Análise tática da Sérvia: como joga a primeira adversária do Brasil na Copa
O Esportes O POVO analisou os jogos recentes da Sérvia em amistosos e na última edição da Nations League e traçou as principais características táticas do time
10:24 | Nov. 24, 2022
O Brasil encara a Sérvia nesta quinta-feira, 24, no primeiro compromisso das duas seleções na Copa do Mundo do Catar. Favorita do Grupo G, a Seleção Brasileira espera iniciar o torneio com vitória para não ter problemas nos jogos seguintes.
Adversária da Amarelinha, a Sérvia busca somar pontos contra a pentacampeã do mundo para dar uma boa impressão na estreia. Para alcançar o objetivo, o time do técnico Stojkovic conta com um ataque poderoso com o intuito de surpreender os brasileiros.
O Esportes O POVO analisou os jogos recentes da Sérvia em amistosos e na última edição da Nations League e traçou as principais características táticas do time.
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Sistema tático
A Sérvia de Dragan Stojkovic atua em um esquema 3-4-3, que pode ser mais bem definido em um 3-4-1-2, uma vez que o meia-atacante Tadic, do Ajax-HOL, joga mais recuado que a dupla de ataque, formada por Vlahovic, da Juventus-ITA, e Mitrovic, do Fullham-ING.
Os dois alas da equipe não são laterais de origem, mas sim pontas, é o caso de Zivkovic, do Paok-GRE, e Kostic, da Juventus-ING; este último não deve enfrentar a seleção brasileira na estreia devido uma lesão e pode dar lugar a Mladenovic, lateral-esquerdo do Legia Varsóvia-POL.
Como os dois alas jogam bem avançados, o trio de zaga, formado por Milenkovic, Veljkovic e Pavlovic atuam bem espaçados enquanto a equipe tem a bola. Os dois defensores de lado, Milenkovic e Pavlovic, praticamente se postam como laterais da equipe no sistema tático. A trinca defensiva é protegida pelos dois volantes, Gudelj e Milinkovic-Savic.
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Saída de bola
A saída de bola da Sérvia é executada pelos três zagueiros e auxiliada pelos dois volantes, que costumam aproximar para dar opção de passes curtos ou atrair a marcação dos meias adversários para permitir os defensores realizarem a bola longa com a intenção de quebrar a pressão. O goleiro Vanja Milinkovic-Savic as vezes é acionado quando o time é pressionado.
Quando a defesa opta por passes longos, o alvo é Mitrovic. O atacante briga com os marcadores e tenta ganhar a primeira bola para dar prosseguimento ao ataque. Além disso, os alas pouco recuam para auxiliar na saída de bola e costumam ser acionados por ligações diretas.
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Fase ofensiva
Durante a fase ofensiva, a Sérvia se posta em um 3-2-5, com os dois volantes à frente do trio de zaga e uma linha de cinco jogadores na frente, formada por Kostic, Vlahovic, Mitrovic, Tadic e Zivkovic.
A linha de cinco tem o objetivo de abrir espaços na defesa adversária. Porém, a Sérvia tem dificuldades de criar jogadas pela região central do campo e opta por explorar os corredores laterais em velocidade quando consegue ultrapassar a segunda linha defensiva do oponente. Contra adversários mais fracos, é comum a equipe de Stojkovic utilizar de linhas altas.
A dificuldade em jogar pelo meio se deve pela pouca movimentação dos jogadores alinhados no ataque e da falta de infiltração dos volantes. Cada jogador guarda a posição no campo e o time progride de forma gradual pela falta de troca de posições durante as jogadas.
Até mesmo Tadic, um dos atletas mais criativos da equipe, muitas vezes durante a partida permanece fixo na posição. Em poucos momentos ele tem a liberdade de recuar e auxiliar a criação junto aos volantes.
