90 anos de Elvis: 10 fatos que você talvez não saiba sobre o rei do rock
O cantor que muitos consideram o "rei do rock and roll" completaria 90 anos nesta quarta-feira (8/1).
Elvis Presley cativou milhões de pessoas ao redor do mundo com um estilo musical inovador, uma voz profunda e emotiva, exuberância física e extremo carisma.
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Ele faleceu em 16 de agosto de 1977, aos 42 anos, mas ficou eternizado como um ícone cultural.
Seus discos continuam sendo vendidos em todos os formatos. Ele continua sendo visto pelos fãs nos filmes em que estrelou em fotos, aparece em livros, novos filmes biográficos e segue "vivo" através de incontáveis imitadores.
Nos últimos anos, Elvis tem sido alvo de um revisionismo — sobre seus méritos musicais, uma suposta apropriação cultural e sua postura ambígua diante das tensões políticas e sociais nos Estados Unidos de sua época.
Ainda assim, sua lenda continua viva e ele segue sendo um marco essencial na história do rock and roll.
O cantor popularizou o gênero, foi catalisador de uma revolução cultural que serviu como plataforma de expressão para a juventude e sua atitude de rebeldia.
O guitarrista Keith Richards, dos Rolling Stones, descreveu a primeira vez em que ouviu Elvis como momento em que "o mundo era em preto e branco e se transformou em tecnicolor".
Conheça, a seguir, 10 fatos que moldaram a vida e o mito de Elvis Presley.
1. Criança tímida em uma infância pobre
Elvis Aaron Presley nasceu em 8 de janeiro de 1935, em uma pequena casa de dois cômodos na pacata cidade de Tupelo, no estado do Mississippi, no sul dos Estados Unidos.
Foi um parto gemelar; seu irmão gêmeo, Jesse Garon, nasceu morto.
Ele cresceu em um ambiente de pobreza. Seu pai, Vernon, trabalhava de forma intermitente como carpinteiro, pintor ou criador de porcos. Sua mãe, Gladys, era operária de uma fábrica de roupas, mas enfrentava problemas de saúde.
Diz-se que Gladys superprotegia Elvis, seu filho único, e que, para ele, a mãe era tudo.
Surpreende que alguém que conquistou o mundo com performances extravagantes tenha sido uma criança extremamente tímida.
Há relatos de que, na escola, precisavam empurrá-lo para o palco para que cantasse durante as apresentações.
"Nada destacava Elvis", disse à BBC Guy Harris, amigo de infância do cantor, em 2016. "Ninguém ficou mais surpreso do que eu com o que ele conseguiu."
2. Cresceu com influências negras
Elvis cresceu cercado pela comunidade negra, da qual absorveu muito de sua cultura e expressividade.
Mas, como um homem branco, pobre e do sul dos Estados Unidos, também foi influenciado pela música country, enquanto o fundamentalismo religioso de sua família o expôs aos hinos gospel da igreja.
De alguma forma, ele conseguiu fundir todas essas influências em um estilo único de cantar. Quando sua família se mudou para Memphis, no Tennessee, o adolescente entrou em um estúdio de gravação supostamente para registrar uma canção como presente para sua mãe.
O produtor do estúdio, Sam Phillips, estava à procura de um cantor branco que interpretasse a música negra promovida por seu selo.
Elvis surpreendeu ao cantar That's Alright com tamanha espontaneidade que deixou Phillips boquiaberto.
Phillips havia encontrado o som e o intérprete que buscava. Nascia uma estrela.
3. A TV proibiu filmá-lo da cintura para baixo
A ascensão de Elvis foi meteórica. Após o sucesso de That's Alright, mais discos foram lançados, e ele assinou um importante contrato com a gravadora RCA Victor.
Elvis complementava o lançamento de suas músicas com apresentações nas quais, de maneira instintiva, começou a mexer os quadris e a sacudir as pernas em movimentos que encantavam particularmente as jovens fãs, que respondiam com gritos histéricos. A imprensa, então, passou a apelidá-lo de "Elvis the Pelvis".
Seu empresário, o coronel Parker, organizou suas primeiras aparições na televisão, e, em 6 de janeiro de 1957, Elvis foi convidado para o The Ed Sullivan Show, o programa mais prestigioso da TV americana.
No entanto, temendo a controvérsia que seus movimentos sensuais poderiam causar, os produtores ordenaram que as câmeras filmassem Elvis apenas da cintura para cima.
4. Seu cabelo era loiro, mas ele tingia
Um dos elementos icônicos da imagem de Elvis era seu topete preto azulado, emoldurado por grossas costeletas da mesma cor. Mas poucos sabem que Elvis Presley era, na verdade, naturalmente loiro.
Embora na adolescência seu cabelo tenha escurecido um pouco, ele acreditava que o preto destacaria mais seus olhos azuis. No início da carreira, sem dinheiro para produtos especializados, Elvis tingia o cabelo com graxa de sapato.
Mais tarde, quando começou a explorar o cinema, seus ídolos eram Marlon Brando e Tony Curtis. Foi Curtis quem sugeriu que ele delineasse os olhos com lápis preto para acentuá-los, um truque de maquiagem que Elvis incorporou.
5. Alistou no Exército no auge da carreira
Em 1958, Elvis Presley havia alcançado fama internacional sem precedentes: vários de seus discos lideravam as paradas, ele havia estrelado diversos filmes e vivia em sua nova mansão, Graceland, em Memphis.
Em meio a tudo isso, foi convocado para cumprir o serviço militar obrigatório. A imprensa documentou cada etapa de seu processo de seu alistamento.
