Veja como ler corretamente os rótulos dos chocolates na Páscoa

Especialistas explicam como escolher os ovos conforme diferentes restrições alimentares

A Páscoa é um período tentador para os amantes de chocolate: são diversas opções e uma mais saborosa que a outra. Em 2024, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoins e Balas (Abicab), a produção de ovos de Páscoa cresceu 17% em relação aos anos anteriores. São 58 milhões de unidades disponíveis esse ano no comércio. 

Com o avanço da tecnologia alimentícia, mesmo quem tem alguma alergia ou restrição alimentar pode comer chocolate tranquilamente, desde que leia atentamente o rótulo para conferir os ingredientes e siga as orientações do médico.

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Porém, para aqueles que consideram os rótulos um grande mistério, a alergologista Camila Pereira e a nutricionista Patrícia Rosa, do Eco Medical Center, ensinam a desvendá-los de forma fácil. Assim, até mesmo quem tem diabetes, colesterol alto, alguma intolerância alimentar ou apenas deseja emagrecer consegue aproveitar a Páscoa de forma tranquila!

Pacientes com alergia à proteína do leite 

Muitos pacientes possuem alergia à proteína do leite de vaca (APLV) ou intolerância à lactose, que não são a mesma coisa. Por lei, os rótulos de alimentos precisam conter informações bem visíveis, como a presença de leite e de lactose, açúcar, glúten, trigo, ovo, entre outros ingredientes.

E a alergologista Camila Pereira mostra algumas “pegadinhas” existentes nos rótulos. “Se o alimento está escrito ‘não contém lactose’, não necessariamente ele é hipoalergênico (não causa alergia ao leite). A lactose é o açúcar do leite e ela vem muitas vezes contaminada com proteína, mas as proteínas do leite muitas vezes possuem outros nomes nos rótulos”, alerta a médica.

Ingredientes que podem indicar a presença do leite

São exemplos de ingredientes que podem indicar a presença do leite, apesar de não terem a palavra “leite” no nome: soro (isento de lactose, de concentrado de proteínas, desmineralizado), proteína de soro, whey protein, caseína, caseinato (todos os tipos: de amônio, cálcio, magnésio, potássio ou sódio), estabilizantes caseinato de sódio, fermento lácteo, lactoalbumina, lactoglobulina, lactoferrina, composto lácteo, mistura láctea, proteína láctea do soro microparticulada (substituto da gordura), lactose, lactulose, lactulona, tagatose e gordura anidra.

Produtos que causam reações alérgicas

Também são produtos que contêm leite e desencadeiam reações alérgicas em pacientes com APLV: gordura de manteiga, óleo de manteiga, éster de manteiga, diacetil (normalmente usado em cerveja e pipoca amanteigada), corante/saborizante caramelo, sabor de açúcar mascavo, chocolate, saborizantes naturais ou artificiais, aroma ou sabor natural ou artificial de manteiga ou margarina, creme de baunilha, creme de coco, cultura de ácido lático e outras culturas bacterianas e nisina.

Pacientes com alergia às oleaginosas

Indivíduos que têm alergia às oleaginosas (amêndoa, amendoim, avelã, castanha-de-caju, castanha-do-pará, nozes etc.) precisam ficar atentos, afinal são ingredientes comuns nos chocolates de Páscoa, incluindo os ovos gourmet. “Vale lembrar que pacientes que são alérgicos a ovo não podem consumir oleaginosas”, afirma a alergologista.

Pacientes com intolerância ao glúten

Os intolerantes ao glúten ou ao trigo devem lembrar que as colombas pascais possuem estes ingredientes. Emulsificante também se refere a um produto que deve ser procurado nos rótulos e evitado. Para ter certeza de que os chocolates são seguros, indicam as profissionais, a pessoa pode fazer seus bombons e ovos de Páscoa em casa.

Mulher em fundo roxo com uma barra de chocolate na mão e com a outra levando um pedaço de chocolate à boca
Comer chocolate sem exagero ajuda a manter a saúde durante o período da Páscoa (Imagem: Dean Drobot | Shutterstock)

Quantidade ideal de consumo de chocolate ao dia

Um dos grandes desafios dos pais na Páscoa é fazer as crianças entenderem que não podem comer o chocolate todo de uma vez. Até mesmo os adultos não resistem e “abusam”. Para os mais velhos, explica a nutricionista Patrícia Rosa, o ideal é o equivalente a dois ou três “quadradinhos” de um chocolate em barra por dia.

Todavia, a profissional ressalta que, para quem possui algum problema de saúde ou quer emagrecer, não custa nada ir ao médico ou ao nutricionista e pedir orientações. Melhor comer com controle do que se privar e ficar com vontade.

Cuidados com as crianças

Para as crianças de até dois anos, o chocolate, principalmente com açúcar, não é recomendado. Acima dessa idade, também é possível seguir a orientação de até dois quadradinhos por dia, sempre explicando que o chocolate em excesso pode doer a barriga e trazer dificuldade na hora de ir ao banheiro.

Há alguns “truques”, ensina Patrícia. O primeiro é escolher os ovos de Páscoa que possuem a casca mais fina, com menos chocolate. As crianças pequenas podem até entender a equivalência dos “quadradinhos”, mas não tanto a espessura do ovo. A outra dica é sempre negociar para comer o chocolate após as refeições ou após comer um pedaço de fruta. Ou seja, interagir com outros alimentos saudáveis.

Prateleira de mercado com produtos de chocolate para a Páscoa
Para escolher o chocolate ideal, é importante ficar atento às informações na embalagem (Imagem: Sheila Fitzgerald | Shutterstock)

Chocolates para restrições alimentares

A seguir, as especialistas explicam como escolher o chocolate ideal conforme as restrições alimentares.

Alergias

  • Chocolate sem leite: escolha os feitos à base de leite vegetal, como coco, amêndoas ou soja. Verifique se o produto é livre de traços de leite;
  • Chocolate amargo: com alto teor de cacau (acima de 70%), é naturalmente livre de leite e outros alergênicos;
  • Chocolate vegano: feito com ingredientes vegetais como leite de coco, manteiga de cacau e açúcar demerara.

Intolerância à lactose

  • Chocolate sem lactose: feito com leite sem lactose ou outros ingredientes que não causam intolerância;
  • Chocolate amargo: naturalmente livre de lactose;
  • Chocolate vegano: feito com ingredientes vegetais, como leite de coco, manteiga de cacau e açúcar demerara.

Diabetes

  • Chocolate com baixo teor de açúcar: com adoçantes naturais, como stevia ou xilitol;
  • Chocolate amargo: contém menos açúcar que a versão ao leite;
  • Chocolate com alto teor de cacau: rico em antioxidantes e com baixo índice glicêmico, ajuda a controlar os níveis de açúcar no sangue.

Colesterol alto

  • Escolha chocolates com menos de 30% de gordura;
  • Chocolate amargo: contém menos gordura saturada que a versão ao leite;
  • Chocolate com alto teor de cacau: rico em antioxidantes, que ajudam a reduzir o colesterol LDL (“mau” colesterol).

Dieta para emagrecimento

  • Moderação: consumir pequenas porções esporadicamente;
  • Chocolate amargo: contém menos calorias e mais nutrientes que ao leite;
  • Chocolate com alto teor de cacau: rico em fibras, que promovem saciedade.

Por Ceres Battistelli 

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