Deputados cearenses do PDT contrariam Ciro e se dizem contra o voto impresso

A despeito do que defende o principal representante do PDT e pré-candidato à Presidência Ciro Gomes, alguns deputados cearenses do partido se dizem contra a ideia

A implementação do voto impresso auditável não é unanimidade entre membros do PDT (Partido Democrático Trabalhista). A despeito do que defende seu principal representante e pré-candidato à Presidência Ciro Gomes, e o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, alguns deputados da sigla se dizem contra a ideia.

Levantamento do O POVO junto aos 22 deputados federais do Ceará sobre o voto impresso mostra que três dos cinco parlamentares do PDT se disseram contrários; a exceção é do deputado André Figueiredo, presidente do PDT no Ceará, que defende a mudança. Já o deputado Leônidas Cristino não retornou as mensagens da reportagem.

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O deputado Eduardo Bismarck, por exemplo, defende que o sistema se mostrou confiável nos últimos 20 anos e que o modelo já garante a aferição dos resultados. “Antes da utilização, para comprovação da urna zerada, é emitido o boletim de urna”, lembra.

“Tenho pra mim que o objetivo do grupo de apoio ao atual presidente é justamente questionar o pleito, questionando assim a democracia e enfraquecendo as instituições, levando eventuais disputas para a Justiça e criando caos social”, afirmou. O deputado ressalta também que novos modelos de contagem não vão inibir as alegações de fraude. “Como o próprio Ministro (Luiz Roberto) Barroso mencionou em plenário, qualquer sistema é questionável, especialmente por quem perde”, completou.

Na mesma linha argumenta o seu correligionário Robério Monteiro, que não vê motivos para mudança e defende que o Brasil é “modelo no quesito apuração eleitoral”. “Na minha opinião, o voto impresso seria o maior ato de retrocesso da história desse país. Temos um exemplo hoje que é o Peru”, disse. Já o deputado Idilvan Alencar teme que o sigilo do voto possa ser comprometido e acredita que a mudança venha a favorecer a compra de votos.

A defesa do partido ao modelo auditável remonta aos tempos de Leonel Brizola, como lembra o deputado André Figueiredo. “Nós temos absoluta confiança que o sistema funciona perfeitamente, mas o voto auditável serve para comprovar justamente essa perfeição. Então, o voto auditável por amostragem certamente vai servir cada vez mais para corroborar com a lisura do processo. O PDT tem essa postura de muito tempo, Brizola ainda era vivo”, explica o presidente estadual do partido, se referindo ao ex-governador do Rio de Janeiro que virou referência para as bandeiras do partido.

Hoje, essa defesa aproxima Ciro e Jair Bolsonaro (sem partido), que alega, sem provas, existência de fraudes na modalidade 100% eletrônica, e insiste que a mudança seja implementada até as eleições do ano que vem. Ciro, no entanto, tem uma postura crítica em relação a esse tipo de comparação e afirma que o presidente não é dono da ideia. “É este tipo de pensamento derrotista que está fazendo Bolsonaro, entre outras coisas, se apropriar de símbolos pátrios - como nossa bandeira, nossas cores nacionais - e muitos aceitarem passivamente este sequestro”, diz o ex-governador.

 

Atualmente, o voto impresso é objeto de uma PEC de autoria da deputada governista Bia Kicis (PSL-DF). A relatoria do projeto está a cargo do deputado Filipe Barros (PSL-PR), também aliado de Bolsonaro. O texto é analisado por uma comissão especial, composta por maioria de partidos alinhados ao presidente. Assim, já há maioria para a aprovação do projeto nesta primeira fase de tramitação. 

 

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