Catar é acusado de contratar torcedores para jogos da Copa do Mundo; entenda

De acordo com reportagem do The New York Times, o país-sede do Mundial recrutou torcedores do Líbano, Egito, Argélia e Síria para compor a torcida nos estádios

10:50 | Nov. 29, 2022

Por: Juliete Costa
Torcida organizada do Catar nas arquibancadas durante jogos do país na Copa do Mundo (foto: Manan Vatsyayana/AFP)

A Copa do Mundo do Catar começou no último dia 20 de novembro e se estenderá até 18 de dezembro. Os organizadores estimam atrair cerca de 1,2 milhão de pessoas para o evento. Nas arquibancadas dos estádios de Doha, a torcida do país-sede vem chamando a atenção. Desde a estreia contra o Equador na abertura do torneio, muitos torcedores uniformizados da seleção catari encheram as praças esportivas com uma energia contagiante.

No entanto, uma das críticas à realização da Copa no país, além do desrespeito aos direitos humanos, é que este não apresenta uma cultura futebolística. Partidas dos principais times como Al Sadd e Al Rayyan não costumam levar milhares de pessoas aos estádios. Sendo assim, surgiu uma questão: Quem são e de onde vêm os torcedores que fazem festa nas arquibancadas de Doha?

Segundo reportagem do jornal estadunidense The New York Times, o Catar contratou torcedores de outros países. A matéria diz que tudo começou em abril deste ano. Na ocasião, centenas de libaneses, muitos torcedores do clube local, Nejmeh, foram chamados para fazer um teste no Camille Chamoun Sports City Stadium.

O resultado impressionou os responsáveis pela Copa no país. Assim, os libaneses receberam ofertas de voos gratuitos, acomodações, ingressos para jogos e alimentação, além de um pequeno valor em dinheiro, a fim de formarem a torcida catari nos estádios. Os torcedores teriam chegado em outubro para ensaiar as músicas e as coreografadas.

Além dos libaneses, o grupo era formado por cerca de 1500 torcedores, incluindo também egípcios, argelinos e sírios. Um dos libaneses afirmou que era dever deles apoiar um país arábe. “Nós compartilhamos a mesma língua. Compartilhamos a mesma cultura. Somos dedos da mesma mão. Queremos mostrar ao mundo algo especial”, frisou ao The New York Times.

Ao veículo estadunidense, Abdullah Aziz al-Khalaf, um torcedor catari que não fazia parte do grupo afirmou que estava impressionado, pois “o povo do Catar não apoia o time assim porque não vai muito a jogos”.

A emissora alemã Deutsche Welle publicou que o Comitê Supremo (SC), responsável pela organização da Copa do Mundo, confirmou que pagou voos, hotéis e despesas de acomodação. Segundo a entidade, o programa “Fan Leader Network”, é voltado para "torcedores apaixonados por futebol" que devem "compartilhar informações importantes sobre a Copa do Mundo com seus amigos". No entanto, os organizadores negaram que as pessoas estejam sendo pagas em troca de "promoção da Copa do Mundo”, como postagens em redes sociais ou torcida uniformizada nos estádios.

Os torcedores foram recrutados somente para a fase de grupos. A maioria retornará aos seus países de origem após o confronto desta terça-feira, 29, contra a Holanda. O país-sede foi eliminado antecipadamente e entra em campo a partir de 12 horas para cumprir tabela.