Turismo em La Rioja: veja o que visitar nessa província da Argentina
Esse destino argentino tem belíssimas paisagens e cultura rica em tradições
Paisagens montanhosas dramáticas, planícies áridas e cânions de rochas sedimentares avermelhadas. Esse é o visual que você vai encontrar em La Rioja, uma das 23 províncias da Argentina. O destino ainda é pouco conhecido pelos brasileiros, mas é perfeito para quem quer se aventurar em um lado diferente do país vizinho.
Localizada no noroeste da Argentina, La Rioja tem paisagens e formações geológicas de tirar o fôlego, um povo muito solícito e hospitaleiro e uma cultura rica em tradições. Atividades de aventura e expedições são os destaques desse destino, mas podemos citar ainda a gastronomia saborosa e o enoturismo.
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La Rioja faz divisa com a província de Córdoba, a leste, e com o Chile, a oeste. A capital homônima fica a 780 km de Mendoza, a 440 km da cidade de Córdoba e a 690 km de Salta. É a cidade de La Rioja que costuma ser a porta de entrada para a província, já que recebe voos diretos de Buenos Aires.
Chilecito: a segunda maior cidade de La Rioja
Vale considerar Chilecito como base para a viagem pelo destino. Chilecito é a segunda maior cidade de La Rioja e conta com uma boa infraestrutura turística. Sua localização é estratégica para quem quer explorar o oeste da província, onde estão os atrativos naturais mais famosos de La Rioja, incluindo o deslumbrante Parque Nacional Talampaya. Mesmo assim, prepare-se para enfrentar longas distâncias entre um passeio e outro, já que o território de La Rioja é bem extenso. Mas as estradas costumam ser ladeadas por belas paisagens montanhosas e vistas panorâmicas de tirar o fôlego.
Seu nome curioso tem duas explicações possíveis: no idioma dos nativos da região, significa algo como “um lugar pequeno no fim do mundo” pelas grandes distâncias que levavam até lá; também é um local que recebeu muitos chilenos para o trabalho na mineração.
Rota 40 e Cuesta de Miranda
A icônica Rota Nacional 40 (Ruta 40), famosa por cruzar a Argentina de norte a sul por mais de 5.000 km, do gelo da Patagônia aos desertos de Jujuy, atravessa a província de La Rioja, passando por Villa Unión e Chilecito. Essa estrada, considerada uma das mais cênicas do mundo e perfeita para uma roadtrip, é um dos trechos do caminho que leva de Chilecito ao Parque Nacional Talampaya. Esse trajeto tem um dos cenários mais bonitos quando atravessa a Serra de Famatina, em um caminho repleto de curvas entre as montanhas.
A paisagem é tão majestosa que faz você pensar que está em meio aos Andes – mas a cordilheira está ainda a algumas dezenas de quilômetros de distância. O auge desse caminho pela Rota 40 em La Rioja é a Cuesta de Miranda, na passagem que se abre entre as serras de Famatina e Sañogasta. Há um mirante onde é possível estacionar o carro e sair para apreciar a vista panorâmica e os enormes paredões de granito de variadas cores.
Parque Nacional Talampaya
Depois de atravessar a serra, a paisagem ao longo da estrada muda para grandes planícies áridas e avermelhadas, pontuadas por cactos gigantes, indicando que o famoso parque nacional se aproxima. Talampaya é considerado uma das 7 Maravilhas Argentinas e Patrimônio da Humanidade pela UNESCO junto com o Parque Ischigualasto – este último já na província vizinha de San Juan. Até onde a vista alcança, o solo é coberto por uma fina terra vermelha, resultado do desgaste natural das enormes rochas sedimentares que se espalham por todo o parque.
Formações geológicas únicas
Nessas grandes rochas vermelhas, cujos paredões parecem que foram lapidados intencionalmente para criar os mais impressionantes formatos, é possível observar a sequência completa do Período Triássico. Em 215 mil hectares, o Parque Nacional Talampaya guarda formações geológicas únicas no mundo, onde foram encontrados fósseis de dinossauros, plantas e ancestrais dos mamíferos, que datam de mais de 200 milhões de anos atrás e são essenciais para entender a evolução dos vertebrados no nosso planeta.
Entre as formações mais emblemáticas estão El Monje, que lembra uma figura humana, e o Cânion de Talampaya, por onde é possível caminhar entre os paredões que chegam a 200 metros de altura.
Variedades de passeios em Talampaya
Para melhor preservar esses recursos naturais, as visitas em Talampaya são sempre em excursões acompanhadas por um guia. Prestadores de serviços habilitados oferecem uma variedade de passeios, feitos em veículos, a pé ou de bicicleta e adquiridos separadamente. O parque tem duas entradas, cada uma com um centro de visitantes. A primeira, que conta com restaurante e loja de souvenires, leva à área do Cânion de Talampaya. Da segunda partem as excursões para o Cânion do Arco-Íris e a Cidade Perdida. Quando é tempo de lua cheia, acontecem excursões noturnas.
As chuvas em Talampaya são raras, concentradas de dezembro a março, e os dias são marcados por uma grande amplitude térmica. Além disso, durante o verão pode fazer mais de 40 °C. No inverno, as temperaturas chegam a ficar abaixo de 0 °C. Seja quando for a sua visita, use roupas e calçados confortáveis, beba muita água, pois o clima é bem seco, e não esqueça o protetor solar.
