Comissão descarta Sabino e busca novo intermediador para acordo com PMs
Segundo membros da comissão, o ex-parlamentar não possui legitimidade para participar do processo; negociações pararam por falta de representante da categoriaNa manhã desta sexta-feira, 28, a comissão formada por representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Ceará, criada para mediar a paralisação dos policiais militares (PMs) no Estado, comunicou que irá buscar um novo interlocutor para as negociações. Os dirigentes se recusaram dialogar com o ex-deputado federal Cabo Sabino, principal liderança hoje do movimento de PMs em paralisação no Ceará.
Sabino participa de uma ocupação promovida por policiais amotinados no 18º Batalhão de Polícia Militar (BPM), no Antônio Bezerra. Na noite dessa quinta-feira, 27, mesmo possuindo um mandado de prisão aberto contra ele por envolvimento nos motins registrados no Estado, a categoria decidiu enviá-lo como representante dos agentes paralisados na mesa de negociações, no entanto, o governo rejeitou participação.
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Segundo o procurador-geral de Justiça do Estado do Ceará (PGJ), Manuel Pinheiro, embora abertos ao diálogo, os poderes não devem conversar com ex-parlamentar por este responder a processo administrativo e não possuir legitimidade para negociar. “Nós temos impedimento de ordem legal e institucional para que ele sente a mesa com os poderes do estado, Ministério Público e o exército brasileiro” afirmou.
Na noite desta quinta, a categoria voltou a recusar proposta apresentada pelo Executivo. Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Ceará (OAB-CE), Erinaldo Dantas, a falta de interlocutores claros dos policiais tem prejudicado avanço dos acordos.
Ele ressalta que, na semana passada, a escolha do advogado Walmir Medeiros chegou a ser aprovada junto com representantes dos policiais. A decisão, contudo, já teria mudado na manhã desta sexta-feira, 28, após encontro com Walmir e Sargento Reginauro no MP, que pediram a inclusão de Sabino
“O nome do Walmir foi aclamado pela quase totalidade dos policiais, ou seja, ele saiu com legitimidade para conversar com a gente. Hoje, o Reginauro, cabo Monteiro e Walmir informaram que as propostas foram recusadas por eles e que a sequência de negociação só haveria na participação do Sabino” explicou.
A partir de agora, Segundo Erinaldo, a OAB-CE vai auxiliar a presidente da defensora pública geral, Elizabeth Chagas, a procurar novos interlocutores no movimento. “ É um momento para que a gente possa sensibilizá-los que agora não é da gente se estressar ainda mais, de fazer disputa ou demonstração de força, mas encontrar uma saída consensual para essa crise que a gente vive” declarou.
O procurador-geral do Estado do Ceará, Juvêncio Vasconcelos, afirmou que “a população está refém” e que as infrações durante as mobilizações precisam de uma “apuração justa”. “Dentro de um campo da legalidade, me parece prudente no momento a apuração justa, com transparência. No momento o estado democrático que direito e a sociedade não admite isso” completou.