Elvis completou o treinamento básico em uma base no Texas, onde recebeu permissão para gravar algumas músicas e também para comparecer ao funeral de sua mãe, que morreu de hepatite — uma perda da qual ele nunca se recuperou completamente.
Depois, foi transferido para a Alemanha para concluir o serviço militar. Lá, o artista insistiu em ser tratado como qualquer outro soldado, cumprindo ordens e realizando tarefas corriqueiras.
Embora oficialmente não estivesse autorizado a se apresentar para as tropas, ele aproveitava para tocar piano e cantar para seus amigos e colegas, a única vez em que se apresentou fora dos Estados Unidos.
6. A relação 'inapropriada' com Priscilla
Durante seu período na Alemanha, Elvis conheceu Priscilla Beaulieu em uma festa. Ela era enteada de um oficial da Força Aérea dos Estados Unidos estacionado na base de Wiesbaden. Priscilla tinha apenas 14 anos, Elvis era 10 anos mais velho.
Apesar das objeções iniciais da família dela, os dois começaram a sair juntos. Quando terminou o serviço militar e voltou aos Estados Unidos, Elvis convenceu os pais de Priscilla a deixá-la visitá-lo em Graceland.
Eventualmente, ela se mudou para a mansão, sob a promessa de que terminaria os estudos e que se casariam quando atingisse a maioridade.
Hoje, essa relação seria vista como abusiva e poderia enquadrar Elvis como um predador sexual. No entanto, em sua biografia e no filme inspirado nela, Priscilla afirmou que eles não tiveram relações sexuais antes de ela completar 18 anos.
Eles se casaram alguns anos depois, mas o casamento foi marcado por infidelidades de Elvis com colegas de elenco. Divorciaram-se seis anos depois.
O casal teve uma filha, Lisa Marie, que morreu em 2023.
7. O encontro secreto com os Beatles
Em 1965, outro fenômeno musical dominava o mundo: os Beatles. Ironia do destino, o quarteto fazia parte da chamada "invasão britânica" nos EUA, composta por bandas de rock influenciadas por Elvis.
Para George, John, Paul e Ringo, Elvis era um ídolo e uma de suas primeiras inspirações. Durante uma turnê, os representantes de ambos organizaram um encontro entre eles.
Para evitar publicidade, a reunião foi realizada em segredo.
Eles se encontraram em uma mansão em Beverly Hills. A interação inicial mais tímida, com conversas superficiais, deu lugar ao entrosamento quando os artistas começaram a tocar instrumentos e a improvisar músicas.
"Os rapazes descobriram que podiam se comunicar melhor com suas guitarras", relatou Tony Barrow, assessor de imprensa dos Beatles e uma das poucas pessoas presentes.
"A música era o ponto de encontro natural deles, seu meio mais inteligente de comunicação."
Infelizmente, não há fotos nem gravações desse momento histórico.
8. O retorno triunfal com o especial de TV de 1968
Embora ofuscado por outras estrelas do rock com as quais os jovens se identificavam mais, anos depois do auge Elvis ainda tinha um trunfo guardado.
No início de 1968, ele decidiu gravar um especial de televisão que consolidaria seu repertório e seus estilos musicais. O programa foi ao ar em dezembro daquele ano.
Intitulado simplesmente Elvis, o programa ficou conhecido como o "Especial de Retorno". Com cenários luxuosos e um público convidado, o programa apresentou um mosaico das diferentes facetas de sua carreira, incluindo músicas românticas e gospel.
No entanto, o segmento mais marcante foi aquele em que Elvis, vestido da cabeça aos pés de couro preto, apareceu tocando guitarra de forma vibrante enquanto apresentava seus sucessos.
Tanto o artista quanto a crítica consideraram esse momento como o auge de sua trajetória.
Elvis havia retornado às suas raízes, recuperado sua imagem de ídolo e reassumido sua coroa de rei do rock and roll, mesmo que brevemente.
9. A visita ao presidente Nixon na Casa Branca
Em 1970, Elvis decidiu se encontrar com o então presidente dos EUA, Richard Nixon, para presenteá-lo com um revólver Colt 45.
Embora Nixon, conservador, não tivesse grande interesse pelo artista, o encontro foi marcado. Ambos viviam momentos desafiadores: o presidente lidava com a guerra do Vietnã, enquanto Elvis enfrentava sua crescente irrelevância cultural.
Eles encontraram afinidades em temas como a solidão do poder, a desconfiança em relação ao comunismo e a luta contra as drogas.
Apesar de não poder entrar na Casa Branca com o revólver, Elvis pediu e recebeu de Nixon um distintivo de agente antidrogas. Um pedido curioso, considerando que, embora Elvis não consumisse álcool ou drogas ilícitas, ele era dependente de medicamentos tarja preta.
10. Morte no banheiro
A decadência de Elvis foi trágica. Apesar de realizar uma temporada lucrativa de shows em Las Vegas no início dos anos 1970, ele já não era a sombra do artista que revolucionou a música.
Em 1977, o cantor era uma versão deformada de sua versão do passado. Lutava contra a solidão, era dependente de medicamentos, sofria com sobrepeso, insônia e constipação crônica.
Sob o controle de seu empresário, o coronel Parker, Elvis seguia a agenda de apresentações de forma desajeitada, lutando contra confusão mental e apatia.
Na tarde de 16 de agosto de 1977, sua namorada, Ginger Alden, encontrou o cantor morto no chão do banheiro de sua mansão Graceland. A causa apontada foi uma parada cardíaca.
Elvis foi enterrado em Graceland, onde seu túmulo é visitado por milhares de fãs, antigos e novos, que fazem peregrinação à cidade de Memphis.
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