Cânion do Triássico
Bem ao lado de Villa Unión, cidade que fica no caminho para Talampaya a partir de Chilecito, está a pequena localidade de Banda Florida, onde se encontra mais uma maravilha geológica de La Rioja. É o Cânion do Triássico, reserva municipal que integra um circuito turístico ainda recente. Para visitá-lo, contrate uma agência de passeios local. O percurso pode ser feito a pé ou de mountain bike, sempre com acompanhamento de guias.
Muita história para conhecer
A melhor forma de conhecer o Cânion do Triássico é a bordo de um veículo 4×4. A excursão leva cerca de três horas, atravessando o terreno acidentado e pedregoso. O caminho, cheio de curvas e por vezes estreito, é ladeado por paredões de rochas sedimentares avermelhadas. Assim como no Parque Nacional Talampaya, essas formações rochosas datam de mais de 200 milhões de anos atrás, época em que os dinossauros habitavam esse território.
Durante o passeio são feitas paradas para que os passageiros possam tirar fotos, admirar algumas vistas panorâmicas e se deparar com algumas curiosidades geológicas. Há, ainda, passeios de astroturismo o ano inteiro. Por ser um lugar afastado dos grandes centros urbanos, o céu estrelado surge em toda sua plenitude.
Paisagens de outro mundo
Em La Rioja, não faltam cenários naturais surpreendentes. Ainda no oeste da província, formações rochosas que vão do castanho ao vermelho, em paisagens que poderiam ser de outro planeta, aparecem ainda em lugares como a Reserva Provincial Los Colorados, o Parque Provincial El Chiflón, o Vallecito Encantado e o Cânion de Anchumbil.
Laguna Brava
Seguindo pela Rota 76, até o Departamento Vinchina, no extremo oeste de La Rioja, estão as joias naturais em meio à Cordilheira dos Andes. Destaque para a Laguna Brava, uma das paisagens mais surpreendentes do destino. Essa reserva provincial guarda um sistema de lagoas de água salgada a mais de 3.000 metros acima do nível do mar.
Com um tom de azul turquesa, a Laguna Brava é cercada por altos picos nevados e praias de sal, tem cerca de 17 km de extensão e, durante parte do ano, é habitada por centenas de flamingos rosados. Essa área também abriga outros animais típicos dos Andes, como as vicunhas e os guanacos. A mesma reserva guarda ainda outras lagoas menores, como a Laguna de Mulas Muertas.
Corona Del Inca
Não muito longe dali está a Corona Del Inca, uma cratera vulcânica a uma altitude de quase 5.500 metros. A cratera é tomada por águas provenientes do degelo dos picos ao redor, formando um lago de 350 metros de profundidade – um dos mais altos do mundo. Para chegar a esse cenário fascinante, há expedições de 4×4 com guias, em uma travessia exigente pelos Andes, mas que compensa pelas vistas inesquecíveis. Para fazer esses e outros passeios, você pode – e deve – entrar em contato com agências locais, baseadas em cidades como Chilecito, Villa Unión e Vinchina.
Enoturismo e gastronomia
Como um bom destino argentino, o vinho tem destaque em La Rioja. A província tem três vales produtivos, sendo a terceira maior produtora vitivinícola do país. La Rioja tem até uma variedade de uvas original: o Torrontés Riojano, que faz um vinho branco apreciado em todo o mundo. Mas o solo riojano também produz Malbec, Bonarda, Syrah e Cabernet Sauvignon.
O clima de La Rioja é muito propício para a vinicultura, com grande amplitude térmica diária. Além disso, vale aproveitar o câmbio, que segue bem favorável aos brasileiros, para comprar muitos vinhos – ótimos rótulos ficam na faixa de R$ 20 ou R$ 30.
No Valle de Huaco, a apenas 35 km da capital La Rioja, a Finca Vista Larga é um empreendimento familiar que surgiu com o objetivo de produzir de forma sustentável os itens mais característicos da província: vinhos, azeitonas, azeites e nozes. Há, ainda, outras vinícolas que podem ser visitadas, como a Valle de la Puerta, em Vichigasta, perto de Chilecito. Ali, você pode percorrer os vinhedos de carro ou de bicicleta. Já a gastronomia regional de La Rioja se baseia em sabores tradicionais, uma cozinha que traz um aconchego para o corpo e a alma.
Você não pode deixar de provar
Além das típicas empanadas, aqui geralmente recheadas de carne e batata, não deixe de provar a humita (um saboroso creme à base de milho e abóbora) e o locro (um ensopado de milho, feijão-branco e abóbora). Ambos caem muito bem no inverno.
Quanto à sobremesa, o forte em La Rioja não é o dulce de leche, mas sim os doces de nozes confeitadas e os alfajores de vinho feitos com Torrontés Riojano. Em Chilecito, vale visitar La Rinconada, uma pequena fábrica de alfajores e doces artesanais, que também vende outros itens típicos de produtores locais, como vinhos e azeites.
Como chegar
As companhias aéreas Latam, GOL e Aerolíneas Argentinas operam voos para Buenos Aires partindo de diversas cidades brasileiras, incluindo rotas diretas. Da capital argentina até a cidade de La Rioja há oito frequências semanais no total, com a Aerolíneas Argentinas e com a companhia local Alas La Rioja.
Clima com grande amplitude térmica
Em La Rioja, a regra é a grande amplitude térmica, com dias ensolarados e noites mais frias. O inverno é curto, porém, bem frio e seco – por isso, não costuma nevar. Mesmo assim, as temperaturas são baixas, entre 0 °C e 10 °C. Em compensação, a temperatura média no verão é de 35 °C, podendo passar dos 40 °C. Chuvas são escassas e concentradas nesta estação.
Por Patrícia Chemin – revista Qual Viagem
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