A ilha brasileira, infestada de cobras venenosas, onde é proibido botar os pés

07:04 | 07/11/2024 Autor Flipar

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Tipo Notícia

A Ilha da Queimada Grande, a 35 km do litoral paulista, é um dos lugares mais perigosos do mundo. Entra em qualquer lista de ambientes onde o ser humano não pode pisar (exceto com autorizações especiais). — A Ilha da Queimada Grande, a 35 km do litoral paulista, é um dos lugares mais perigosos do mundo. Entra em qualquer lista de ambientes onde o ser humano não pode pisar (exceto com autorizações especiais). Crédito: Prefeitura Municipal de Itanhaém wikimedia commons

A ilha pertence à Marinha do Brasil. Mas o acesso não é liberado nem mesmo para os integrantes das Forças Armadas sem licença especial. Ali só podem entrar pesquisadores, ambientalistas e cientistas com autorização. — A ilha pertence à Marinha do Brasil. Mas o acesso não é liberado nem mesmo para os integrantes das Forças Armadas sem licença especial. Ali só podem entrar pesquisadores, ambientalistas e cientistas com autorização. Crédito: Ilha_da_Queimada_Grande_-Prefeitura de Itanhaém wikimedia commons

O motivo é a quantidade impressionante de cobras. Queimada Grande é a segunda ilha com maior densidade populacional de cobras no planeta. Três mil cobras numa área de 430 mil m². Ou seja, 143 cobras a cada mil m². É como se houvesse 1.430 cobras a cada campo de futebol. — O motivo é a quantidade impressionante de cobras. Queimada Grande é a segunda ilha com maior densidade populacional de cobras no planeta. Três mil cobras numa área de 430 mil m². Ou seja, 143 cobras a cada mil m². É como se houvesse 1.430 cobras a cada campo de futebol. Crédito: reprodução Libur R7

A Queimada Grande só perde em densidade de cobras para a Ilha de Shedao, na China, onde proliferam espécies locais, inclusive a espécie Gloydius blomhoffii (foto). — A Queimada Grande só perde em densidade de cobras para a Ilha de Shedao, na China, onde proliferam espécies locais, inclusive a espécie Gloydius blomhoffii (foto). Crédito: ks wikimedia commons

A Ilha da Queimada Grande faz parte de uma unidade de conservação criada em 31/1/1984. Tem o título de área de relevante interesse ecológico, ou seja, com proteção determinada por lei para a preservação da fauna e da flora. — A Ilha da Queimada Grande faz parte de uma unidade de conservação criada em 31/1/1984. Tem o título de área de relevante interesse ecológico, ou seja, com proteção determinada por lei para a preservação da fauna e da flora. Crédito: reprodução YouTube Richard Rasmussen

A ilha tem fauna endêmica (que só existe lá), como a jararaca-ilhoa (justamente a cobra que existe em profusão no local - foto) e a perereca 'Scinax peixotei' — A ilha tem fauna endêmica (que só existe lá), como a jararaca-ilhoa (justamente a cobra que existe em profusão no local - foto) e a perereca 'Scinax peixotei' Crédito: Nayeryouakim wikimedia commons

O mais antigo registro histórico da ilha data de 1532. O português Martim Afonso de Souza aportou na ilha durante uma missão colonizadora. — O mais antigo registro histórico da ilha data de 1532. O português Martim Afonso de Souza aportou na ilha durante uma missão colonizadora. Crédito: Leandro Manoel Afonso Mendes - wikimedia commons

O nome Queimada Grande tem uma explicação: os marinheiros que iam à ilha antes da proibição (até porque o farol era operado manualmente) acendiam grandes fogueiras para espantar serpentes. E o fogo era visto do continente. — O nome Queimada Grande tem uma explicação: os marinheiros que iam à ilha antes da proibição (até porque o farol era operado manualmente) acendiam grandes fogueiras para espantar serpentes. E o fogo era visto do continente. Crédito: Imagem de David Mark por Pixabay

O Instituto Butantan explica que a jararaca-ilhoa remonta a 11 mil anos atrás, após a Era Glacial. Com o aumento da temperatura, a espécie se adaptou no isolamento. — O Instituto Butantan explica que a jararaca-ilhoa remonta a 11 mil anos atrás, após a Era Glacial. Com o aumento da temperatura, a espécie se adaptou no isolamento. Crédito: reprodução butantan.gov.br

A falta de predadores naturais e da intervenção humana permitiu a proliferação dessas serpentes num ambiente isolado e a ilha foi se consolidando como um dos lugares mais inóspitos do planeta. — A falta de predadores naturais e da intervenção humana permitiu a proliferação dessas serpentes num ambiente isolado e a ilha foi se consolidando como um dos lugares mais inóspitos do planeta. Crédito: Reprodução de vídeo do facebook.com/Travel-Space

