General Mourão sobre paralisação da PM: "se a política entra pela porta da frente de um quartel, disciplina e hierarquia saem pela porta dos fundos"

Mourão demonstra preocupação com o motim da PM cearense, que chega no 13º dia, este domingo, receando movimento similar em outros estados

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, comentou a gravidade da paralisação dos policiais militares no Ceará. Demonstrou receio sobre movimentos similares em outros estados e declarou que as polícias estão politizadas e sindicalizadas desde "governos anteriores". A fala aconteceu em evento da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), neste sábado, 29.

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"A partir do momento que uma instituição que se diz militar tem associações de cabos e soldados, de capitães e de oficiais superiores, a coisa fica complicada. Eu fico imaginando isso dentro do Exército. Teríamos a associação dos generais, que seria poderosíssima, né!?", compara o vice-presidente.

Mourão demonstra preocupação com o motim da PM cearense, que chega no 13º dia, este domingo, 1º. "Cada vez que se envereda por esses caminhos em instituição militar é complicado. Uma coisa é muito clara: se a política entra pela porta da frente de um quartel, a disciplina e hierarquia saem pela porta dos fundos", completou.

Tentativas de negociação

A comissão encarregada de discutir saídas para o encerramento da paralisação dos policiais militares se reúne novamente neste domingo, na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE).

Formado por representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário, o grupo se encontrou no fim da noite deste sábado, 29, para debater os termos de um acordo esboçado com mediação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE) e Defensoria Pública.

Participaram da rodada de negociação o procurador-geral do Estado, Juvêncio Vasconcelos; o presidente da OAB-CE, Erinaldo Dantas; a defensora-geral, Elizabeth Chagas; e o deputado estadual Evandro Leitão (PDT), designado como membro do Parlamento para compor o colegiado.

O documento que subsidiou os debates foi redigido no 18º Batalhão da PM durante toda a tarde de ontem. Ficou pronto após horas de debate com os policiais. Dividida em oito cláusulas, a minuta da proposta de acordo entre soldados e Governo do Estado tem o aval do comando da paralisação dos militares, da OAB e da Defensoria.

O POVO apurou que o ponto que se relaciona às punições dos agentes acabou emperrando as conversas, que serão retomadas neste domingo com a presença de interlocutores dos policiais. Entre eles, o vereador Sargento Reginauro (Pros).

Dentro do Palácio da Abolição, a determinação é de vetar qualquer item no texto que possa ser interpretado publicamente como uma anistia. O pedido de um abrandamento de sanções continua entre os principais tópicos da pauta dos PMs.

Nesse sábado, a Assembleia aprovou regime de urgência para tramitação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que barra qualquer possibilidade de conceder anistia aos policiais que tenham aderido a um movimento para suspender os trabalhos.

Hoje, completam-se 13 dias desde que os militares tomaram batalhões na Capital e Interior. É a paralisação mais duradoura de PMs no Ceará. Em 2012, os policiais interromperam as atividades por seis dias.

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