Coronavirus

Covid-19: Circulação viral está disseminada em toda a Capital, aponta Sesa

O patamar de positividade de exames RT-PCR indica o aumento da circulação. Em oito dias, a taxa subiu 33% na Cidade. Até o último sábado, 16, foram registrados 138 óbitos em decorrência da pandemia no Ceará

19:10 | 22/01/2021

Atualizado às 20h34min

A circulação viral da Covid-19 está disseminada em parte significativa do território de Fortaleza, de acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) nesta sexta-feira, 22. Dados da pasta indicam que há aglomerados de mortes em vários bairros da cidade, o que indicaria a presença do vírus em todo o município. Nessa quinta-feira, 21, o governador Camilo Santana (PT) ampliou as medidas de restrição em Decreto Estadual.

O patamar de positividade dos exames RT-PCR, considerado mais confiável para monitoramento, também indica que a circulação do vírus segue crescendo na Capital. Entre os dias 10 e 18 deste mês, a proporção de positividade cresceu 33%. Em 2021, até o último sábado, 16, Fortaleza já registrou 71 óbitos e 6.733 casos confirmados.

De acordo com a Sesa, a intensificação da testagem é fundamental para que a pandemia seja controlada. “A ampliação da testagem RT-PCR direcionada a grupos específicos é essencial nessa fase para o monitoramento de surtos e identificação de mudanças no cenário epidemiológico”, defendeu em nota.

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Comparado à primeira semana do ano, o Ceará registra aumento de 121% do número de casos confirmados e redução de 32% no número de óbitos. No total, foram registrados 138 óbitos em decorrência da pandemia em 43 municípios até o dia 16 deste mês. Os óbitos vitimaram, em 75% dos casos, pessoas de 60 anos ou mais. 68% das mortes apresentavam doenças crônicas pré-existentes e uma era gestante.

Desde o início da pandemia, 10.320 cearenses morreram em decorrência da Covid-19, de acordo com dados da noite desta sexta-feira, 22, do IntegraSUS, plataforma da Sesa. O número de casos confirmados chega a 360.973 e o nível de ocupação de leitos de UTI já é de 74,5% — índice considerado como alerta moderado pela administração estadual.

Possível circulação de nova variante do vírus no CE preocupa especialistas

As incertezas acerca da nova variante do coronavírus que circula em localidades do Brasil, como Manaus e Rio de Janeiro, têm preocupado estudiosos da área. Lígia Kerr, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), observou que a nova cepa pode transmitir uma carga viral maior e parece romper mais facilmente a barreira imunológica. “Até pessoas fora do grupo de risco estão evoluindo muito mal. Precisamos mais do que nunca usar a máscara e não aglomerar”, argumenta.

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Nesta quinta-feira, 21, o secretário da Saúde, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, afirmou em entrevista coletiva que o Estado está investigando a existência de infecções no Estado pela nova variante do novo coronavírus. Parte deles veio de Manaus para se tratar em um hospital da rede privada de Fortaleza.

José Macêdo, cientista-chefe de dados da transformação digital do Governo do Ceará, ponderou que, além das ações do poder público, é necessário que as pessoas voltem a ter uma responsabilidade individual. “As pessoas estão relaxando, eu saio e vejo muitas pessoas já sem usar a máscara. Como existe muita movimentação, já era esperado que houvesse espalhamento, não é nada de anormal”, afirma.

A segunda onda do ciclo epidêmico, como é definido pela Sesa, cresceu a partir de cadeias de transmissão iniciadas entre jovens dos bairros mais favorecidos do município em outubro do ano passado e seguiu se disseminando para o resto da cidade. “Esse é o comportamento esperado. No início da pandemia, acompanhamos a doença surgir em bairros como Aldeota e Meireles e depois se espalhar para o resto da Cidade”, pontua.

Com a tendência de crescimento e espalhamento da doença, Kerr defende que já é hora de voltar a fechar bares e restaurantes, como ocorreu no período mais crítico da pandemia. Ela observa ainda que é preciso rever as recorrentes aglomerações do transporte coletivo, que pode representar uma ameaça para a contaminação. "Não adianta ter a economia aberta se as pessoas vão morrer”, assinala.