Esta espécie desenvolveu adaptações, ficando com cauda longa, para agarrar, e escura na ponta, usada para imitar larvas de inseto e atrair presas. — Esta espécie desenvolveu adaptações, ficando com cauda longa, para agarrar, e escura na ponta, usada para imitar larvas de inseto e atrair presas. Crédito: reprodução - Canal Vem Comigo YouTube

O veneno da jararaca-ilhoa é estudado pelo Instituto Butantan, mas seu antídoto é pouco fabricado, justamente porque essas serpentes vivem em área de acesso restrito a pesquisadores. — O veneno da jararaca-ilhoa é estudado pelo Instituto Butantan, mas seu antídoto é pouco fabricado, justamente porque essas serpentes vivem em área de acesso restrito a pesquisadores. Crédito: Sturm wikimedia commons

Em 1911 o faroleiro Antônio Esperidião da Silva foi o responsável por enviar exemplares da jararaca-ilhoa para o Butantan, dando início às pesquisas com a espécie. — Em 1911 o faroleiro Antônio Esperidião da Silva foi o responsável por enviar exemplares da jararaca-ilhoa para o Butantan, dando início às pesquisas com a espécie. Crédito: arquivo Instituto Butantan

Desde 1925, um farol automático está instalado na parte mais plana da ilha, mantido e conservado pela Marinha. Mas sem necessidade de alguém no local. — Desde 1925, um farol automático está instalado na parte mais plana da ilha, mantido e conservado pela Marinha. Mas sem necessidade de alguém no local. Crédito: Reprodução de vídeo do facebook.com/Travel-Space

Para duas cidades paulistas, a Ilha da Queimada Grande chama muito a atenção. Afinal, são os municípios mais próximos da ilha (a 35 km do litoral de São Paulo, entre essas duas cidades: Itanhaém e Peruíbe) — Para duas cidades paulistas, a Ilha da Queimada Grande chama muito a atenção. Afinal, são os municípios mais próximos da ilha (a 35 km do litoral de São Paulo, entre essas duas cidades: Itanhaém e Peruíbe) Crédito: Renato Augusto Martins wikimedia commons

Itanhaém é um dos 15 municípios paulistas considerados estâncias balneárias. Com 601 km², tem 104 mil habitantes, a 109 km da capital São Paulo. — Itanhaém é um dos 15 municípios paulistas considerados estâncias balneárias. Com 601 km², tem 104 mil habitantes, a 109 km da capital São Paulo. Crédito: Felipe Beltrán Mejía wikimedia commons

Peruíbe é uma cidade com belas praias, turismo ecológico e turismo rural. Fica a 141 km da capital São Paulo e tem 67 mil habitantes em 326 km². — Peruíbe é uma cidade com belas praias, turismo ecológico e turismo rural. Fica a 141 km da capital São Paulo e tem 67 mil habitantes em 326 km². Crédito: Onjacktallcuca wikimedia commons

As jararacas-ilhoas são predadoras dos atobás-pardos, espécie que tem o hábito de botar ninhos em ilhas e que também se reproduz na Queimada Grande. As cobras capturam os pássaros e também comem os ovos. — As jararacas-ilhoas são predadoras dos atobás-pardos, espécie que tem o hábito de botar ninhos em ilhas e que também se reproduz na Queimada Grande. As cobras capturam os pássaros e também comem os ovos. Crédito: André Ganzarolli Martins -wikimedia commons

Lagartos, anfíbios e centopeias (foto) também são comidos pelas jararacas-ilhoas — Lagartos, anfíbios e centopeias (foto) também são comidos pelas jararacas-ilhoas Crédito: Imagem de Lynn Greyling por Pixabay

As jararacas-ilhoas ficam em galhos com frequência, podendo capturar presas também no alto. Mas elas têm capacidade de passar meses sem alimento. — As jararacas-ilhoas ficam em galhos com frequência, podendo capturar presas também no alto. Mas elas têm capacidade de passar meses sem alimento. Crédito: reprodução YouTube Mar Sem Fim

O jornalista Goulart de Andrade (1933-2016) entrevistou o herpetólogo (especialista em cobras) Marcelo Duarte, do Butantan, que disse: Esse bicho não come mais que 3 pássaros por ano. Sobrevive com pouquíssimo alimento. — O jornalista Goulart de Andrade (1933-2016) entrevistou o herpetólogo (especialista em cobras) Marcelo Duarte, do Butantan, que disse: Esse bicho não come mais que 3 pássaros por ano. Sobrevive com pouquíssimo alimento. Crédito: -reproducao-Canal-Vem-Comigo-YouTube

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