Médicos suspendem cirurgias cardíacas pelo SUS em três hospitais particulares de Fortaleza
A Coopcardio aponta dívida acumulada de R$ 1 milhão por serviços prestados desde novembro. Em reposta, a Sesa esclareceu que as despesas estão em processo de avaliação. Há indicativo de paralisação dos médicos cooperados no Hospital de Messejana, caso não haja negociaçãoAtualizada às 22h33min
Por falta de pagamento e condições de trabalho, a Cooperativa dos Médicos Cirurgiões Cardiovasculares e Torácicos do Ceará (Coopcardio) suspendeu as cirurgias cardíacas realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos hospitais Prontocárdio, Batista Memorial e Antônio Prudente. O contrato da com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) estabelece a disponibilização de médicos ainda para o Hospital de Messejana, onde os cirurgiões cooperados podem paralisar as atividades a partir do dia 1º de março.
A dívida acumulada é de R$ 1 milhão, de acordo com a médica Bianca Pinho Sequier, presidente da Coopcardio. "Passou janeiro, fevereiro está terminando e ainda não recebemos nada. Fica difícil obrigar as pessoas a trabalharem, não tenho como colocar o cooperado em uma plantão sem saber quando a secretaria vai nos pagar", diz.
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AssineAlém do atraso dos meses de novembro, dezembro e janeiro, Bianca cita o não pagamento complementar de 45 cirurgias realizadas nos três hospitais da Capital, entre os dias 20 de novembro e 20 de dezembro passado. "Não é só pela falta de pagamento, é também pelas condições de trabalho. O profissional, que acompanha os pacientes até o pós-operatório, se sente completamente desrespeitado", explica a presidente da Coopcardio.
Ao todo, cerca de 500 cirurgias cardíacas são realizadas por ano pelo SUS nos três hospitais citados, conforme a cooperativa. Para eles, são disponibilizados 14 cirurgiões, enquanto no HM atuam cerca de 40 médicos por meio da Coopcardio.
"O Estado deveria fazer concurso público para suprir a carência dos profissionais, mas o que acontece é que as cooperativas são a base do funcionamento desses hospitais. Não é bom pro profissionais porque ele não recebe garantias trabalhistas. Falta material, o ambiente é superlotado, e o profissional sobrecarregado", narra a médica e presidente da Coopcardio.
O Sindicato dos Médicos do Ceará, após denúncia da cooperativa, enviou ofício à Sesa e à direção do Hospital de Messejana solicitando uma reunião.
O POVO Online procurou a direção do HM, mas a assessoria de imprensa informou apenas que não havia indicativo de paralisação de cirurgiões cardiovasculares e torácicos.
A Secretaria da Saúde do Estado informou, em nota, que as despesas referentes aos serviços prestados pela cooperativa nos meses de janeiro e fevereiro estão em processo de avaliação. Os valores dos meses anteriores, também de acordo com a secretária, estão sendo avaliados pela Controladoria Geral. Quanto às 45 cirurgias nos hospitais conveniados, a Sesa esclareceu que não reconhece a dívida.
Cirurgias
A denúncia sobre a falta de pagamento complementar para as 45 cirurgias realizadas nos três hospitais motivou audiência no Ministério Público, na última quarta-feira, 22. Segundo a titular da 2ª Promotoria de Justiça e Defesa da Saéde Pública , Lucy Antoneli Domingo, a Sesa afirmou que as cirurgias foram pagas pelo Município, mas as complementações aos médicos não teriam sido pagas por causa de supostas irregularidades.
"Demos o prazo de para a secretaria apresentar essa justificativa com a previsão de pagamento, e uma nova audiência foi marcada. Há alegação de que o fluxo para a realização dessas cirurgias não foi respeitado", explicou a promotora.
A nova audiência, com representantes dos cirurgiões e da Sesa, está marcada para o próximo dia 13 de maio. O MP informou que o valor a ser pago dessas 45 cirurgias é de R$ 121.720,72.
Redação O POVO Online
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