Saúde
Planta da Caatinga é estudada por pesquisadores da Urca para tratamento de doenças
A espécie pode ajudar no tratamento de enfermidades como candidíase, doenças de chagas e leishmaniose. O botânico Weverton Almeida concedeu entrevista ao O POVO Online
19:11 | 16/08/2019
Uma planta da Caatinga está sendo estudada por pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (Urca), com o objetivo de contribuir para o tratamento de doenças infecciosas e parasitárias. Trata-se do Mussambê, conhecido cientificamente como Tarenaya spinosa. Com resultado de pesquisa, foi possível descobrir que a espécie pode ajudar no tratamento de enfermidades como candidíase, doenças de chagas e leishmaniose.
O vegetal é encontrada na Caantiga, floresta localizada no Nordeste. Devido ao clima tropical sazonalmente seco, a área detém alta biodiversidade, com espécies exclusivas da região. Rico em compostos secundários, a planta já é utilizada nas indústrias farmacêuticas para a fabricação e/ou formulação de produtos utilizados para tratar doenças. Hoje seu caule é usado para a fabricação de lambedores para tratamento de tosses e resfriados.
AO O POVO Online, o botânico Weverton Almeida falou sobre a atuação dos compostos secundários e como eles agem no organismo. “Eles atuam nos organismos por diversas vias, no caso dos que apresentam atividades microbiológicas, eles podem atuar inibindo bombas de efluxo”, destaca. “São substâncias que plantas produzem com a finalidade de sua proteção contra a herbivoria. Quando presentes em outros organismos podem apresentar atividades biológicas e farmacológicas”.
Fomentada pelos órgãos CNPq, Capes, Funcap e Urca, a pesquisa demorou cerca de quatro anos para ser feita e não apresenta um valor exato. A expectativa é quem em torno de 10 a 15 anos seja realizada a fabricação de remédios. "Após estes ensaios clínicos, mais testes deverão ser realizados visando a purificação das substâncias e elucidação dos mecanismos de ação deles. Por fim, a fabricação dos remédios devem passar por todas as recomendações da Anvisa. Até de fato o remédio poder ser colocado em circulação. Isso leva em torno de 10 a 15 anos”.
Weverton acredita que na Caatinga possa haver também outras espécies que ajudem na produção dos remédios. “A Caatinga está inserido no Bioma das florestas secas, de forma que os vegetais que são adaptados a estes locais apresentam grande variedade de compostos químicos ativos.”
Pesquisadores de várias instituições pelo Brasil fazem parte do trabalho, como Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Instituições internacionais como o Centro para el Desarrollo de la Investigación Científica (Cedic) e Fundación Moisés Bertoni/Laboratorios Díaz Gill, Asunción, Paraguai também participam.