tudo é luxo na sede da Copa do Mundo 2022 e alguns brasileiros descobriram isso da pior forma: quando chegaram para curtir o mundial.

“Demoramos 29 horas para chegar ao Catar e, quando chegamos, nos deparamos com uma multidão do lado de fora da nossa acomodação”, relatou o médico Caio Lima, de 31 anos, que estava com o pai, o engenheiro Júlio Lima, 61, quando percebeu que a enorme fila se tratava de outros hóspedes aguardando para o check-in.

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Após algumas horas, se descobriu que não havia funcionários nos guichês de check-in. “A gente conseguiu encontrar uma ou outra pessoa que eram funcionários e a notícia que eles nos diziam era que alguns hóspedes já deveriam ter feito check-out e não fizeram. Por isso, não teriam quartos disponíveis para os novos hóspedes”, contou Caio.

Diante dos ânimos alterados, alguns torcedores entraram em áreas restritas e tiveram uma surpresa. “Descobrimos, na verdade, que eles não terminaram de construir. Então, tudo fez sentido. Não havia quarto porque eles não construíram os quartos que venderam”, pontuou Caio.

Tentando solucionar o problema, funcionários orientaram os turistas a ir para uma vila de torcedores, com a promessa de serem reembolsados. “A acomodação que a gente pagou ficava a 10 minutos andando de uma estação de metrô. Onde estamos agora é muito longe. Precisamos ir para a última estação da linha do metrô e ainda enfrentamos uma viagem de 50 minutos de ônibus”, lamentou o médico cearense.

Mas, os problemas não param por aí. De acordo com os torcedores brasileiros, as unidades de acomodação têm sinais de que foram finalizadas há pouquíssimo tempo e às pressas. “Sujos, com poeira, resto de obra de construção e com plásticos”, completou Caio que, junto com o pai, pagou R$ 12.751,28 para 11 dias, o suficiente para assistir aos três jogos do Brasil na fase de grupos do torneio.

Há uma promessa para reembolso do valor investido. No entanto, não há esperanças por parte dos brasileiros. “Não nos deram nenhum documento que diga isso. Foi meramente de boca”.

Caio e Júlio não foram os únicos. O desenvolvedor de software Rafael Leitão também percebeu que as obras pareciam, de fato, terem terminado há pouco tempo: “Quando eu cheguei, uma das camas tinha uma perna quebrada. Os azulejos estavam sujos e, quando eu fui tomar banho, caiu a areia”.

As acomodações foram disponibilizadas pela Agência de Acomodações do Catar (QAA) e eram obrigatórias para todos os torcedores que foram ao Catar assistir ao mundial in loco. É necessário apresentar, no posto de imigração, o Hayya Card, um cartão de identificação concedido pelo governo catari em conjunto com a FIFA, mediante comprovação de alguns dados, tais como: informações pessoais, voos de chegada e de saída, além de acomodação para os dias de permanência em território catariano.

A reportagem tentou contato com a Agência de Acomodações do Catar (QAA), mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

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