Essa falta de aproximação coletiva obriga o time a realizar bolas longas explorando Mitrovic. O problema é que muitas vezes a segunda bola não fica com a equipe, visto que os demais homens de frente estão longe entre si e os volantes não dão combate efetivo contra os adversários temendo o risco de deixar o trio de defesa vulnerável no caso de perder a posse, uma vez que os dois alas estão formando a linha de cinco ofensiva.
Dessa maneira, o time aposta na velocidade dos jogadores de lado e na casquinha efetiva dos centroavantes para frente, na intenção de desmantelar a última linha defensiva do rival.
Como gosta de circular a bola para encontrar os alas, uma das principais formas da Sérvia de encontrar espaços no ataque é através das inversões. É comum os jogadores realizarem lançamentos de um lado do campo ao outro para encontrar o companheiro – que em geral é um dos dois alas – livre.
Até mesmo quando consegue penetrar na linha de fundo, a Sérvia prioriza cruzamentos no segundo pau para que o ala surpreenda o último homem da linha de defesa para finalizar.
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Fase defensiva
Sem a bola, a Sérvia se posta em um 5-3-2, com os dois alas fechando a linha de cinco defensiva e Tadic recuando pelo lado direito para fechar a trinca de meias.
Os servos se defendem em um bloco médio – e recuam na medida da progressão do rival – e realizam uma marcação mista, ou seja, cada atleta prioriza o espaço e no momento em que um adversário recebe a bola o encaixe é realizado para encurtar as ações de jogo do oponente. Apesar de utilizar essa estratégia, a marcação da Sérvia não é tão agressiva.
Mitrovic e Vlahovic não tem obrigações de recomposição defensiva, tendo em vista a função de válvula de escape para quando a equipe recuperar a posse. Os dois, porém, exercem importante função na saída de bola dos rivais. Os atacantes realizam a pressão para obrigar os defensores a tocar de lado ou rifar a bola. A função da dupla de ataque neste momento do jogo é evitar que o oponente quebre as linhas defensivas da Sérvia com enfiadas pelo meio.
Na hipótese de o adversário optar pelos lançamentos, a ideia é recuperar a bola e contra-atacar em velocidade pelas laterais.
Como joga com três jogadores de meio-campo protegendo a defesa, a Sérvia induz ao oponente a jogar pelas laterais e dificulta o trâmite de passes curtos pelo centro do campo.
Na saída de bola, a Sérvia adianta as linhas e realiza o encaixe individual. Mitrovic e Vlahovic pressionam os defensores e o goleiro, enquanto Tadic e os volantes cercam os meias ao mesmo tempo que os alas marcam os laterais.
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Transições
Transição ofensiva
Quando recupera a bola, a Sérvia busca imediatamente acionar os homens de frente, Mitrovic e Vlahovic, para dar início aos contra-ataques. Os dois geralmente são acionados por terem características de pivô e podem segurar a bola até a chegada dos companheiros de ataque para prosseguir a jogada.
Quando tem mais espaços e não está totalmente acuada no campo de defesa, a Sérvia explora um dos dois alas para penetrar em velocidade. Quando o contra-ataque é puxado por um dos meias, os alas correm em direção às laterais para ocupar espaços naquele setor ou atrair a marcação e abrir brechas na defesa adversária.
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Transição defensiva
No momento em que perde a bola, a Sérvia não realiza a pressão pós-perda com tanta agressividade. Pelo fato do jogador que estava com a posse não brigar novamente por ela – e nem os demais companheiros próximos da jogada – permite os adversários a terem mais espaço e tempo de organizar um contra-ataque.
E como o time se posta com alas bastante ofensivos, a recomposição também é prejudica por esse fator, tendo em vista que os alas naturalmente atrasam a corrida de volta ao campo de defesa porque não realizam o movimento de tentar recuperar a bola ou induzir o adversário ao erro no mesmo instante que a perde.
Para que o sistema defensivo não fique comprometido nos contra-ataques, os defensores e os volantes realizam uma aproximação no setor onde está o jogador rival e o induzem a passar a bola para outro corredor do campo, com o objetivo de atrasar o ataque e permitir a reorganização na defesa. Esta movimentação é chamada de “temporização”.