Ciro deve se reunir com cúpula do PSDB para discutir filiação

Ciro deve se reunir com cúpula do PSDB para discutir filiação

Apesar de décadas de críticas ao PSDB e a caciques tucanos, Ciro deve se reunir com a sigla para discutir possível filiação

O ex-ministro Ciro Gomes deve se reunir com os dirigentes do PSDB, na próxima semana para discutir a possível filiação do ex-ministro ao partido que busca sobrevida após diminuir consideravelmente nos dois últimos pleitos presidenciais em 2018 e 2022 respectivamente.

A reunião pode ser uma oportunidade para a cúpula do partido aparar as arestas diante das várias críticas que Ciro fez à sigla ao longo dos anos. Atualmente no PDT, a saída do ex-ministro é cogitada diante aproximação do partido com o governador Elmano de Freitas (PT) e do próprio Ciro com políticos bolsonaristas no Estado.

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A principal ponte entre Ciro e os caciques da sigla é o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que se reconciliou com Ciro em 2020 após uma década de afastamento. Entre 1990 e 1997 Ciro foi filiado à sigla tucana. Depois, passou pelo antigo PPS, por PSB e Pros, até chegar ao PDT em 2015.

A possibilidade é de que o ex-ministro se reúna com Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB na próxima semana, de acordo com informações divulgadas pela Folha de S. Paulo. A cúpula do partido está interessada na candidatura de Ciro com Governo do Ceará em 2026, para enfrentar o petista Elmano de Freitas que deve tentar a reeleição.

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O Ceará é o terceiro maior colégio eleitoral da região Nordeste e o oitavo do Brasil, sendo importante para vitórias petistas em âmbito nacional. Os tucanos visam no Estado um suporte à volta do protagonismo nacional da sigla.

Membros do tucanato têm ressalvas a Ciro pelo histórico de críticas ao partido e em especial ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Os dirigentes querem acertar os pontos com Ciro e alinhar um discurso de mea culpa sobre as declarações.

O histórico de críticas de Ciro ao PSDB

Ao longo da trajetória política, Ciro Gomes acumulou série de críticas públicas ao PSDB e a nomes centrais do partido. As declarações mais incisivas começaram ainda na segunda metade dos anos 1990, quando Ciro deixou o partido, após ter atuado no governo de Itamar Franco como ministro da Fazenda em 1994, quando Fernando Henrique era candidato com apoio do então presidente.

Durante as campanhas presidenciais de 2002 e 2018, Ciro elevou o tom contra o PSDB, atribuindo ao partido responsabilidades por políticas econômicas que, segundo ele, teriam ampliado desigualdades sociais no Brasil. Ele também questionou o modelo de privatizações promovido nas gestões tucanas, especialmente nos anos 1990.

Em relação ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Ciro frequentemente o associou a uma visão “elitista” da política nacional. Em 2018, chegou a dizer em entrevistas que FHC representava “o neoliberalismo fracassado” e que a política econômica do ex-presidente resultou em “quebradeiras” e alta dependência do FMI.

O discurso contra Fernando Henrique se intensificou em momentos de aproximação entre o PSDB e o governo de Michel Temer. Ciro acusou setores tucanos de “conivência com o golpismo”, em referência ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, do qual o PSDB foi um dos principais articuladores no Congresso.

Além de FHC, Ciro também protagonizou embates verbais com Aécio Neves. Em 2014, quando o tucano disputava a Presidência com Dilma Rousseff, Ciro declarou que Aécio era “herdeiro de uma elite que perdeu o pudor” e sugeriu que ele não tinha preparo técnico nem moral para governar o Brasil.

Nos anos seguintes, as críticas de Ciro a Aécio ganharam novo fôlego após o tucano se tornar alvo de investigações. Em entrevistas e discursos, o ex-ministro mencionou diversas vezes os áudios divulgados em 2017, que envolviam o senador mineiro pedindo dinheiro a empresários, afirmando que o caso expunha um “modelo falido de política”.

Mesmo com a deterioração da imagem pública de Aécio, Ciro ampliou as críticas a outros líderes do PSDB, como José Serra e Geraldo Alckmin, então ainda entre os quadros tucanos. Em diferentes ocasiões, acusou ambos de terem responsabilidade na crise fiscal de estados como São Paulo e no aprofundamento do desemprego nacional.

Durante a pré-campanha de 2022, Ciro voltou a fazer críticas ao legado tucano, ao dizer que o PSDB teria “plantado as sementes” da crise econômica que se agravaria nos governos posteriores. Em sabatinas e debates, também afirmou que o partido “se afastou do povo” e “priorizou as elites financeiras”.

Apesar das críticas contundentes, Ciro manteve relação próxima com figuras específicas do PSDB, como Tasso Jereissati. Em diversas entrevistas, fez distinção entre o que chamou de “PSDB histórico e decente” e a ala que, segundo ele, se aliou a práticas que desvirtuaram os princípios da social-democracia.

Agora, com a possibilidade de filiação ao PSDB em discussão, as declarações passadas de Ciro voltam à tona, sendo observadas com atenção tanto por aliados quanto por críticos. A superação dessas divergências históricas se tornando assim um dos principais pontos de debate interno na legenda.

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