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"É preciso parar esse cara", afirma Tasso após aglomeração de Bolsonaro no Ceará
Segundo o senador tucano, o presidente da República cometeu dois crimes: contra a saúde pública, ao promover aglomeração, e contra a federação, porque conclamou a população a desrespeitar o decreto de um governador do Estado
11:05 | 01/03/2021
O senador Tasso Jereirassati aumentou a pressão para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a conduta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na crise de Covid-19. O pedido ganhou mais força após as cenas de aglomeração e desrespeito às medidas sanitárias vistas na passagem de Bolsonaro pelo Ceará, na última sexta-feira, 26; um dia após o Brasil bater recorde diário de mortes por coronavírus (1.582 óbitos em 24 horas).
Tasso é um dos autores do pedido para abertura da investigação no Congresso Nacional que vai apurar a condução do combate à pandemia por autoridades públicas, incluindo o chefe do Planalto. A situação de emergência pela CPI da Covid, de acordo com o alerta do senador tucano, ganhou a adesão nesse sábado (27) de 12 senadores de oito diferentes partidos no Senado.
Em entrevista ao Estadão, Tasso afirmou que a instalação dessa nova CPI depende do presidente do Senado, Eduardo Pacheco, apoiado por Bolsonaro na eleição para o comando da Casa e também pela oposição. "Esse vai ser o grande teste do Rodrigo, se ele realmente é independente como está dizendo ou se para ganhar se comprometeu até à alma com o Bolsonaro", afirmou o tucano em entrevista ao Estadão.
Segundo o senador cearense, o objetivo da CPI "não é nem para punir, mas é para pelo menos parar essa insanidade. Por ser presidente da República, (Bolsonaro) não pode conclamar a população inteira a correr risco de morte sem nenhum tipo de punição". E completou: "É preciso parar esse cara".
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O tucano faz referência à vista de Bolsonaro ao Ceará, na última sexta-feira, quando ele disse que a população brasileira não "consegue mais ficar dentro de casa" durante a crise de Covid-19.
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"O povo quer trabalhar. Esses que fecham tudo e destroem empregos estão na contramão daquilo que o seu povo quer", disse o presidente ao criticar governadores que adotam medidas de restrição, orientadas por cientistas e especialistas em saúde pública, para conter o alastramento da pandemia. Um dia antes de vir ao Ceará, Bolsonaro chegou a criticar até o uso de máscaras.
Tasso explica que a CPI poderá fazer uma denúncia ao Ministério Público. E justifica: "Primeiro, há crime contra a saúde pública, isso é claro. Segundo, há crime contra a federação, porque está conclamando a população a fazer o contrário do decreto de um governador do Estado e ainda ameaçando governadores que fizerem isso". Novo decreto do governador Camilo Santana (PT) estabelece, entre outras medidas, toque de recolher mais cedo no Estado.
Impeachment
Ao mesmo tempo em que defende uma CPI contra Bolsonaro, Tasso Jereissati afirma que é contra o impeachment do presidente. "Acho que impeachment vai criar uma crise sem tamanho. E, outra coisa, ele tem seguidores. Vai piorar a coisa. Temos que conscientizar o presidente pelos seus puxa-sacos que isso tem consequências legais e ele vai ter que pagar por isso um dia. Não é assim. Dentro da CPI da covid-19, vamos levantar quem é responsável", destacou.
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Com informações do Estadão