Um bloco de Carnaval no youtube
Neste domingo, às 16 horas, o cantor Bell Marques estaria dando início ao bloco Camaleão em Salvador. Com o visual do Farol da Barra de fundo, uma multidão dentro e fora das cordas iria seguir o astro da música baiana há décadas.
Por mais de 40 anos seguidos, este é o primeiro Carnaval em que o artista, muito querido no Ceará, não vai sair na avenida. Para não deixar a data em branco, ele foi um dos primeiros a anunciar que faria uma live em clima de folia. Portanto hoje, no exato horário de saída do bloco, convida foliões do mundo a acompanhá-lo, de casa, via youtube, relembrando os grandes sucesso da carreira. Em conversa comigo, Bell fala da sensação estranha de não cantar na rua, das lições da pandemia e do que preparou para hoje. Seguem trechos...
É + que streaming. É arte, cultura e história.
O POVO: Depois de quantos carnavais tocando você não sai na avenida? Como é essa sensação?
Bell Marques: São mais de 40 Carnavais seguidos. É uma sensação muito estranha, porque o Carnaval é algo muito natural lá em casa, é um evento pelo qual trabalhamos o ano todo...
OP: A live que você apresenta neste domingo vai ser com o espírito de nostalgia por não haver a festa? Como você programou sua apresentação? O que pretende transmitir a quem estará em casa?
Bell: Terá, sim, um pouco de nostalgia, montei um repertório especial que vai nos transportar pros Carnavais passados, pra gente celebrar essa festa tão especial em segurança, com quem a gente gosta.
OP: Vendo o documentário "Axé", no Netflix, fica muito evidente a importância do Chiclete com Banana e sua, como músico, na construção desse ritmo. Como você percebe o movimento axé hoje? É algo que sempre estará ligado ao Carnaval? Passou por hibridações com novos ritmos? Qual o futuro que se desenha?
Bell: O termo Axé em si nasceu de forma um pouco pejorativa. Ele resume um pouco do que se produz de música na Bahia. Dizer que a minha música é igual a de Ivete, à de Margareth, de Durval, por exemplo, e colocar tudo na mesma caixa é não conhecer a história de cada um desses artistas e suas referências. A Bahia é muito plural e o Axé é muito grande, ele é uma mistura de ritmos e nasceu exatamente dessa mistura.
OP: As lives musicais vieram para ficar? Depois que o mundo voltar a poder aglomerar, você se vê fazendo apresentações sem público via web?
Bell: Eu acredito que, em algumas ocasiões, ainda teremos algumas lives. Talvez para apresentar projetos especiais. É uma forma muito bacana de levar a um público muito mais amplo um pouco do nosso trabalho. Mas, as lives não substituem o calor humano que é muito do brasileiro.
OP: A geração de jovens para a qual você se apresenta hoje é completamente diferente daquela com a qual você se consolidou como artista, nos idos dos anos 80-90. Isso impacta de alguma forma nas letras, nos ritmos?
Bell: Sem dúvida, a gente se adapta de alguma forma, mas meu público é muito familiar, digamos assim. O jovem que me ouve hoje em dia tem um pai, um tio, um avô que é meu fã, então, ele cresceu ouvindo o meu som, ouvindo minha essência. Então, não me sinto obrigado a mudar, mas é claro que sempre tentamos coisas novas.
OP: Esquecendo um pouco o Bell estrela, qual a lição ou compreensão que a pandemia e todas as suas repercussões deixou para o Bell ser humano? O que vai ficar com você do que todos passamos?
Bell: Pra mim, a pandemia teve um lado muito positivo dentro de casa. Estar ainda mais próximo a Aninha, a Rafa e Pipo foi muito especial, reforçou nossa união e provou que sem família não somos nada.
OP: Uma mensagem aos leitores que estarão com você logo mais via youtube
Bell: Galera de Fortaleza, vocês sabem que são especiais na minha história. Quero vocês colados na TV, se divertindo em segurança, relembrando muita coisa que vivemos juntos nos últimos Carnavais. Quero vocês comigo!
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