Trabalhadores no Japão insatisfeitos com a rotina no emprego têm recorrido a serviços de agências especializadas para "terceirizar" o pedido de demissão. É o que mostrou reportagem do Wall Street Journal.
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A necessidade de recorrer a profissionais para fazer algo que parece simples se explica pela cultura do trabalho no Japão. O conceito de hierarquia e o receito da reação de chefes a pedidos de demissão inibe os trabalhadores que desejam encerrar o vínculo.
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Uma empresa de consultoria na área de nome Exit afirmou registrar uma média de mil clientes por ano atrás do serviço que evite o transtorno de precisar pedir demissão pessoalmente. Segundo reportagem da CNN em Tóquio, há relatos de casos de patrões que chegaram a rasgar as cartas de demissão na cara do funcionário.
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O Japão vive uma escassez de mão de obra, o que explica o aumento de casos de trabalhadores dispostos a trocar de emprego. O cenário deve-se à diminuição populacional dos últimos anos.
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O Ministério do Interior do Japão divulgou em 25/7/2024 que a população diminuiu em 861 mil em 2023, chegando a 121,6 milhões de pessoas. A queda de 0,7% em relação a 2022 foi a maior no país desde que o começo dos registros em 1968. A diminuição do número de japoneses ocorre pelo 15º ano consecutivo.
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O ministério também informou que a quantidade de estrangeiros no país aumentou para 3,3 milhões. O afrouxamento de regras para a imigração tem gerado polêmica, mas é uma forma de o governo atrair pessoas para preencher a necessidade de mão de obra.
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A sociedade japonesa, tradicionalmente avessa à imigração, começa a perceber que os estrangeiros formam um grupo importante para surprir necessidades no país.
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Exemplo disso ocorre na cidade de Oizumi, que fica a duas horas de trem de Tóquio. Dos 42 mil habitantes, um quinto chegou do exterior. A prefeitura (foto) mantém a cidade focada na integração das nacionalidades. A estação de trem tem placas em português, espanhol, inglês, coreano e chinês, além do japonês.
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Com o declínio populacional, o governo japonês tem feito esforços para incentivar os casais a terem filhos. Há subsídios governamentais para as mulheres grávidas, além de auxílios com educação e saúde. E o governo também estimula aplicativos de namoro.
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Com a queda no número de habitantes, o Japão também registrou o número recorde de nove milhões de casas abandonadas. No país asiático, essas residências desocupadas são denominadas de “akiya”, termo que se referia às construções em áreas rurais.
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De acordo com dados do Ministério de Assuntos Internos e Comunicação do Japão, 14% dos imóveis residenciais do país estão às moscas.
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Cada vez mais são encontradas “akiya” em grandes centros urbanos japoneses, inclusive na própria capital Tóquio.
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“Não é um problema de construir muitas casas, mas de não ter gente suficiente mesmo. Esse é um sintoma do declínio populacional do Japão”, destacou à CNN Jeffrey Hall, professor da Universidade Kanda de Estudos Internacionals, na província de Chiba.
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Por tradição, as akiya costumam ser herdadas e isso explica parte do problema. Com a queda nas taxas de natalidade, há muitos casos em que não há uma nova geração para receber o imóvel.
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Em relação às moradias nas áreas rurais, há cada vez mais casos de herdeiros desinteressados em permanecer nessas localidades, preferindo migrar para grandes centros urbanos.
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Segundo especialistas ouvidos pela CNN, ainda há um aspecto financeiro contribuindo para essa realidade do aumento de residências abandonadas.
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Muitos proprietários optam por não modernizar os imóveis porque fica mais barato mantê-los, ainda que envelhecidos.
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Uma consequência problemática do fato de haver tantas casas abandonadas é o aumento dos riscos à segurança em situações de desastres naturais.
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Como o Japão é muito suscetível a terremotos e tsunamis, a falta de manutenção de tantos imóveis torna mais complexas as operações de resgate e reconstrução de cidades.
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Existem ainda os riscos sociais associados ao aumento de casas abandonadas para a segurança pública e preservação do meio ambiente. É um quadro que pode deteriorar a qualidade de vida nessas cidades.
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Estudiosos da Universidade de Tóquio dizem que é preciso haver políticas públicas que aproveitem os espaços ocupados por essas casas abandonadas para criar novas estruturas que tragam proveito à comunidade.
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O Ministério de Assuntos Internos do Japão divulgou relatório em julho de 2023 apontando que todas as 47 prefeituras do país (o equivalente a estados no Brasil) tiveram redução populacional no ano anterior.
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