Como será o banquete oferecido a Lula e Janja pelo imperador do Japão
Previsto para esta terça-feira (25/03), jantar faz parte de visita de Estado, a mais alta honraria concedida pelo governo japonês.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, serão os convidados de honra homenageados pelo imperador Naruhito em um banquete que será um dos pontos altos da visita do presidente brasileiro ao Japão.
A visita de Estado é um evento solene para a manutenção dos diálogos diplomáticos com outros países.
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Esse tipo de visita inclui cerimônias não costumam acontecer em outras visitas, como um banquete de recepção pelo imperador e a imperatriz, e a apresentação da família imperial ao chefe de Estado.
Esta é a primeira visita de Estado feita por um líder ao Japão em seis anos. A última foi de Donald Trump, em maior de 2019, ainda em seu primeiro mandato como presidente dos EUA.
O Japão havia planejado receber o líder chinês, Xi Jinping, em 2020, mas a visita foi adiada devido à pandemia de covid-19 e nunca foi remarcada.
De acordo com a atual Constituição do Japão em vigor desde 1947, o imperador passou de "divindade viva" a "símbolo do Estado e da unidade do povo", exercendo basicamente funções cerimoniais.
O imperador Naruhito assumiu o trono após seu pai Akihito abdicar por causa de sua idade e questões de saúde.
O atual imperador foi entronado em 2019, ocasião que foi acompanhada pelo então presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Agora, o atual presidente brasileiro, Lula, e a primeira-dama Janja estão sendo recebidos como hóspedes de Estado no Palácio Imperial, na capital Tóquio.

A visita do presidente brasileiro faz parte da celebração dos 130 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Japão.
O Brasil também busca fortalecer e intensificar as relações comerciais entre os dois países, em um momento no qual o governo Trump tem tensionado as política global e amplificado incertezas.
O jantar de gala desta terça-feira terá cerca de cem convidados. Serão 28 pelo lado brasileiro. Além de Lula e Janja, ministros, parlamentares e líderes sindicalistas chamados pelo presidente brasileiro para integrar a comitiva em sua quinta viagem ao Japão.
Do lado japonês, estão confirmadas 70 pessoas, entre elas Kazuyoshi Miura, jogador que atuou em clubes brasileiros entre 1986 e 1998 e segue jogando aos 58 anos, e Márcia Nishiye, a primeira brasileira a se profissionalizar como cantora no Japão.
O banquete também marcará a estreia da princesa Aiko, filha dos imperadores Naruhito e Masako, em um jantar de gala.

Conversas sobre temas amenos
"É uma demonstração de cortesia com os visitantes de alto escalão", explica o tradutor oficial Masato Ninomiya, que acompanhou todas as visitas anteriores dos presidentes brasileiros Ernesto Geisel, em 1976; João Figueiredo, em 1984; e Fernando Henrique Cardoso, em 1996.
"Geisel foi recebido pelo imperador Showa, que também compareceu ao jantar de retribuição oferecido pelo lado brasileiro no próprio Palácio Akasaka", conta Ninomiya.
"Quando Figueiredo esteve no Japão, o imperador já estava debilitado, e acredito que todos os atos de Estado estavam sendo realizados por seu filho, o príncipe herdeiro Akihito, que também recebeu FHC."
Ninomiya esteve ao lado dos presidentes nos banquetes e lembra com clareza do requintado serviço à francesa, com lugares marcados e regras como os garçons servirem os convidados pela esquerda e servir as mulheres primeiro.
"Os intérpretes são servidos antes do banquete com os mesmos pratos, mas estamos concentrados em nosso trabalho. O que me lembro nitidamente são os arranjos florais, sempre usando as cores verde e amarela."
Durante o jantar, sempre há um brinde do anfitrião em homenagem ao convidado.
Desta vez, o brinde se referirá aos 130 anos de relações diplomáticas e aos 117 anos da imigração japonesa no Brasil, que começou com a chegada de camponeses contratados para trabalhar nas lavouras de café em São Paulo.
Em seguida, Lula deve responder ao brinde agradecendo as palavras do imperador.
As conversas durante a refeição também costumam ser protocolares e giram em torno de amenidades.
"Na visita de Geisel, o Imperador perguntou sobre o clima e a colheita do café", recorda-se Ninomiya.
A Casa Imperial não confirmou o cardápio nem o repertório para o evento desta terça para o presidente Lula e esposa. No entanto, com base nos banquetes anteriores, é possível fazer algumas suposições sobre o que pode ocorrer.

Eventos anteriores contaram com menus elaborados segundo a culinária francesa, com pratos principais como carne de cordeiro e vegetais da fazenda real localizada na província de Tochigi — sempre levando em consideração as preferências e restrições religiosas dos convidados.
Além disso, a música, tradicionalmente executada pelo Kunaicho Gakubu (Departamento Musical da Casa Imperial), substitui o tradicional gagaku por instrumentos como violino e violoncelo, apresentando peças clássicas ou canções relacionadas ao país do convidado.
No banquete de 2019 ao presidente Donald Trump e sua esposa, por exemplo, foram tocadas canções como Home on the Range e Somewhere Over the Rainbow.
Segundo a imprensa japonesa, é possível que haja pequenas mudanças no banquete desta terça-feira oferecido pelo casal imperial e no estilo de hospitalidade com base na vasta experiência internacional do imperador Naruhito e da imperatriz Masako.
Estima-se que, desde o pós-guerra, o Japão tenha oferecido dezenas de visitas de Estado, ocasião na qual o orçamento necessário pode alcançar centenas de milhões de ienes.
Esse valor cobre despesas com segurança, eventos de recepção, jantares luxuosos, presentes diplomáticos, além da preparação de instalações especiais e infraestrutura.
O brasileiro Walter Saito, de 57 anos, e sua esposa, Lúcia, estarão entre os convidados presentes desta vez.

Ele imigrou para o Japão nos anos 1990 para trabalhar em fábricas, como muitos dos atuais 212 mil brasileiros residentes no Japão.
Ele é fundador e presidente do grupo TS, que atua no ramo de educação, transporte e da agricultura. Saito ficou conhecido como o "rei da cebolinha", por causa do volume de 20 toneladas diárias que sua empresa produz do tempero.
Como filho de japoneses que emigraram para o Brasil e, agora, imigrante brasileiro no Japão, Walter diz ser um grande motivo de orgulho ser convidado para o banquete.
Saito recebeu a notícia do jantar no início de março, quando recebeu um e-mail do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão informando sobre o convite da Casa Imperial.
O convite oficial chegou na semana passada, por correio.
"Fiquei surpreso. O convite, bem formal, traz o crisântemo dourado, símbolo da Casa Imperial. Se eu puder ficar com ele, vou colocá-lo em um quadro", diz Saito.
O código de vestimenta recomendado pelos anfitriões é formal para os homens (terno escuro). As mulheres podem escolher entre usar um vestido para cerimônias diurnas ou um quimono, o tradicional traje japonês.
Até a véspera do jantar, Saito diz que ainda estava em dúvida sobre qual traje usar: um terno azul marinho com uma gravata vermelha, em alusão à bandeira japonesa, ou uma gravata amarela (em referência à bandeira do Brasil).
Sua esposa também estava em busca de um vestido, porque não gostou da ideia de ir de quimono, como sugerido pelo marido.
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