Roberto Assaf: Peñarol, lógico, elimina o Flamengo de Tite
Mesmo mostrando um futebol medíocre, Peñarol segura o placar em 0 a 0. O Fla foi punido pelos seus erros
21:43 | Set. 26, 2024
Os deuses do futebol puniram o Flamengo. Não seria agora, depois de tantos erros ao longo da temporada, que eles permitiriam aos cariocas o golzinho que levaria – pelo menos – a decisão por pênaltis. Mesmo mostrando um futebol medíocre, o Peñarol segurou o placar, enquanto o adversário rodava de um lado para o outro, sem praticamente ameaçar a classificação uruguaia. Eliminação lógica na Libertadores, como a sequência do texto explica.
O clube que possui a maior torcida do Brasil, uma tradição de vitórias e títulos cariocas, nacionais, continentais e até mundial. Tem um orçamento formidável, e um elenco que é tido – eventualmente – como o melhor da América do Sul. Mas é dirigido, no futebol, a principal razão de sua existência, por uma Comissão Técnica que jamais conseguiu fazer o time jogar. E que forjou, por teimosia, presunção e incompetência, o punhado de vexames que levará o Rubro-Negro – a exceção foi o Estadual deste ano – a fechar 2023-2024 sem conquistas relevantes.
Na realidade, o que havia para ser dito, nos últimos meses, já cansou a todos. Mas é preciso ressaltar mais uma vez que a responsabilidade maior é efetivamente da turma que comanda o clube. Ela não teve visão, percepção ou interesse para promover mudanças substanciais, embora os resultados indicassem, com urgência, tal necessidade. Na prática, se todos perdem, os maiores prejuízos serão de fato dos dirigentes. Afinal, embora tenham mantido o equilíbrio financeiro, fracassaram na administração das coisas de dentro e de fora do campo. Por conta disso, serão obrigados a entregar seus cargos após as eleições que ocorrerão dentro de dois meses. Afinal, são de fato os resultados do futebol que proclamam os vencedores do pleito.
Flamengo ofensivo
A postura ofensiva do Flamengo era necessária, embora rara em partidas fora de casa. Mas não era suficiente para criar oportunidades efetivas de gol, tanto que o primeiro tempo terminou 0 a 0. O que surpreendeu ainda mais foi o jogo retraído do Peñarol. O uruguaio armou um esquema para segurar a vantagem de 1 a 0, obtida no Maracanã. Não seria exagero afirmar que o time dava chance ao azar, pois, quando atacado, o carioca é sempre uma tragédia. O que se via, assim, era um duelo entre um adversário curiosamente covarde, que deixava sua própria torcida ressabiada, sem força para pressionar, e outro, que apesar da situação, não assustava. Restou, ao ser anunciado o intervalo, um enorme trabalho para a TV editar os chamados melhores momentos.
E não é que o Peñarol voltou recuado para a etapa final? O problema é que os equívocos da ministerial CT de Tite começaram quando manteve os laterais – prioritariamente marcadores – e Plata, que estava prontinho para ser expulso. Ressalta ainda a permanência de Gabriel no banco, fato de uma insistência inaceitavelmente absurda. Difícil era entender os motivos que levavam a equipe uruguaia a jogar – como fez no Rio – por uma bola.
Nervosismo e eliminação
Após dez minutos, quando o Flamengo começava a perder a intensidade, o treinador lançou enfim Wesley e Gabriel. Mas o time costurava muito e não produzia chances, levando o Peñarol a cadenciar cada vez mais o ritmo, para escoar o tempo, o que fazia sem dificuldades, tanto que aos poucos foi ganhando coragem para marcar o gol que liquidava o confronto. A torcida aurinegra acordou, e o time carioca passou a tropeçar na necessidade de vencer, entregando o jogo com freqüência ao adversário.
Curioso notar como Tite escreve sempre torto até quando busca o certo. Pois as substituições arrancaram o equilíbrio do Rubro-Negro, que entrou, por volta de meia hora, no desespero. Ayrton Lucas, afinal, pisou o gramado. Bastava ao time uruguaio explorar o nervosismo, já aparente, dos cariocas, naquele momento.
O Peñarol trocou atacantes, o que poderia dar-lhe alguma vantagem, e o Flamengo já não tinha a noção de como poderia superar a retranca local. Aos 37, David Luiz e Matheus Gonçalves foram para o campo, e restava, ali, o milagre. Aos 40, De La Cruz, sem marcação, de frente para a meta, mandou um chute de 80 milhões, na geral do estádio. Arrascaeta, pouco depois, resolveu imitá-lo. E a cabeça de Tite – e de seus conselheiros – deu mais um passo para rolar pela ribanceira.
O pior é que, por mais incrível que possa parecer, isto só ocorrerá após a eliminação na Copa do Brasil, em plena Zona Leste de São Paulo.
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