Roberto Assaf e a verdade dos números: quantos títulos pelo Fla tem Zico e Gabigol?

Históriador do futebol brasileiro e ex-curador do Museu do Fla afirma que Galinho é o maior campeão do Flamengo isolado. E lista as conquistas

13:49 | Nov. 12, 2024

Por: Jogada 10

Roberto Assaf, um dos maiores historiadores do futebol carioca e um dos principais especialistas do Brasil, afirma que há um grande equívoco ao se afirmar que Gabigol, Arrascaeta e Bruno Henrique, após a conquista da Copa do Brasil 2024, se igualaram a Zico e Júnior como os jogadores com mais títulos na história do Flamengo. Para Assaf, essa contagem de 13 conquistas para esse quinteto é um erro histórico. Segundo ele, Zico é o líder absoluto, com o maior número de títulos do clube.

Assaf, que também é escritor e autor de mais de uma dezena de livros esportivos, explica que o número correto de conquistas de Zico é 23. À frente de Júnior, que possui 22. Já o trio Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol soma 17 títulos, e não 13, como frequentemente se menciona. Afinal, a diferença está na consideração das Taças Rio e Guanabara. Afinal, elas são relevantes, mas não foram incluídas na contagem para os jogadores das duas gerações. Assaf destaca que, em termos de relevância e importância, as Taças Rio e Guanabara sempre foram parte essencial da história do futebol carioca. Dessa forma, merecem reconhecimento na contagem de títulos.

“Há um grande equívoco em relação à contagem de títulos que acabou sendo adotada pela mídia, sem questionamentos. Inclusive, os próprios jogadores que participaram dessas conquistas aceitaram essa contagem sem contestar”, afirma Assaf. Ele continua: “Mas, sem entrar em discussões sobre outros nomes das gerações de 1980 e 2020, vamos aos números corretos.”

Zico – 23 títulos

Torneio do Povo (1972), Taça Guanabara (1972, 1973, 1978, 1979, 1980, 1981, 1982 e 1988), Taça Rio de Janeiro (1986), Estadual (1972, 1974, 1978, 1979, 1979, 1981 e 1986), Campeonato Brasileiro da CBF (1980, 1982 e 1983), Campeonato Brasileiro do Clube dos Treze (1987), Libertadores (1981) e Mundial de Clubes (1981).

Júnior – 22 títulos

Taça Guanabara (1978, 1979, 1980, 1981 e 1982), Taça Rio de Janeiro (1983 e 1991), Estadual (1974, 1978, 1979, 1979, 1981 e 1991); Além de Campeonato Brasileiro (1980, 1982, 1983 e 1992), Libertadores (1981), Mundial de Clubes (1981), Copa do Brasil (1990), Copa Estado do Rio de Janeiro / Capital (1991) e Taça dos Campeões Brasileiros (1992).

Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol – 17 títulos

Taça Guanabara (2020, 2021 e 2024), Taça Rio de Janeiro (2019), Estadual (2019, 2020, 2021 e 2024), Copa do Brasil (2022 e 2024), Campeonato Brasileiro (2019 e 2020). Além de Supercopa do Brasil (2020 e 2021), Copa Libertadores da América (2019 e 2022) e Recopa Sul-Americana (2020).

Conquistas esquecidas

Assaf lembra que decisões de Taça Guanabara e de Taça Rio de Janeiro fomentaram larga movimentação na imprensa e nos torcedores, tiveram influência em convocações para seleções;

“É fundamental esclarecer que todos os títulos que não estão na relação que a mídia relaciona foram quase sempre no Maracanã. Contra gigantes do futebol brasileiro, com públicos iguais ou muito superiores à capacidade atual do estádio. Além disso, com total estrutura e reconhecimento oficiais das federações e confederações. Ou seja, diplomação de atletas e troféus entregues pelas entidades. Além de pôsteres publicados em jornais e revistas, exibidos orgulhosamente em todos os locais e com voltas olímpicas”.

Por fim, Assaf faz questão de lembrar que não quer  discutir a quantidade de títulos conquistados por gerações distintas. Ou se uma foi melhor que a outra.

“O objetivo aqui é qualificar as competições. É explicar a importância das que foram desprezadas pela mídia. Enfim, muitos desses títulos só não valem quando não é o seu clube que ganha. Mas, a propósito: ainda há tempo para corrigir o equívoco da mídia”.

Museu do Flamengo

Roberto Assaf foi curador do Museu do Flamengo no seu primeiro ano de construção (2021). Ele é pesquisador do clube há 15 anos, contribuindo com alguns colegas que exercem – ou fizeram isso – atividade semelhante no cotidiano, como Arturo Vaz, Celso Júnior, Bruno Lucena, Eduardo Vinícius (ambos falecidos nesta década), Marcelo Abinader e Maurício Neves.

“Dudu, que faleceu infeliz e prematuramente em 2024 – foi indicado por mim – e aceito pelo Flamengo – para prosseguir na curadoria do Museu, trabalho que levou adiante até a sua inauguração, faz seis meses.

Assaf fez um livro com todos os jogos do Flamengo de 1912 e 2021

Roberto Assaf escreveu 19 livros, além de encioclopédias do futebol para jornais cariocas, como o Jornal dos Sports e o LANCE! Entre seus principais livros estão:

“Almanaque do Flamengo”, “Flamengo x Vasco, o Clássico dos Milhões”, “Fla-Flu, o Jogo do Século”, “Seleção Brasileira (1914 – 2006) – O livro oficial da CBF”, História do Campeonato Carioca” e o último o “Consagrado no Gramado”, de 648 páginas e que tem TODOS os jogos que o Flamengo fez de 1912 a 2021, mas que terá uma atualização.

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